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Jogos de Paris

As cubanas de hoje são as russas, compara Marcia Fu

Adversário do Brasil pelas quartas de final dos Jogos Olímpicos de Tóquio é o mesmo que venceu em Atlanta-96

3 ago 2021 - 11h25
(atualizado às 14h51)
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A Seleção Brasileira feminina de vôlei entra em quadra nesta quarta-feira, às 9h30 (de Brasília), para enfrentar o Comitê Olímpico Russo, pelas quartas de final dos Jogos Olímpicos de Tóquio, valendo uma vaga para a semifinal. É mata-mata e quem perder volta pra casa.

E Márcia Fu guarda as melhores recordações contra esse mesmo adversário na Olimpíada de Atlanta-96. Com a vitória por 3 sets a 2, com parciais de 13/15, 15/4, 14/16, 15/8 e 13/15, de uma partida épica, no dia 3 de agosto daquele ano, o Brasil conquistou a medalha de bronze. E o técnico era o mesmo de agora: José Roberto Guimarães. "Essa medalha segnifica tudo de melhor em minha vida profissional. É tudo que um atleta profissional almeja: uma medalha olímpica", disse em entrevista ao Terra.

As jogadoras Márcia Fu (e) e Ana Paula, da Seleção Brasileira fazem paredão de bloqueio durante a partida contra a equipe da Rússia
As jogadoras Márcia Fu (e) e Ana Paula, da Seleção Brasileira fazem paredão de bloqueio durante a partida contra a equipe da Rússia
Foto: Mônica Zarattini / Estadão Conteúdo

A ex-atacante confia novamente que as brasileiras vão repetir o feito e ganhar o jogo das rivais europeias. “O Brasil vai se dar bem e tem feito uma excelente campanha. O Zé Roberto é muito competente e as jogadoras estão muito bem também, no mesmo ritmo. E é por isso que estamos tendo esses resultados satisfatórios. Espero que consiga passar, pois torcida não vai faltar”, ressaltou.

José Roberto Guimarães celebra vitória do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio Valentyn Ogirenko Reuters
José Roberto Guimarães celebra vitória do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio Valentyn Ogirenko Reuters
Foto: Valentyn Ogirenko / Reuters

Atualmente morando em Juiz de Fora (MG), Márcia Fu não acredita que o Brasil vai entrar mais pressionado em quadra pelo fato de estar invicto no Japão. “As meninas são bem experientes nesse sentido, o suficiente para saber levar bem qualquer tipo de pressão ou situação. Elas têm responsabilidade e sabem que estão bem”. O Brasil terminou a fase classificatória em primeiro lugar no grupo A, com 14 pontos, com cinco vitórias: Coreia do Sul (3 a 0), República Dominicana (3 a 2), Japão (3 a 0), Sérvia (3 a 1) e Quênia (3 a 0), na última segunda-feira.

Seleção feminina de vôlei ganhou todos os jogos da primeira fase
Seleção feminina de vôlei ganhou todos os jogos da primeira fase
Foto: EPA / BBC News Brasil

A continuar nesse ritmo, a ex-atacante confia que as jogadoras brasileiras voltam de Tóquio com uma medalha na bagagem. “Tenho certeza que a medalha virá. Tomara que seja o ouro, mas a que vier será muito bem-vinda”, destacou.

Vale lembrar que a rivalidade entre Brasil e Rússia no vôlei feminino foi aflorada desde 2004, na semifinal dos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, naquele mesmo ano. O Brasil venceu os dois primeiros sets com parciais de 25/18 e 25/21. Foi derrotado no terceiro por 22/25 e no quarto, chegou a abrir 24 a 19. Teve cinco match points seguidos na mão, mas desperdiçados. Em 25/24, teve mais uma chance de fechar o jogo e, após algumas trocas de pontos, veio a derrota por 28/26. No tie-break, a história se repetiu. O Brasil chegou a abrir 13 a 10, mas cedeu o empate, perdeu outro match-point e o jogo por 16 a 14.

As cubanas de hoje são as russas

Se atualmente, as russas vem sendo as principais rivais das brasileiras, na década de 90, o adversário a ser batido era Cuba. É impossível não lembrar da semifinal histórica de Atlanta-96. Ambos disputaram uma vaga na decisão, no dia 1º de agosto daquele ano. A partida memorável terminou em vitória cubana no tie-break, por 3 sets a 2, de virada, com parciais de (5/15, 15/8, 10/15, 15/13 e 15/12).

Com Marcia Fu, Ana Moser, Fernanda Venturini, Ana Paula & companhia, o Brasil abriu o primeiro set por 15 a 5. Em um jogo quente, as cubanas xingaram as brasileiras, que caíram na provocaçãoe perderam o jogo e a cabeça. Após o último ponto, feito por Mireya Ruiz em cima de Marcia Fu, começou a confusão na rede. Ana Moser pediu respeito encarando as cubanas de frente. A briga foi parar no vestiário e até a polícia foi acionada.

Passados todos esses anos, Márcia Fu acredita que as cubanas, da época, são representadas atualmente pelas russas. “Antigamente com as cubanas todo jogo era como se fosse uma final. A gente encarava assim. A situação era exatamente o que é hoje contra a Rússia. Certeza que elas vão entrar em quadra como se fosse a gente naquela época. Sabe que é um jogo de tudo ou nada. A Rússia é uma equipe que dá trabalho. Que entrem pra arrebentar”.

Sem jogo político

A Seleção Brasileira feminina de vôlei, não conquistou a medalha de bronze em Atlanta-96, por acaso. “A gente era muito unida dentro de quadra e sempre lutamos pelo mesmo objetivo, que era vencer”, lembrou Márcia Fu. Se as jogadoras tinham um propósito maior a favor do esporte, hoje existe claramente uma divisão política de quem é a favor do presidente Jair Bolsonaro (Ana Paula e Fernanda Venturini) e outras que se posicionam contra (Ana Moser e Isabel). Isso se vê claramente nas redes sociais das ex-jogadoras.

A ex-atacante acredita que a união iria prevalecer com o mesmo grupo de jogadoras atualmente e não vê problemas se essa divergência fora das quadras.  “Não tem nada a ver. Cada um apoia quem quer e tem o próprio livre arbítrio. Dentro de quadra não existe direita, esquerda, não importando de que partido é. Não é uma guerra para uma vencer a outra, e sim jogar contra um pais.  O objetivo sempre foi o mesmo: vencer e conquistar títulos”.

Equipe igual não vai ter

Márcia Fu recorda, com carinho, os áureos tempos que viveu defendendo as cores verde e amarela, participando de três Jogos Olímpicos seguidos:  Seul-88, Barcelona-92 e Atlanta-96. “Na nossa época as pessoas viam mais o vôlei, se encantavam. Demos um pontapé inicial. Éramos as queridinhas do Brasil. Todo mundo até hoje para e fala que a gente emocionava pela garra, raça, determinação e força demonstrada em quadra. Equipe igual aquela não vai ter”, finalizou.

Fonte: Redação Terra
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