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Vôlei

Estrelas reivindicam melhorias da CBV e estudam "Bom Senso" no vôlei

Grupo de atletas de destaque do vôlei nacional já se organiza em grupo para exigir melhorias na Superliga. Um dos mais críticos, Gustavo Endres planeja criar comissão de jogadores; veja demandas

25 fev 2014 - 08h18
(atualizado às 13h07)
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<p>Gustavo é um dos mais exigentes por melhorias no vôlei</p>
Gustavo é um dos mais exigentes por melhorias no vôlei
Foto: Bruno Santos / Terra

Nem só de títulos das Seleções vive o vôlei brasileiro. Um dos esportes mais populares do País com as conquistas recentes das equipes nacionais, a modalidade encara problemas em suas ligas nacionais, evidenciados com a "falência" do atual campeão da Superliga masculina e fotos de um cocô de cachorro em um vestiário do ginásio de Volta Redonda. Preocupados com os rumos que o esporte tem tomado, um grupo de jogadores renomado do País já começa a se movimentar para buscar melhorias para o vôlei, em atitude semelhante à do Bom Senso FC no futebol.

O mais engajado na ação é o meio de rede Gustavo Endres, que atualmente joga pelo Móveis Kappesberg/Canoas. Um dos grandes nomes do vôlei no Brasil, o central de 38 anos tem como principal ideia criar uma comissão de sete jogadores de destaque no País para ir de clube em clube analisar as deficiências e necessidades de cada time em busca de recursos financeiros – mesmo que os atletas joguem por equipes adversárias.

"Tenho pensado há algum tempo em fazer uma comissão dos atletas mais representativos, como o Murilo, Lucão, William, Bruninho, Vissotto. Queria que essa comissão pudesse entrar em todos os clubes, não só onde eles jogam. Que participassem de negociações, captassem recursos. Não para as grandes equipes, mas todas as outras. Seria legal se isso acontecesse e os clubes aceitassem como uma forma de fazer o voleibol melhor, que a CBV participasse disso e levasse um representante dela também", apontou Gustavo.

O “Bom Senso do vôlei”, na prática, já começou na última temporada – Gustavo, Bruninho e Thiago Sens são alguns dos atletas do grupo ouvidos pelo Terra. Antes da atual Superliga, jogadores se reuniram com dirigentes e fizeram algumas demandas para a melhoria da modalidade, mas nem todas foram atendidas – a mais representativa adotada pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) foi um ligeiro aumento do calendário dos clubes com a criação da Copa do Brasil, considerada um sucesso tanto pelos jogadores como pela federação.

Redes sociais são armas de jogadores
Getty Images
Um dos principais meios que os atletas usam para reclamar dos problemas que observam no vôlei é a internet, mais especificamente as redes sociais. Através do Twitter, Facebook e Instagram, jogadores ganham autonomia para falar o que quiserem. 

Foi assim, por exemplo, com as atletas da Seleção feminima ao reclamaram de viagens de avião na classe econômica (foto) e também com comentários de jogadores contra a atitude da Rede Globo de não passar a final da Copa do Brasil para São Paulo.

Gustavo Endres, em sua página no Facebook, exibe como foto de capa a mensagem "Unidos pelo Voleibol - Por uma Superliga melhor" e frequentemente atualiza seus fãs com comentários pertinentes sobre o panorama do esporte. 

Apesar de observar jogadores se mobilizando em funções que competem à organização do campeonato, a CBV alega ver com bons olhos a união dos jogadores por mudanças. A ideia de Gustavo, que quando revelada ao Terra ainda não havia sido compartilhada nem a dirigentes nem a jogadores, foi aprovado por Renan Dal Zotto, ex-jogador e ex-treinador, que recentemente assumiu como gestor de marketing da CBV e do comitê organizador da Superliga.

"Toda ajuda é bem vinda. É uma preocupação agora, minha - entrei no marketing da CBV há um mês -, de ter essa aproximação com os clubes para ver a necessidade de cada um. A CBV foi a maior incentivadora para que se criasse essa associação de jogadores. É importante que a CBV conheça a realidade dos públicos, patrocinadores, jogadores, e os atletas nunca tiveram uma unidade", comentou Dal Zotto ao Terra.

As reclamações dos atletas têm como principal foco a melhoria na Superliga – os jogadores ouvidos pela reportagem na última semana analisam a situação atual do esporte como "preocupante" e com possibilidade de afetar a Seleção Brasileira, principal produto da CBV, a médio e longo prazo. O ponto primordial que os jogadores defendem é uma mudança drástica na relação com patrocinadores – atualmente, a maior parte das propriedades que envolvem uma partida pertence aos organizadores e não aos clubes. Os atletas querem o contrário.

Confira abaixo os pontos mais críticos citados pelos jogadores:

Patrocínio

A reclamação mais urgente dos atletas é por uma mudança na relação dos patrocinadores com a competição. Os jogadores alegam que propriedades como adesivos nas quadras, redes, postes, uniforme de árbitros e gandulas, entre outras, pertencem à CBV, enquanto aos clubes restam apenas o nome do patrocinador e o logo na camisa. A CBV diz que já há negociações com a Globo, dona do "Pacote Superliga", para que isso mude. Os jogadores também gostariam de novas alternativas para que as equipes não ficassem dependentes de patrocinadores.  

Incentivo do Governo

Alguns atletas defendem que, para tirar peso dos patrocinadores, a CBV busque mais apoio para clubes junto aos Governos. Atualmente, a entidade recebe verbas milionárias de patrocínios às Seleções e de leis de incentivo ao esporte, mas quase nada é repassado diretamente aos clubes.

Relação com a Rede Globo

Detentora dos direitos de transmissão dos principais campeonatos organizados pela CBV, a Rede Globo é corriqueiramente criticada por não falar o nome dos patrocinadores das equipes em partidas e reportagens. Os jogadores são unânimes ao dizer que isso ajudaria, mas a entidade reguladora do vôlei nacional continua a fazer vista grossa.

Calendário

Ao contrário do Bom Senso FC, os atletas do vôlei querem um calendário maior e com mais jogos para todas as equipes. A mudança neste sentido já começou a ser realizada na atual temporada, com a implantação da Copa do Brasil.

Ginásios

Escancarada com a foto de Lucão, que colocou em uma rede social a imagem de um cocô de cachorro no vestiário do time visitante em Volta Redonda, a situação dos vestiários brasileiros é criticada por todos os atletas.

Fonte: Terra
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