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Valdivia fala do Verdão: Tirone burro, traído por Nobre e pedido por post

Hoje no Monarcas, do México, meia chileno deu entrevista no Fox Sports relatando que tem usado o YouTube para matar saudades do clube e do antigo Palestra Itália na quarentena

31 mai 2020 - 08h04
(atualizado às 12h46)
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Hoje com 36 anos de idade, no Monarcas, do México, Valdivia lembrou suas passagens pelo Palmeiras, entre 2006 e 2008 e de 2010 a 2015, ao Fox Sports. Sentindo-se mais amado do que odiado pelos torcedores, pede uma lembrança nas redes sociais do clube, chamou de burro Arnaldo Tirone, presidente no rebaixamento no Brasileiro de 2012, e disse que se sentiu traído pelo ex-presidente Paulo Nobre por afastá-lo do elenco no final do contrato, em 2015, quando ele já tinha acertado com o Al-Wahda, dos Emirados Árabes Unidos.

Valdivia falou que gostaria de, ao menos, ser convidado para assistir a um jogo do Palmeiras (Reprodução/Instagram)
Valdivia falou que gostaria de, ao menos, ser convidado para assistir a um jogo do Palmeiras (Reprodução/Instagram)
Foto: Lance!

- É lógico que quero voltar. Gostaria muito de, um dia, voltar para, pelo menos, assistir a um jogo como convidado. Nunca sou lembrado em nada, nunca sou citado. Se tiverem problema comigo, podem ligar, mandar mensagem. Pelos sete anos que passei lá, gostaria de, um dia, ser lembrado nas redes sociais do clube, com um parabéns, feliz aniversário, um vídeo com jogada minha. Mas, independentemente de qualquer coisa, sou palmeirense. Não esqueçam isso. Sou feliz só em ver o Palmeiras, no fim do ano ou de um campeonato, aparecendo ali "campeão". Sou eternamente agradecido e feliz por fazer parte da história do Palmeiras - comentou Valdivia.

- Sempre serei grato e feliz por esse sentimento de carinho da torcida. Sou um cara apaixonado pelo clube. Conheci dois clubes: um f..., lá no fundo, e um com tudo de ruim saindo do Palmeiras. Passei pelas duas fases, a complicada com a torcida invadindo CT, pegando no pé, quebrando carro de jogador, ameaçando. E tudo que passei no clube me fez amadurecer, crescer, me fez querer ainda mais o Palmeiras. É um clube muito difícil. Em fase boa, é muito lindo. Em fase ruim, e passei por muitas, é complicado, precisa aguentar pancada todo dia.

Confira abaixo um resumo dos principais temas abordados por Valdivia:Jogar no time atual

- Eu seria feliz, né? Ter um time de qualidade, dar o passe e a bola voltar redondinha, com o Vanderlei de treinador, que já conheço (conquistaram o Paulista de 2008), e não seria uma equipe nova, em que não conheço ninguém nem posso me expressar. Esse elenco do Palmeiras é um dos melhores do Brasil e vem sendo um dos melhores de um tempo para cá - elogiou.

Saudades

- Agora pouco, vi a campanha do Campeonato Paulista de 2008 no YouTube. Lógico que é legal rever os jogos, aqueles títulos que a torcida vibrou muito, o antigo Palestra que é, para mim, o melhor de todos, muito legal , pequeno. Você sentia o ambiente. Era complicado quando a torcida vibrava e o time correspondia. Gosto de relembrar os bons momentos que tive no Palmeiras, me deixa feliz ter esse reconhecimento com a torcida - disse, afirmando se emocionar ao ver gol seu na semifinal do Paulista de 2008, sobre o São Paulo.

- Também choro vendo esses vídeos, viu? Olha o campo, o estádio lotado. Era um timaço. Além de te fazer ganhar dinheiro, e não são todos que conseguem, nossa profissão tem isso. Posso relembrar que fui importante em uma equipe de um país que vive futebol. Quando saí do Chile, as pessoas falavam que eu voltaria em três meses. Mas posso olhar para trás e falar que sempre fui importante enquanto joguei pelo Palmeiras, para o bem ou para o mal.

Relação com a torcida

- Somando aqui, tirando dali, no final, eu, pelo menos, sinto que é mais carinho e respeito que a torcida tem do que ódio. Fiquei em um momento difícil do clube, disputando a Série B. Na época, conversei com o Marcos e ele disse que ficar para disputar a Série B me levaria a outra categoria - lembrou o meia, apontando identificação da torcida com seu estilo.

- O torcedor palmeirense sempre me fala dessa questão de eu ser diferente, irreverente, pegar a bola e ir para frente, sem medo. Hoje, é muito toque para o lado, jogos muito táticos. Isso fez a torcida gostar tanto de mim, se identificar com meu estilo de jogo. E nunca fiz por falta de respeito. Mas o futebol está um pouquinho chato. Se você acha que um jogador te menosprezou, pega a bola, vai para cima e ganha o jogo, é simples - disse Valdivia, lembrando ainda mais um motivo para se sentir querido pelos torcedores.

- Outra questão é que a mídia pegava muito no meu pé. Eles gostavam disso e compravam a briga por mim.

Time atual x Palmeiras de Valdivia

- Sofremos muito na Série B, porque o Palmeiras é equipe grande, com história, tradição, campeão da Libertadores, e disputando a Série B. Era tudo novo para mim e alguns jogadores da época. Agora, tem time bom, elenco bom, café da manhã bom, almoço bom, tudo bom. Campo lotado, estádio novo... Assim, eu também queria. O elenco é muito bom, diferenciado do resto - comentou.

- Qualquer jogador queria jogar nessa fase do Palmeiras. Difícil era naquela outra fase, em que tínhamos que ganhar para não cair para a Série B ou para não cair de novo. Em 2014, joguei contra o Athletico-PR com a perna toda estourada. Tomei infiltração e, depois do jogo, tive uma abertura de perna de 20 cm, um exame mostrou que estava rompido do tornozelo até o púbis. Por isso, no fim das contas, sinto que o torcedor tem mais carinho e respeito do que ódio por mim.

Paulo Nobre

- Fiquei muito sentido com o Paulo Nobre porque ele me separou do clube, me deixou treinando afastado do time. Não era um tratamento legal com alguém que passou muitos anos no Palmeiras e disputou a Série B, com ele como presidente. Sofremos juntos. Eu me senti traído por ele - definiu.

- O Paulo Nobre me conhecia e não me escutou. Fiquei muito triste, porque tinha uma relação que não era de amizade, mas boa por nos conhecermos há muito tempo. Eu me senti traído. E isso não tem nada a ver com a condição de presidente, é um dos melhores que o Palmeiras teve, é muito palmeirense. Mas tenho que falar que me senti traído por me afastar do elenco.

Arnaldo Tirone

- Outro que fez muito mal ao Palmeiras foi o "Mentirone". Nunca vou esquecer da foto dele na praia. A gente sofrendo uma pressão danada para não cair e ele na praia. Quando vi, falei: esse cara é pior do que eu, é mais louco. Esse é burro de verdade. Às vezes, falo brincando, mas ele é burro de verdade. A gente na Série B e ele na praia, lendo jornal. Esse era burro de verdade - insistiu Valdivia

Lesões

- Nunca escondi que, algumas vezes, a culpa foi minha, tive muita responsabilidade por ter uma lesão e não ter os cuidados que poderia. Acabei pagando e sofrendo as consequências na mídia, porque o torcedor vai na onda. Mas outras vezes não tive culpa nem responsabilidade. Joguei várias vezes sem condição nenhuma. Por exemplo: se a lesão precisava de quatro semanas, eu, com 20 dias, tinha que estar de volta para treinar e jogar, acelerava os processos, atropelava semanas de recuperação - argumentou.

- Ninguém me defendia. Era melhor a responsabilidade ser 100% do jogador do que alguém do departamento médico ou da fisioterapia dizer 'atropelamos o tratamento, a responsabilidade também é nossa'. Nunca tive essa defesa ou ajuda, sempre davam a entender que era culpa e irresponsabilidade minhas, que eu não me cuidava. Mas cheguei até a pagar do meu próprio bolso um fisioterapeuta para me ajudar a evitar lesões. Fiz muita coisa, mas não davam importância. E hoje não tem ninguém daquela época no departamento médico. Saíram todos. E só eu me machucava? Não teve outros? Tiveram muitos...

Alexandre Mattos

- 90% da culpa por eu não ter ficado é do Alexandre Mattos. Quando meu contrato precisava ser renovado, teve aquele negócio de produtividade. Fui muito claro que não tinha problema com isso, mas vi muita coisa estranha, que eu não aceitava porque não era certo. Se eu fosse para a seleção, não receberia salário. Achei injusto porque, quando se vai para a seleção, é um prêmio, é a melhor coisa para o jogador, mas, para mim, seria um castigo - disse, citando, ainda a contratação de Lucas Barrios, semanas antes de sua saída.

- Tiveram outras coisas estranhas também. O esquema era me mandar embora e trazer um cara conhecido, rodado, para sair na imprensa que ele (Mattos) trouxe o Barrios. Ele me disse que não tinha ligado, conversado nem se reunido com o Barrios. Quando o Barrios chegou, conversamos e ele me disse que o Mattos tinha ido para o Chile na Copa América. O Mattos mentiu sabendo que eu poderia ter falado com o Barrios e ele me contaria a verdade.

O espanhol de Vanderlei Luxemburgo

- Uma vez, ele estava me xingando e não sabia se eu estava entendendo. Ele me perguntou se preferia que ele falasse em espanhol ou português, tentou em espanhol e falei que era melhor ele falar em português. Quando ele falava em espanhol, eu não entendia p... nenhuma. Ele achou que estava falando espanhol, mas não estava - sorriu o meia, elogiando o atual técnico do Verdão.

- O Vanderlei parece ser mais bravo, xingar mais, pegar mais no pé do jogador, mas é um cara muito legal e bacana. Eu o conheci em 2008, ele chegou todo marrento, chegou chegando, mas, em pouco tempo, descobri um cara legal, sincero, que não esconde nada, fala o que precisa falar. É um bom treinador, um dos melhores com quem trabalhei.

Clássicos contra o São Paulo

- Como jogador, pelo fato de ter só uma parede que divide os CTs de São Paulo e Palmeiras, ganhar deles tem um gosto diferente durante a semana, porque eu chegava ao CT e sabia que estavam sofrendo do outro lado. Como acontecia o contrário quando nós perdíamos. Dava prazer saber que, na segunda, do outro lado do mundo, os caras estavam chorando. Quem fala que não dá está mentindo - falou Valdivia, explicando as provocações a Rogério Ceni.

- Tudo faz parte do jogo. Mas é porque é o Rogério Ceni. Se fosse o goleiro do Guaratinguetá, ninguém falaria nada. Mas muitos palmeirenses e corintianos odeiam o Rogério Ceni, como muitos palmeirenses e corintianos podem gostar também. Tinha esse gosto quando eu podia fazer gol no São Paulo, e sempre tinha uma provocação, mas eu não entrava no jogo falando "hoje, vou brincar na cara dele". Era coincidência só - sorriu.

Eliminar o Corinthians da Libertadores em 2018, pelo Colo-Colo

- Quando saiu a chave, muitos da imprensa falaram que as quartas de final seriam Corinthians x Palmeiras. Isso me deu uma motivação extra. Além, é lógico, de a torcida do Palmeiras ter se jogado nas minhas redes sociais, falando para eliminar o Corinthians. Graças a Deus, conseguimos. Tive uma alegria gigante. O estádio estava lotado, todos me xingando. Maravilha. Foi um gosto diferente, muito especial. Nesses jogos, você joga com tudo: raça, coração, qualidade. E fui muito bem nos dois jogos, no Chile e no campo deles.

Frustração por não enfrentar Felipe Melo

- Quando o Felipe Melo deu aquela pancada no jogador do Cerro Porteño (foi expulso e cumpriu suspensão nos dois jogos contra o Colo-Colo), falei que queria ter a chance de enfrentá-lo. É um cara raçudo, que aceita os desafios numa boa. Teria sido um desafio bom para mim. Quando tenho em frente um cara rodado, que jogou na Europa, ganhador, de Seleção Brasileira, a motivação é diferente. Eu teria gostado de jogar contra ele naquela Libertadores, mas não foi possível - falou, rindo ao ser questionado se daria um chute no vácuo.

- Vai que ele me dá uma pancada depois (risos). Não é questão de pipocar, mas, depois, teria outros jogos, e eu queria jogar os outros jogos - gargalhou.

Gratidão ao Palmeiras

- Falar em uma palavra o que significa o Palmeiras para mim é difícil, porque vivi muitas coisas no clube. Quase fui espancado pela torcida na Argentina (em 2013) e, depois, em 2014, joguei com a perna estourada, com o estádio inteiro cantando o meu nome. É isso que o Palmeiras significa na minha vida. Estive aqui embaixo e lá em cima, mas, no final das contas, é mais carinho, respeito, paixão e amor que sinto da torcida do Palmeiras por mim. Os melhores anos da minha vida no futebol eu vivi no Palmeiras. O Palmeiras fez com que eu pudesse ser conhecido internacionalmente, são poucos os jogadores chilenos que são ganhadores fora do próprio país, e sou um deles. Tudo isso o Palmeiras me deu. Vou ser sempre grato.

Troca de agressões com Marcos Assunção, em 2012

- Em uma reunião que fizemos no vestiário, teve confusão, sim. O Assunção explicou muito bem depois, falou coisas positivas de mim, que eu era bom jogador, importante. Ele também jogou em uma época difícil, estava quando caímos para a segunda divisão e, depois, não continuou. Teve, sim, uma confusão, mas, logo em seguida, conversamos. Expressei meu ponto de vista, o que sentia, ele também, e ficamos por isso. Nunca fomos amigos, mas éramos companheiros, cada um defendendo o seu, e não teve mais do que isso.

Dúvida sobre veracidade do sequestro em 2012

- Foi triste, né? Eu não teria por que inventar um sequestro. Imagina: vou sair com a minha mulher para mentir e dizer que fui sequestrado. Se eu quisesse ir embora, bateria na porta do Palmeiras, falaria "chega, não aguento mais" e iria embora. Dizer que tudo era mentira foi sacanagem mesmo, uma trairagem gigante, terrível. E quem chegou a duvidar nunca me pediu desculpa. É fácil colocar em dúvida e, depois, deixar para lá - condenou.

- Foi uma situação perigosa, que acontece no Brasil e em muitos países no mundo. Foram três, quatro horas, se não me engano, com minha mulher e eu com arma na cabeça. Foi duro, difícil. Minha família não queria mais voltar para o Brasil, mas, depois, voltamos, porque gostamos do Brasil. Tenho casa no Brasil e pensamos muito em morar no Brasil.

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