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Olimpíada 2016

Presidente do COI leva "pauladas" de estudantes em sabatina

Thomas Bach, presidente da maior autoridade olímpica e presente no Rio de Janeiro, teve que responder perguntas "espinhosas" de cerca de 100 universitários - em algumas oportunidades, deixou a resposta para o presidente do Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman

25 fev 2015 - 14h27
(atualizado às 14h40)
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Se o presidente do Comitê Olímpico Internacional, o alemão Thomas Bach, esperava que o convite para uma sabatina diante de 100 universitários do Rio de Janeiro fosse a oportunidade ideal para promover os Jogos Olímpicos 2016, e ver um público entusiasmado com o maior evento do planeta, o mandatário do COI teve uma missão “espinhosa” pela frente. E levou diversas “pauladas” de estudantes bastante informados – tendo, em alguns momentos, que recorrer ao presidente do Comitê Organizador Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman, para dar uma resposta mais clara.

O evento foi organizado pelo próprio comitê organizador e realizado em sua sede, no centro do Rio de Janeiro. Logo na primeira questão, por exemplo, Bach respondeu ao aluno Anderson Castro (educação física – Estácio de Sá) se o Brasil não está levando um legítimo 7 x 1 (relembrando, Bach é alemão) nesses preparativos quando o tema é educação – com a falta de incentivo ao esporte nas escolas, que poderiam impulsionar, de fato, o País a um status de potência.

“Esse é um ponto importante e que estamos nos esforçando muito para 2020”, iniciou Bach. “Estamos estudando uma forma de pressionar mais os governos, já que é claro que quem pratica esportes desde cedo terá uma vida mais saudável. Precisamos conversar, já que não podemos impor isso aos governos".

Thomas Bach é sabatinado por estudantes do Rio: muitas perguntas espinhosas e ajuda de Nuzman
Thomas Bach é sabatinado por estudantes do Rio: muitas perguntas espinhosas e ajuda de Nuzman
Foto: André Naddeo / Terra

Logo em seguida, veio uma indagação ainda mais espinhosa: Felipe (educação física – Universidade Federal do Rio de Janeiro) questionou o presidente do COI se ele sabe que o Rio de Janeiro, hoje, não tem um centro de treinamento para o atletismo – com o fechamento do Célio de Barros (Maracanã), por exemplo), e se ele tem ciência de que não existe planejamento para os atletas brasileiros neste sentido.

“É difícil responder, é muito difícil responder o que está acontecendo em diferentes esportes e partes do Brasil”, explicou o alemão, dando sua primeira despistada, nitidamente não inteirado sobre as peculiaridades que envolvem o esporte brasileiro. “O legado humano do esporte para o Rio de Janeiro é muito óbvio. Eu falei do programa de voluntários. Eles não vão desaparecer depois dos Jogos Olímpicos. Eles vão continuar ligados ao esportes e ao espírito olímpico. Atletas vão ter centros de treinamento modernos que vão servir de legado para o País, não podemos nos esquecer disso’, completou.

Veio, então, o assunto que seria o grande tormento da sabatina: o campo de golfe, pela primeira vez incluso nas modalidades olímpicas para o ano que vem. Questionado por Fernando, aluno de turismo da Universidade Federal Fluminense (UFF), sobre os motivos do Rio de Janeiro ter que construir um terceiro campo de golfe (já que já possui o Gávea Golfe Club e o Itanhangá), Bach se esquivou e passou a resposta “para os meus amigos brasileiros”.

Coube a Nuzman, sucintamente, dizer que “para os dois campos de golfe, pedimos aprovação para a Federação Internacional, e ela disse que não tinha condições”. “Se eu soubesse que era tão fácil”, brincou Bach posteriormente. Não demorou muito para vir outra polêmica.

<p>Membros do Bope participam de simulação de crise em estação de ônibus para o golfe nos Jogos de 2016; nova instalação é alvo de polêmica</p>
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Foto: Sergio Moraes / Reuters

De acordo com reportagem publicada pela Agência Pública, o campo de golfe olímpico consome hoje 1,8 milhão de litros de água por dia para a sua irrigação – enquanto bairros vizinhos sofrem com o desabastecimento diante da crise hídrica no Brasil.

Bach rebateu dizendo que “nos falaram já dois dias que em fevereiro teve um aumento de chuva aqui no Rio de Janeiro e que as reservas de água aumentaram para abastecer melhor a população”. “Vocês podem ter certeza de que esse tipo de pergunta está sempre na nossa agenda”, completou antes de passar a bola para Nuzman, mais uma vez. “Carlos, gostaria de falar? Você deu uma resposta tão simples na outra pergunta, gostaria de tentar de novo”, disse, sempre bem humorado para a resposta do presidente do comitê organizador.

“Poucas ações de meio ambiente foram feitas como no campo de golfe, o que foi feito e salvo numa área que estava abandonada e sem ninguém tomar conta”, afirmou. “Vamos dar uma explicação, os animais que foram salvos, as plantas que foram colocadas, e todo o sistema de irrigação. Eu me comprometo a fazer isso com vocês”, completou, prometendo uma plenária específica para o assunto.

Na sétima pergunta, novamente o assunto da água: Matheus, outro aluno de turismo da UFF, indagou sobre os gastos, por exemplo, com água em Deodoro para a modalidade de canoagem. “Boa sorte, Carlos”, brincou novamente, passando novamente a bola.

Nuzman afirmou que “não estava satisfeito em ter (a canoagem), mas tivemos que fazer diante dos compromissos assumidos. Tem legado a ser feito. Não devemos fazer a comparação pelo volume de água. Deodoro é uma região que foi colocada no centro dos Jogos para pode ser desenvolver”.

<p>Carlos Arthur Nuzman teve que responder a perguntas espinhosas repassadas por Bach</p>
Carlos Arthur Nuzman teve que responder a perguntas espinhosas repassadas por Bach
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

Bach complementou: “não sou especialista nisso, a única promessa que posso fazer é que vou levar isso em conta e vou tentar ter o maior número possível de informação. E vamos discutir isso juntos”. No discurso final aos estudantes, depois de dez perguntas de um público universitário bem informado sobre os problemas estruturais do Rio e do Brasil como um todo, Bach disse que “aprendi muito”.

“Era justamente o propósito disso. Com suas perguntas, podemos saber mais sobre suas preocupações. Eu aprendi que para vocês o legado desses Jogos é um ponto chave. E posso dizer que estamos sentados no mesmo barco”, completou. Thomas Bach fica no Rio de Janeiro até o final de semana. No sábado, ele concede entrevista coletiva a respeito da oitava visita oficial da entidade a sede dos Jogos Olímpicos de 2016. O Comitê Organizador do Rio 2016 explicou também, ao final da sabatina, que os demais estudantes que tivessem interesse em fazer outras perguntas poderiam gravar um vídeo, ali mesmo, que seria repassado ao presidente do COI – além de disponibilizar um canal direto para dúvida no site oficial da entidade.

Fonte: Terra
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