Abel fica no Palmeiras? Técnico dá sinais de desgaste a 4 meses de fim de contrato
Leila Pereira se apressa em renovar com o treinador em meio a cobranças e xingamentos de parte da torcida
Nunca foram tão intensas como agora as cobranças sobre o trabalho de Abel Ferreira, cujo contrato com o Palmeiras termina no último dia deste ano. Leila Pereira venera o treinador e reforça, a cada oportunidade que tem, o desejo de estender o vínculo do português com o clube, como repetiu nesta sexta-feira, 8.
"Já conversei com o Abel, o quanto antes iremos assinar esse contrato", apressou-se em dizer a presidente antes de apresentar o lateral-direito Khellven. "Para deixar muito claro para todos, esse é o desejo da presidente do Palmeiras. Continuo acreditando no trabalho do treinador e do diretor de futebol. O comentário é livre, mas aqui dentro quem determina as diretrizes se chama Leila Pereira".
O desgaste, as críticas e a necessidade de ter de reerguer o time com a reformulação em curso no meio da temporada e dar uma resposta rápida à torcida podem fazê-lo desistir de querer ficar.
Outra questão é familiar. Maria Inês, a filha mais velha, foi aprovada em universidades na Inglaterra e em Portugal. Ela não decidiu ainda em qual vai se matricular, mas já está definido que se mudará do Brasil, como indicou o pai, quando contou, durante o Mundial de Clubes que, como Estêvão, sua filha iria "sair de casa".
Pessoas próximas ao treinador dizem que ele está tranquilo e não mostrou chateação com os protestos dentro e fora do Allianz Parque após a queda na Copa do Brasil, com duas derrotas para o Corinthians.
Nos minutos finais do dérbi, a torcida organizada xingou o técnico e, depois da partida, estendeu faixas em frente ao estádio o chamando de "lixo" e exigindo sua saída, algo que Abel nunca havia experimentado. Havia apenas sido chamado de "burro" no ano passado.
Discreto, ele tem falado mais com seus familiares e auxiliares e mostrou-se chateado pela eliminação, não pelas consequências da desclassificação.
Publicamente, tem usado as lesões, o calendário congestionado e outros velhos problemas para justificar as derrotas e o futebol ruim praticado pela sua equipe. O treinador enxerga margem para o time evoluir, embora o desempenho não seja bom há alguns meses e ele não tenha conseguido encontrar uma escalação ideal, tanto que usou 47 escalações diferentes em todos os 47 jogos na temporada.
Mudanças profundas são descartadas no Palmeiras
Uma mudança profunda no elenco e nos processos internos parece ser fundamental para alterar a rota do Palmeiras na temporada e colocá-lo na disputa dos títulos dos dois torneios que restam, o Brasileirão e a Libertadores.
No entanto, a avaliação da diretoria é que não são necessárias modificações expressivas. Leila Pereira, Abel Ferreira e Anderson Barros estão afinados no discurso que exalta os títulos recentes. Esquecem-se, porém, que o Palmeiras não é mais atual campeão de nada e a última taça de grande relevância que ergueu já tem quase dois anos.
Essa postura da diretoria tem irritado conselheiros da situação e da oposição. Alguns membros do conselho se articulam para cobrar de Leila uma profunda significativa, como a saída de Barros.
Na avaliação deles, não mudar nada internamente significa aceitar as derrotas e deixar os atletas acomodados e distantes das conquistas - a última foi o Paulistão de 2024. Eles pensam ser inadmissível contratar jogadores caros e de baixo nível técnico oriundos de liga secundárias, casos do volante Emiliano Martínez, uruguaio que veio do futebol dinamarquês, e Micael, zagueiro que jogava na MLS, a liga de futebol dos Estados Unidos.
A presidente não tem se importado com as críticas públicas e as cobranças internas, reiterando que é ela que toma as decisões. "Algumas pessoas têm o direito de criticar, e eu tenho o direito de decidir. Enquanto eu for presidente, quem decide sou eu".
Seu pensamento é de que Abel é o único capaz de recolocar o clube no caminho de títulos e vitórias. "Não vejo ninguém melhor que o Abel para dar continuidade a esse trabalho".