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Seleções de base sofrem com constantes mudanças na CBF

16 fev 2017 - 11h16
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No segundo semestre de 2014, Gilmar Rinaldi chegou à CBF como a grande referência da Seleção Brasileira principal e anunciou com pompa que Alexandre Gallo era o comandante das equipes de base da CBF. Elogios rasgados ao então coordenador das seleções Sub-20, Sub-17 e Sub-15 pareciam sugerir que a liderança técnica do futebol brasileiro estava nas mãos de um triunvirato – Dunga seria apresentado dias depois para dirigir o time pentacampeão mundial.

“O Gallo faz uma trabalho muito importante que vai desenvolver jogadores que estarão em campo amanhã”, disse Rinaldi, ao lado do então presidente da CBF, José Maria Marin (hoje preso nos EUA). O coordenador da base já estava escolhido para ser o técnico da equipe na Olimpíada de 2016.

A Seleção Brasileira Sub-20 fez uma fraca campanha no Sul-americano e acabou fora dos classificados para o Mundial da categoria
A Seleção Brasileira Sub-20 fez uma fraca campanha no Sul-americano e acabou fora dos classificados para o Mundial da categoria
Foto: Lucas Figueiredo/CBF

No mesmo dia, Gallo afirmou que o trabalho de reestruturação da base era prioridade na CBF. Ele destacou que fez várias viagens pelo Brasil para apresentar seminários em que ressaltava a importância de treinamentos específicos e da ação em conjunto entre CBF e clubes para a capacitação dos atletas

Alexandre Gallo, por sinal, assumiu a seleção Sub-20 em janeiro de 2013, após a demissão de Emerson Ávila, que era o responsável naquele período pela ‘reestruturação’ do futebol de base do Brasil.

O discurso na CBF foi mudando aos poucos e se adaptando aos interesses de alguns dirigentes e de Rinaldi e Dunga. Em maio de 2015, Gallo acabou demitido e o motivo jamais foi revelado publicamente. Especulava-se na confederação que a decisão teria sido tomada em razão de algumas convocações ‘sem critério’ para as seleções de base.

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Gilmar Rinaldi teve papel fundamental no afastamento de Gallo e passou a ser o coordenador geral de seleções da CBF. Além disso, ficou claro que o técnico da equipe na Olimpíada seria Dunga, embora ninguém na entidade revelasse isso. A nova mudança foi tratada pela CBF apenas como um novo processo amplo de ‘reformulação’ em suas categorias de base.

Na mesma semana, o técnico da Seleção Sub-17, Caio Zanardi, que acabara de conquistar o título do Sul-Americano, também foi demitido em nome da ‘reformulação’.

Rinaldi e Dunga passaram a contar com Rogério Micale, que ocupou o espaço de Gallo na Sub-20 e também começou a dirigir a Sub-23. Vice-campeão mundial com a Sub-20, em 2015, Micale crescia como uma sombra para Dunga.

Com os resultados ruins da equipe principal nas Eliminatórias para o Mundial de 2018 e em duas edições seguidas da Copa América, a pressão sobre Dunga aumentou bastante e ele não resistiu. Caiu em junho de 2016 e levou com ele Gilmar Rinaldi.

A base agora era um atributo de Micale, definido como técnico da Olimpíada, e a coordenação caberia a Erasmo Damiani, convicto de que permaneceria na função até o fim do mandato do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, em 2018.

“Com equilíbrio, voltaremos a ser imbatíveis em breve”, disse Damiani, ainda na fase de comemoração pela conquista do ouro olímpico inédito.

A partir do pódio nos Jogos, ele e Micale traçaram o planejamento para a nova reestruturação do futebol de base do Brasil. Algumas das metas – promover a integração com a Seleção de cima (com o técnico Tite e o coordenador Edu Gaspar) e manter uma seleção Sub-23 em atividade, seguindo modelo vigente na Alemanha, Itália e Portugal.

Na terça (14), Damiani foi demitido da CBF. Pesou o quinto lugar da equipe Sub-20 no Sul-Americano, o que deixou a seleção fora do Mundial da categoria.

Resta saber quem será o indicado para o novo processo de reformulação na base do futebol brasileiro, cuja expectativa de vida (no cargo) gira em torno de um ano – pelo menos tem sido assim desde 2013.

Fonte: Especial para Terra
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