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Seleção do Irã

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Queiroz detona Klinsmann após críticas à seleção do Irã: "Julgamento preconceituoso"

27 nov 2022 - 08h55
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O técnico e ex-jogador Jurgen Klinsmann fez críticas que não foram bem recebidas pela seleção do Irã. Após a vitória iraniana por 2 a 0 sobre País de Gales na Copa do Mundo, o alemão acusou a equipe de pressionar o árbitro, algo que, segundo ele, faria parte da cultura do país, e ainda questionou o técnico do time, Carlos Queiroz.

"Isso faz parte da cultura deles, da forma como jogam. O Carlos encaixa muito bem nesta seleção e na sua cultura. Não é uma coincidência, é tudo de propósito. Eles pressionam o árbitro. Basta ver o banco, a forma como saltavam em cima do assistente e do quarto árbitro. Esta é a cultura deles, eles meio que tiram o foco. Fazem com que você perca a concentração e isso é algo importante. E aí te tiram do jogo", disse Klinsmann em entrevista à BBC.

A declaração soou agressiva à delegação iraniana e ao seu treinador, Carlos Queiroz, que prontamente foi às suas redes sociais para rebatê-la com uma longa carta aberta.

"Caro Jurgen, você tomou a iniciativa de me chamar de Carlos, então acredito que seja apropriado chamá-lo de Jurgen. Certo? Mesmo não me conhecendo pessoalmente, você questiona meu caráter com um típico julgamento preconceituoso de superioridade. Não importa o quanto eu possa respeitar o que você fez dentro do campo, essas observações sobre a cultura iraniana, a seleção iraniana e meus jogadores são uma vergonha para o futebol. Ninguém pode ferir nossa integridade se não estiver no nosso nível, é claro. Mesmo assim, gostaríamos de convidá-lo a vir ao nosso acampamento da seleção nacional, conviver com os jogadores do Irã e aprender com eles sobre o país, o povo do Irã, os poetas e a arte, a álgebra, toda a tradição milenar da cultura persa. E também ouvir de nossos jogadores o quanto eles amam e respeitam o futebol", escreveu em seu Twitter.

Queiroz ainda citou a ligação de Klinsmann com os Estados Unidos e pediu a demissão do mesmo do cargo de consultor da Fifa na Copa do Mundo. Vale destacar que o ex-jogador alemão possui nacionalidade americana e é ex-treinador da seleção dos EUA.

"Como americano/alemão, entendemos seu não-apoio. Sem problemas. E apesar de seus comentários ultrajantes na BBC tentando minar nossos esforços, sacrifícios e habilidades, prometemos que não faremos nenhum julgamento sobre sua cultura, raízes e antecedentes e que você sempre será bem-vindo à nossa família. Ao mesmo tempo, queremos apenas acompanhar com toda a atenção qual será a decisão da Fifa em relação à sua posição como membro do Grupo de Estudos Técnicos da Copa do Mundo do Catar 2022. Porque, obviamente, esperamos que você se demita antes de visitar nosso acampamento", completou.

Mais tarde, a federação iraniana também se pronunciou e, assim como seu comandante, suplicou pela demissão de Klinsmann. O Irã entra em campo no Mundial nesta quarta-feira, às 16 horas (de Brasília), justamente contra os Estados Unidos. O confronto entre segundo e terceiro colocados do grupo B é direto por uma vaga nas oitavas da final da competição.

Confira abaixo, na íntegra, o comunicado oficial da federação do Irã:

"A Federação de Futebol do Irã dirigiu-se hoje oficialmente à Fifa sobre o assunto das recentes declarações do Sr. Jurgen Klinsmann. Juntamente com várias considerações infelizes sobre a equipe e a equipe nacional do Irã, o Sr. Klinsmann fez julgamentos sobre a cultura iraniana. Klinsmann, membro do Grupo de Estudos Técnicos da Fifa, disse que na partida entre Irã e País de Gales, os jogadores e a equipe do Team Melli "trabalharam o árbitro": "'Não é por coincidência, faz parte de sua cultura, como eles jogam. Eles trabalharam o árbitro", disse Klinsmann. A Federação de Futebol do Irã já pediu esclarecimentos imediatos à Fifa sobre este assunto, exigindo desculpas do Sr. Klinsman e renúncia de suas funções como membro do Grupo de Estudos Técnicos da Fifa. Ao mesmo tempo, a Seleção Nacional do Irã convida o Sr. Klinsmann para visitar o Team Melli Camp em Doha, para uma palestra sobre a milenar cultura persa e os valores do futebol e do esporte. Sendo alemão, está prometido que Klinsmann não será julgado pelo episódio mais vergonhoso da história da Copa do Mundo, a "Desgraça de Gíjon" em 82, quando Alemanha Ocidental e Áustria empataram. Como ex-jogador, ele não será julgado por seus famosos mergulhos dramáticos. E com certeza, como profissional do futebol, não será julgado por nenhuma outra questão política ou histórica relacionada ao seu país. Nesta visita, será sugerido ao Sr. Klinsmann revisar os 99 minutos da última partida Irã x País de Gales, mesmo que a partida já tenha sido transmitida mundialmente, e para muitos reconhecida como uma das partidas mais justas e bonitas da história da Copa do Mundo".

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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