Quartararo ensaia sanção e lidera MotoGP compacta com mix de fábricas em Silverstone
Mordido com a punição que recebeu do Painel de Comissários da FIM (Federação Internacional de Motociclismo) pelo incidente com Aleix Espargaró na Holanda, o francês tratou de fazer o que lhe cabia: treinar para cumprir a pena no menor tempo possível. De quebra, o campeão vigente comandou os trabalhos em um dia que a classe rainha viu cinco das seis fábricas no top-6
MOTOGP VOLTA DAS FÉRIAS COM DISPUTA ABERTA ENTRE QUARTARARO E ALEIX ESPARGARÓ
Fabio Quartararo pode não ter engolido a punição que recebeu pelo incidente com Aleix Espargaró no GP da Holanda, mas nem por isso deixou de ensaiar para a ocasião em Silverstone. O francês aproveitou os treinos desta sexta-feira (5) para passar inúmeras vezes pelo cantinho do castigo, instalado na 'The Loop', a curva 14, e, de quebra, ainda assegurou o melhor tempo em um dia em que as fábricas se misturaram e ficaram juntinhas no topo da folha de tempos.
Na sessão da tarde, Fabio percorreu os 5.9 km da pista inglesa em 1min58s946 e ficou com o melhor tempo no combinado das duas atividades, 0s154 melhor do que Joan Mir, que colocou a Suzuki na segunda colocação. O terceiro posto ficou com Maverick Viñales, que voltou de férias de onde parou e foi competitivo com a RS-GP da Aprilia. Tal qual na classificação do Mundial de Pilotos, Johann Zarco foi a melhor Ducati e assegurou o quarto tempo, diante de Aleix Espargaró. Miguel Oliveira apareceu para fechar o top-6, só 0s217 atrás do ponteiro.
Conta-giro
Fabio Quartararo foi o mais rápido do dia em Silverstone (Foto: Divulgação/MotoG)
Única entre as construtoras fora da lista das seis melhores, a Honda ficou só na 14ª colocação, com o tempo de 1min59s789 registrado por Álex Márquez. Stefan Bradl e Pol Espargaró aparecem logo em seguida, com Takaaki Nakagami em 18º.
Após os treinos, Quartararo considerou que o trecho da volta longa não está ruim, embora considere que o retorno à pista é perigoso, já que os demais não têm visão. Pelo regulamento, Fabio terá de cumprir a sanção nas três primeiras voltas, quando o pelotão ainda estiver bastante agrupado.
"A volta longa não está tão mal. Não acho que fazer a volta antes ou depois mude muito. Ter a chance de provar foi importante", avaliou Fabio. "O ponto perigoso é a maneira como você se reincorpora a pista, porque os tempos, pois quem está vindo não te vê tão bem, mas você sai e fica ali no meio", ponderou.
Quem não gostou muito da volta longa de Silverstone foi Aleix Espargaró. O catalão considerou que não é aceitável que um piloto punido perca apenas 0s8 com a punição. O titular da Aprilia, que já disse ser contrário à sanção a Fabio, avaliou que é ainda pior o desequilíbrio entre o tempo perdido de um circuito para outro.
"É uma piada. Não quero reclamar da volta longa, pois parece que estou falando isso, pois é o meu rival que tem de cumprir a punição da volta longa, mas é uma piada. Você perde 0s8. Ele estava testando hoje e estava perdendo só 0s8", apontou. "Temos de ser mais profissionais nisso. A volta longa é uma punição leve, gosto dessa punição. É um show, é legal. Mas se dizem que é 3s, tem de ser 3s em todos os lugares. Se em um lugar é 2s5, é ok. Mas 0s8 é ridículo", disparou.
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Joan Mir colocou a Suzuki na segunda colocação (Foto: Divulgação/MotoG)
"Mas não importa. Mesmo que fosse 2s, Jack [Miller] já provou neste ano [em Assen] que dá para fazer uma volta longa e lutar pelo pódio, então imagino que Fabio [possa fazer o mesmo]", opinou.
O irmão de Pol, porém, reforçou que é um defensor da volta longa, já que é uma punição criada para punir infrações menores, sem causar um impacto severo ao espetáculo.
"Precisamos nos lembrar que isso é um show e é bom ter a punição da volta longa. Fazemos muito barulho sobre a volta longa. No fim, não é nada. Acho que é uma boa punição", avaliou. "No passado, se queimasse a largada, tinha de fazer um ride-through e a corrida era um desastre. Agora, você faz a volta longa, faz um show melhor. É bom, acho uma boa invenção. Mas temos de ser sérios com a volta longa. Não acho que seja assim tão difícil. Alguém vem com uma Superbike e testa. Se for rápido, deixa mais lento. Dá para ter 0s5 de diferença, mas não 3s2 em Barcelona e 0s8 aqui", insistiu.
O cantinho do castigo, porém, não foi o único ponto criticado da pista. Jack Miller se queixou da segurança na Stowe, a curva 3, já que considera que o muro está próximo demais da pista.
"Está perto. Eu vou reclamar ou, pelo menos, levar isso para a Comissão de Segurança", avisou o australiano. "Vi isso pessoalmente, pois atravessei a brita de costas, escorregando de costas. Perdi todo o senso de direção de onde estava, pois comecei a dar cambalhotas e não tinha referência alguma, então não podia dizer se estava no ar ou no chão, aí fui de cabeça no chão, dobrei os punhos e, quando virei, bati na parede e quiquei de volta", detalhou.
"Então cheguei na parede e a moto estava logo atrás de mim", frisou. "Eu caí cedo na freada, vi, por exemplo, a queda de Binder e ele não chegou ao muro, mas Zarco chegou. Alguns outros caras chegaram. É um daqueles lugares e, especialmente, se tem contato ou algo assim, é algo que precisa ser olhado para o futuro, pois é bem assustador. Tive um momento ali esta manhã e mesmo tentando parar a moto indo para a brita, mesmo com a área de escape depois, é bem apertado", sublinhou.
Aleix Espargaró criticou a volta longa em Silverstone (Foto: Aprilia)
O piloto da Ducati recordou, ainda, uma queda de Jonas Folger na mesma curva em 2017, um incidente que considerou "perto demais".
"É só quando você tem um momento ou cai, como eu disse, fiquei sem referência alguma, um minuto eu estava na pista e no outro atingindo o muro. Dei sorte, pois, como falei, a moto estava lá, eu estava lá, mas se a moto tivesse me acompanhado, teria sido uma história diferente", comentou. "Não tinha airbag onde eu bati, então se é preciso ou não colocar airbag, vamos discutir nessa tarde para tentar encontrar uma solução", garantiu.
"É uma daquelas coisas, a questão é que o esporte está ficando mais e mais rápido e nós estamos ficando mais e mais rápidos e é assim que é", falou.
Depois de cinco semanas de férias, Quartararo assumiu que voltou à ativa um pouco enferrujado, mas logo pegou a mão e logo voltou a se sentir confortável em cima da YZR-M1.
"Foi bom. Esta manhã, eu estava com muita dificuldade com os freios. Não me lembrava de quanto essas motos freiam forte", contou Fabio. "Foi difícil nas primeiras cinco voltas, mas aí comecei a curtir bastante. Foi ótimo ter essa sensação na moto. Me sinto bem nessa pista, então estou confiante", seguiu.
O campeão vigente colocou o top-3 do grid como meta principal e reconheceu que a punição vai dificultar a vida em Silverstone, mas garantiu que está na briga pela vitória no GP da Grã-Bretanha.
"A minha meta é estar na primeira fila, mas vimos o quão apertado foi o top-10 hoje. A primeira fila é a minha principal meta para hoje, mas, se não for possível, vamos para a segunda", falou. "Vou lutar pela vitória. Olhando para o ritmo, a punição da volta longa vai tornar nossa vida um pouco mais difícil, mas estou confiante", comentou.
"Temos de lutar por um grande resultado na corrida aqui", observou.
Só 0s154 mais lento que o líder, Mir celebrou o bom início de fim de semana da Suzuki, mas ainda quer ver como a GSX-RR se sai em termos de ritmo em Silverstone.
"Foi um bom início de fim de semana e eu curti bastante hoje", comentou Joan. "Estamos trabalhando bem, e embora não estivéssemos nas posições que esperávamos no início da temporada, continuamos nos esforçando bastante e isso está compensando", avaliou.
Enea Bastianini estreou a carenagem jurássica da Ducati (Foto: Divulgação/MotoGP)
"Quero continuar melhorando, e sinto que podemos fazer isso. Não estou muito familiarizado com Silverstone, mas é uma pista muito fluida, o que realmente se ajusta à nossa moto", considerou. "Quero estar nas posições da ponta em todas as sessões, mas vamos ver o que acontece quando trabalharmos no ritmo", completou.
Vindo do primeiro pódio com a Aprilia na MotoGP, Maverick Viñales manteve a mesma boa forma exibida na Holanda. Animado com o terceiro tempo em território britânico, o 'Top Gun' falou em manter a mesma linha de trabalho no restante do fim de semana.
"Cheguei confiante aqui em Silverstone, uma pista de que sempre gostei e, de fato, o fim de semana começou extremamente bem!", declarou Maverick. "Trabalhamos duro durante a primeira parte da temporada e estamos colhendo os frutos desse trabalho agora", considerou.
"Estou feliz por ter me sentido confortável na moto logo de cara. Desde as primeiras voltas, as sensações foram muito boas e conseguimos fazer um bom trabalho, tanto em termos de ritmo de corrida quanto no tempo de ataque no final do TL2", apontou. "Agora só precisamos seguir assim. Estamos cientes do quão importante é a classificação antes da corrida e a meta para amanhã é conseguir um lugar nas duas primeiras filas", resumiu.
Vice-líder do Mundial, Aleix Espargaró também festejou o início com o pé direito, inclusive pelo bom trabalho feito em parceria com Viñales. Assim como os colegas, o catalão vai para o sábado de olho na primeira fila, mas ciente das dificuldades, já que sabe que tem muita gente forte em Silverstone.
"Começamos com o pé direito. Estava me faltando um pouco com o pneu macio, mas se considerarmos os intervalos, estamos falando de milésimos de segundo, então não estou preocupado. A Aprilia está funcionando bem, como esperávamos, e, junto com Maverick, fizemos um bom trabalho, o que ajudou a nós dois. Tudo que resta agora é seguir melhorando nesta direção. A meta para a classificação é a primeira fila, mas não será fácil. Têm muitos pilotos extremamente rápidos nesta pista", encerrou.
A MotoGP define o grid de largada do GP da Grã-Bretanha neste sábado, às 10h10 (de Brasília, GMT -3). Antes, o terceiro treino livre acontece às 05h55. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do Mundial de Motovelocidade 2022.
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