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Fla está brincando com vida de nossos filhos, dizem famílias

Não houve acerto entre o Flamengo e os familiares das vítimas do incêndio na primeira audiência do processo de mediação. Parentes deixaram o Tribunal de Justiça indignados

21 fev 2019 - 18h50
(atualizado às 19h42)
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Comoção: incêndio no Ninho do Urubu vitimou 10 jovens das divisões de base (Foto: Adriano Fontes/ AMPress)
Comoção: incêndio no Ninho do Urubu vitimou 10 jovens das divisões de base (Foto: Adriano Fontes/ AMPress)
Foto: LANCE!

Horas depois do desembargador Cesar Cury, presidente do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos, mostrar confiança em uma resolução rápida do processo de mediação entre as famílias da vítima do incêndio do Ninho do Urubu, os familiares deixaram o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro indignados e com críticas à postura do Flamengo no encontro.

O pai do goleiro Christian Esmério, de 15 anos - uma das vítimas do incêndio que atingiu o alojamento das divisões de base no CT George Helal -, desabafou, disse que não houve adesão das famílias à proposta apresentada pelo clube e fez críticas, afirmando que o Flamengo não "tem respostas para as famílias".

"Eles estão brincando com as vidas dos nossos filhos. Queria saber se eles não foram pais, não são pais para entender o que eles estão fazendo com a gente. Para entender a tortura que eles estão fazendo com nós", disse Cristiano, o pai de Christian Esmério, visivelmente emocionado, antes de completar:

"Não definimos nada. Não teve adesão, viemos aqui como bobos e palhaços. Estamos desamparados por todos, não nos sentimos acolhidos por ninguém, principalmente pelo Flamengo. Eles não têm respostas para nós, familiares. Eles não sabem de nada", finalizou.

A defensora pública Cintia Guedes também atendeu a imprensa na saída do Tribunal de Justiça. Na sua visão, o clube "está mal orientado" e que a oferta não chegou à "metade do que as pessoas esperam". Cintia ainda explicou como foi a condução da negociação, que terminou sendo encerrada pelos familiares.

"As famílias disseram que estavam dispostas a ouvir e participaram da mediação. O Flamengo fez uma proposta que não foi aceita pela família. Todas as famílias não aceitaram e fizeram uma contraproposta. O Flamengo não aceitou e as famílias decidiram encerrar o processo de negociação". afirmou.

Rodrigo Dunshee, vice-presidente geral e jurídico, e o diretor Bernanrdo Accioly representaram o clube da Gávea na audiência do processo de mediação, que foi instaurado a pedido do Flamengo, mas deixaram o local sem atender aos jornalistas. O clube ainda não se manifestou sobre o encontro desta quinta.

Sem um acordo entre Flamengo e familiares, o caminho é´um processo judicial. De acordo com Marília, mãe de Arthur Vinícius, de 15 anos, os familiares irão se reunir para discutir o próximo passo. Ela pediu "pouco de respeito e dignidade", lembrando que o dinheiro não trará os jovens de volta.

"Vamos nos reunir e conversar para vermos o que vamos fazer. Estamos nos fortalecendo a cada dia. O que pensamos, o que queremos... Nenhum dinheiro vai trazer nossos filhos de volta. Mas temos que ter um pouco de respeito, de dignidade. Não foi fácil, não. Lutei com o meu filho ali quase dois anos. Lutaria de novo, com todas dificuldades, e agora? Queríamos ter um pouco de respeito e dignidade".

Uélisson Cândido, pai de Pablo, de 14 anos, também falou na saída do Tribunal de Justiça e também falou que faltou respeito por parte do Flamengo.

"A torcida do Flamengo abraça o time, mas o presidente do Flamengo não teve coragem de abraçar os nossos filhos", disse Uelisson, antes de completar:

"Simplesmente faltaram com o respeito. Dinheiro nenhum paga a vida do meu filho. Não viemos atrás disso aqui. Viemos atrás de respeito, coisa que eles não tiveram".

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