Após prata em Mundial, Kahena Kunze revela desejo de participar da Volta ao Mundo
A parceira de Martine Grael, porém, aproveitará a "folga" para se dedicar à faculdade de engenharia ambiental: 'quero terminar uma coisa de cada vez'
Após uma temporada fantástica, com quatro títulos e um vice-campeonato mundial, Martine Grael e Kahena Kunze investem em seus projetos pessoais. Enquanto a filha de Torben se prepara para disputar a Volta ao Mundo a partir de outubro, Kahena retorna ao Brasil após o Mundial de Portugal para dar continuidade à faculdade de engenharia ambiental.
Vendo a companheira seguir os passos do pai e se aventurar, pela primeira vez, na Volvo Ocean Race, a paulistana de 26 anos admite que também tem vontade de participar da competição. Contudo, para ela, agora é hora focar nos estudos.
- Tenho muita curiosidade. Super faria uma perna, alguma volta. Mas agora eu queria mesmo dar um gás na faculdade, porque eu já tinha começado. Quero me formar, terminar uma coisa de cada vez - comenta Kahena, que completa:
- A gente é muito jovem a vou ter tempo de sobra se, futuramente, eu quiser fazer a Volta ao Mundo. Agora vou focar em estudar e me formar.
Mesmo sem participar da Volta, Kahena revela que a presença feminina nas tripulações será obrigatória. A maior abertura para a participação de velejadoras alegra Kahena.
- Eles abriram uma porta para as mulheres. Em cada barco, é obrigatório ter, pelo menos, duas mulheres a bordo. Isso é fundamental para ajudar na evolução da vela feminina porque, se não tivesse esta norma, seria bem difícil. Ainda é muita diferença entre homens e mulheres competindo. Nós temos bem menos força e menos experiência em regatas offshore.
Sobre a presença da companheira desde 2013 no time holandês AkzoNobe, Kunze afirma que, por ter acompanhado o pais, Martine sempre esteve muito próxima da competição. Além disso, a paulista acredita que esta experiencia será positiva durante o ciclo de Tóquio-2020.
- Ela está super animada, aprendendo muita coisa e acho que está sendo fundamental já para esta campanha para Tóquio. A gente se move por desafio e voltar um pouquinho atrás, com um novo programa, um novo desafio para superar vai fazer bem para a gente - cravou.
Como a Volta ao Mundo termina apenas em junho de 2018, próximo do retorno da dupla às competições, o principal desavio será montar uma rotina de treinamentos. A estratégia, como conta Kahena, é conciliar os treinos com as regatas.
- A gente vai tentar conciliar os treinos nas etapas que ela não estiver velejando, mas vai ser por pouco tempo. Vamos ver
Já em solo brasileiro, a medalhista olímpica na classe 49er FX foi até Recife conversar com os participantes da Copa da Juventude. Vista hoje como um espelho, a jovem relembra o tempo em que era ela que ouvia grandes nomes como Robert Sheidt e Fernanda Oliveira.
- Eu vim direto do Mundial de Portugal e valeu super a pena passar a manhã contando a experiência e compartilhando um pouco do que a gente viveu no Rio para eles. Acho bem interessante esta interação atletas olímpicos com a nova geração. Eu lembro que quando o Robert Scheidt, o Torben Grael e a Fernanda Oliveira vinham dar palestra, para mim era sempre muito importante. Hoje, eu vejo que está sendo importante para eles também. Sempre que eu posso, estarei sempre nestes campeonatos - recordou.
A última competição de Kahena na temporada, em Porto (POR), reservou surpresas. Com o tempo ruim, adiando em dois dias o início do mundial, a atleta revela que sofreu as consequências do vento forte.
- De manhã não ventava tanto, mas, no decorrer, do dia ia aumentando muito. Eu machuquei bastante o meu pé, felizmente não foi nada grave, mas ocorreram algumas regatas com bastante vento.
Com uma pausa nas competições até o meio de 2018, Kunze aproveita para avaliar este ano.
- Acho que a temporada foi muito boa. Nas outras etapas que a gente correu, tivemos resultado 100% em todas elas. Foi muito bom para gente, finalizando com este vice-campeonato mundial, acho que a gente tem que ficar super feliz, porque a gente não teve muito tempo para treinar. Não fizemos nenhum programa pré-campeonato.
BATE BOLA
LANCE!: Como você avalia a participação no Mundial de Portugal, ainda mais com dois dias de paralisação?
Kahena: Tivemos que ter bastante paciência. Foi um pena porque estavam previstas muitas regatas e, no final, a gente não conseguiu realizar todas. Os meninos nem correram a regata da medalha. Porém, foi um campeonato muito bom para gente, acima das nossas expectativas. A gente não estava muito bem preparada para o campeonato, não tivemos muito tempo para treinar. Demos o nosso melhor, tiveram alguns dias que a gente quebrou um pouco o barco, mas soubemos nos posicionar da melhor forma possível.
L!: De onde surgiu o interesse da Martine pela Volta ao Mundo?
K: Acho que é de família. O Torben já participou de algumas edições . Ela sempre teve este contato muito grande com o pai e participou, em terra, das rotas ao mundo. Ela acompanhou o Torben em várias etapas. Então, ela já vivenciou bastante de como é um Volta ao Mundo.
L!: Qual o planejamento até Tóquio-2020?
K: No ano que vem, o nosso próximo campeonato grande vai ser o Europeu, em junho . Logo depois vai ter um campeonato super importante que é o Mundial de Aarhus, na Dinamarca. Temos um ano até lá. Vai ser um campeonato difícil, porque a gente não vai estar treinada, mas depois a gente também tem um plano intenso até Tóquio.
L!: Você foi até Recife para conversar com jovens velejadores que disputam a Copa da Juventude. Havia grande presença de meninas?
K: Podia ter muito mais. Isso me preocupa um pouco. Mas é difícil também, porque tem que ter o biotipo certo. É por isso que eu estou aqui. A gente tem que ajudar a motivar para elas continuarem. Senão acaba a motivação.
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MEMÓRIA
Início promissor
Kahena Kunze e Martine Grael iniciaram a parceira em 2013, com três títulos conquistados: Norte-Americano, etapa de Miamo da Copa do Mundo e Sul-Americano de 49er FX. No mesmo ano, elas foram vice-campeãs mundias.
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Campeãs mundiais
Em 2014, a dupla brasileira conquistou, em Santander (ESP), seu primeiro título mundial. Além disso, foram eleitas melhores atletas do ano pelo COB e melhores velejadoras do ano pela ISAF
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No pódio em Toronto-2015
Já em preparação para os Jogos do Rio, Martine e Kahena foram campeãs do evento-teste da modalidade. As velejadoras também subiram pela primeira vez no Pódio dos Jogos Pan-Americanos ao conquistarem a prata em Toronto-2015.
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Toca o hino brasileiro
Kunze e Grael são campeãs olímpicas da classe 49er FX na Rio-2016. Esta foi a única medalha da vela brasileira em casa.
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Início de ciclo impecável
Já pensando em Tóquio-2020, as brasileiras foram campeãs de três etapas da Copa do Mundo - Santander (ESP), Hyéres (FRA) e Miami (EUA). Elas também subiram no lugar mais alto do pódio no Miami Midwinter e encerraram a temporada com o vice-campeonato mundial.