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Impedimento semiautomático: entenda como funciona tecnologia usada pela arbitragem na Copa do Catar

Ferramenta visa diminuir o tempo de checagem do VAR nos jogos do Mundial de 2022 e prega "erro zero" nesse tipo de lance, com chip na bola e muito mais câmeras no estádio

25 nov 2022 - 07h36
(atualizado às 08h01)
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A Copa do Mundo do Catar trouxe mais uma novidade tecnológica para auxiliar a arbitragem. Trata-se do impedimento semiautomático, ferramenta que visa diminuir o tempo de checagem do árbitro assistente de vídeo (VAR, sigla em inglês) em possíveis gols irregulares e dar mais agilidade às partidas, aumentando o tempo de bola rolando. Também prega o "erro zero" para esse tipo de jogada. A Fifa anunciou o uso do recurso para o Mundial em agosto após uma série de debates internos e também com a International Board (IFAB), órgão que regulamenta as regras do futebol. Mecanismo foi utilizado para anular gol do Irã contra o País de Gales nesta sexta-feira, em duelo do Grupo A.

Segundo a Fifa, o tempo médio para a checagem de impedimento pelo VAR dura, em média, 1m10s. A expectativa é de que o tempo de análise para lances difíceis na Copa seja entre 20 e 25 segundos. A tecnologia foi utilizada de maneira crucial na partida entre Argentina x Arábia Saudita. Os argentinos tiveram três gols anulados. No segundo deles, Lautaro Martínez saiu na cara do goleiro e marcou de cavadinha. O lance foi checado em menos de um minuto, com a transmissão mostrando que o atacante estava adiantado com um dos ombros na frente do rival.

Para a marcação do impedimento, não são considerados as mãos e braços de todos os jogadores, incluindo os goleiros. Para fins de determinação do traçado da linha de impedimento no VAR, a parte superior do braço deve estar alinhada com a parte inferior da axila. Como o ombro não faz parte do braço no entendimento da arbitragem, é levado em consideração no julgamento de impedimento, bem como é possível marcar um gol com a região.

Como funciona o impedimento semiautomático?

Os estádios do Mundial do Catar são equipados com 12 câmeras superiores para rastrear a bola e a posição exata dos jogadores, com capacidade de diferenciar 29 pontos específicos do corpo de cada atleta, 50 vezes por segundo. A bola, por sua vez, possui um sensor de medição inercial instalado em seu centro para determinar o momento exato em que o autor do passe fez o contato com ela, gerando o ponto de partida para iniciar toda a checagem.

O sensor envia os dados da bola para a sala de operações de vídeo 500 vezes por segundo, permitindo uma detecção muito precisa do ponto do chute, o marco zero. Uma vez percebida a irregularidade, baseada na posição do jogador que recebeu a bola e o instante do passe, os dados são processados por uma inteligência artificial que enviará um alerta à sala da equipe de arbitragem de vídeo.

Os árbitros, então, checam a posição e a linha de impedimento, ambas geradas automaticamente, substituindo o atual traçamento manual de linhas, como ocorre no Brasil, por exemplo, antes de comunicar a decisão ao árbitro de campo. Depois, uma animação 3D será gerada com base nesses dados e exibida nos telões dos estádios e nas transmissões televisivas, no intuito de deixar o processo mais transparente ao torcedor. É tecnologia pura. Essa imagem 3D é novidade também, de modo a deixar o torcedor informado por todos os ângulos. Contudo, as imagens só devem aparecer ao público na paralisação seguinte ao impedimento.

Se os árbitros da partida de vídeo não concordarem com o ponto de chute e/ou linha de impedimento proposto pelo sistema, eles podem selecionar manualmente o ponto de chute e usar as ferramentas existentes para traçar a linha de impedimento, voltando ao processo manual. Como tudo isso está sendo 'testado', pode haver falhas. Ao que se sabe, ainda não aconteceu.

Como o impedimento é marcado atualmente em outras competições?

Atualmente, os impedimentos são analisados da seguinte forma: a empresa responsável pela geração das imagens utilizadas na transmissão recupera o lance em questão e forma as linhas que vão ser traçadas pelo árbitro de vídeo no "retrato" da jogada. O responsável pela cabine do VAR então indica os pontos de referência que serão usados para o traçado, como por exemplo o pé direito de um defensor e o tronco do autor do gol.

A tecnologia indica a irregularidade por meio do conceito da paralaxe, que é a aparente mudança de localização de um objeto conforme é observado por quem está posicionado em locais diferentes. Isso explica porque nem sempre o ângulo da câmera apresentado na TV para os telespectadores é o ideal para se chegar a uma conclusão.

Quando a tecnologia será implementada em outras competições?

Para Leonardo Gaciba, ex-presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, o futebol brasileiro ainda não tem a estrutura necessária para colocar em prática a novidade . "Até 8 câmeras são utilizadas para checar impedimento. No Brasil, na Série A, temos diversos jogos com 7 para a transmissão. Não vejo viabilidade neste momento". Vale lembrar que a implementação do VAR na Série B ocorreu apenas na temporada deste ano.

A Uefa implementou o uso da tecnologia pela primeira vez em agosto deste ano, na final da Supercopa entre Real Madrid x Eintracht Frankfurt, vencido pelos madrilenhos por 2 a 0. Desde então, a tecnologia vem sendo utilizada nas Liga dos Campeões, Liga Europa e Campeonato Inglês.

Estadão
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