Decisão de não excluir Inter da Série B já estava definida
A punição dada ao Internacional na noite desta terça-feira pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) estava desenhada havia dias, graças a um consenso entre a cúpula do órgão. Seus dirigentes já tinham concluído que o clube gaúcho não deveria ser excluído do Brasileiro, mas que merecia uma pena severa. Isso chegou aos auditores da 5ª Comissão Disciplinar do STJD, que julgaram o caso em primeira instância e determinaram multa de 720 mil reais ao clube - a maior já aplicada pelo tribunal.
O Inter foi responsabilizado pelo uso de documentos adulterados que apontariam irregularidades na escalação do zagueiro Victor Ramos, pelo Vitória-BA, no Brasileiro de 2016. De acordo com o STJD, agiu assim porque queria ver o clube baiano perder pontos, o que alteraria a classificação final da competição e o manteria na Série A.
Rebaixado para a Série B no ano passado, o Inter entrou em rota de colisão com a CBF por causa de uma troca de emails entre dirigentes do Vitória e da confederação que indicariam a falta de condição de jogo de Victor Ramos, hoje na Chapecoense. Essas mensagens, no entanto, teriam sido editadas, o que aumentou a confusão.
Coube a seu ex-presidente, Vitorio Piffero, também denunciado pela Procuradoria do STJD, por ter avalizado os documentos, uma punição mais rigorosa ainda. Ele foi suspenso por 555 dias e multado em R$ 90 mil. Para os auditores, o dirigente poderia ter evitado a protelação do caso com a verificação da veracidade dos documentos em questão.
A CBF, representada no plenário por dois diretores, Carlos Eugênio Lopes (jurídico) e Reynaldo Buzzoni (registro e transferência), já sinalizara sua disposição de não apoiar uma pena que resultasse na exclusão do Inter da Série B. Mas queria que houvesse rigor no julgamento. O advogado do Inter, Rogério Pastl, foi incisivo com os dois que atuaram nesta terça como testemunhas da CBF no processo. Apresentou contradições da dupla em respostas sobre o incidente. Mas, prevaleceu no final a multa de quase 1 milhão de reais ao Inter e a derrota de Vitorio Piffero no julgamento.
Tanto o clube quanto o dirigente devem recorrer da decisão. "O Inter já foi punido, execrado em praça pública", criticou Rogério, ao destacar que a CBF deu publicidade à adulteração dos documentos em nota no site da entidade, sem sequer se preocupar em fazer um comunicado oficial ao clube. Piffero disse que sua condenação não se justifica e foi uma agressão.