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'Enchi o tanque do carro e penso em uma saída da Ucrânia via Polônia', diz Bill, jogador do Dnipro

Jogador brasileiro está sozinho na cidade ucraniana, com o passaporte em mãos, e pronto para uma fuga pelas fronteiras do país: Dnipro não foi atacada, mas a população, segundo ele, está assustada

24 fev 2022 - 16h37
(atualizado às 16h40)
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A invasão dos russos à Ucrânia levou pânico ao povo local e aos jogadores brasileiros que atuam no país. O programa Estadão Esporte Clube (EEC) entrevistou nesta quinta-feira o jogador Fabricio Rodrigues da Silva Ferreira, o Bill, que trocou o Flamengo pelo Dnipro, clube da primeira divisão do Campeonato Ucraniano, direto da Ucrânia. O Brasil tem 30 jogadores no país. Bill não está neste momento na capital Kiev, onde tem amigos brasileiros de outras equipes, com quem tem conversado com frequência. Carioca, ele planeja uma fuga pela Polônia, por terra, lugar mais próximo para cruzar a fronteira. Na manhã desta quinta, ele abasteceu seu carro depois de enfrentar filas e desespero nos postos de gasolina.

O Dnipro reuniu todos os seus jogadores num hotel da cidade, onde pode ter maior controle de todos eles. O chamado foi de madrugada, com o cair das primeiras bombas. Bill está bem, mas assustado como todos os ucranianos. "Aqui não tivemos bombardeios, mas deu para ver clarões em cidades próximas, de 150 quilômetros de distância. Sou do Rio, eu sei onde está a guerra no Rio, onde posso ir e onde não posso. Aqui, não sei nada. Uma bomba pode cair na sua cabeça", disse Bill, ao lamentar para o Estadão o fato de um dia antes da invasão ele ter voltado para o país com o restante da equipe.

'Penso em uma saída da Ucrânia via Polônia', disse Bill, jogador brasileiro do Dnipro.
'Penso em uma saída da Ucrânia via Polônia', disse Bill, jogador brasileiro do Dnipro.
Foto: Reprodução/Instagram / Estadão

"Estávamos até terça-feira na Turquia. Passamos um mês trabalhando lá em função da guerra e da parada do Campeonato Ucraniano. Fizemos uma inter-temporada. Voltamos nesta semana porque a federação disse que o torneio recomeçaria dia 27. Então, todos nós voltamos", disse ao EEC.

Se o seu time não tivesse ido para o país vizinho, Bill estaria com sua mãe e namorada em Dnipro. Como ele deixou a Ucrânia para treinar, mandou os familiares de volta ao Brasil. Seu irmão chegaria em Kiev nesta quarta-feira. "Mas todos os voos foram cancelados", disse. O espaço aéreo da Ucrânia foi fechado. Só se sai do país de carro ou trem.

Bill tem um aplicativo (APP) direto com a embaixada do Brasil em Kiev. Ele busca informações o tempo todo sobre a situação da guerra e o que fazer. Não tinha recebido ajuda até a entrevista com o Estadão Esporte Clube. Disse que recebeu informações de amigos que o melhor caminho é fugir via Polônia. "Aqui tem jogadores de muitas nacionalidades, tem argentinos, croatas, espanhóis... Cada um traça uma rota de fuga diferente. O clube nos deixou aqui. Não sei se temos de esperar para ver o que vai acontecer ou se devemos tentar deixar a Ucrânia. Me falaram que dá para ir pela Polônia, que é mais seguro", disse.

O jogador brasileiro estava emprestado pelo Flamengo ao Dnipro. Permaneceu nessa condição durante o último ano. Recentemente, assinou contrato em definitivo com o Dnipro por cinco temporadas, numa condição boa financeiramente para ele e sua família. "Pelo respeito a mim e ao que combinamos, tenho de continuar. Mas não sei o que fazer. Não sabemos o que vai acontecer", disse.

Como o Campeonato Ucraniano foi novamente cancelado, os jogadores podem deixar o país. Bill está com o seu passaporte em mãos. Ele diz que a cidade onde mora é pequena e tranquila, mas que não tem onde se esconder caso a guerra chegue por lá. Não há locais de proteção para ninguém. No fim de sua entrevista ao EEC, ele fez um apelo. Pede para que o Estadão repasse suas palavras para quem puder. "Para que o governo do Brasil possa nos ajudar e nos tirar daqui". Sua mãe liga para ele de hora em hora para saber como está. Ele passou as últimas 24 horas no quarto ou no saguão do hotel. À espera.

Estadão
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