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Sucesso da Copa e luta por igualdade movem meninas em peneira em São Paulo

Peneira de futebol feminino da Federação Paulista atrai mais de 400 adolescentes em São Paulo

30 jun 2019 - 04h41
(atualizado às 04h41)
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A estudante norte-americana Gisele Yamamoto é filha de brasileiros e joga futebol pelo Califórnia Magic, time do colégio. Aos 17 anos, ela quer jogar no Brasil, pois acha que seu estilo se encaixa melhor por aqui. Por causa do sonho da garota sorridente e fluente em inglês e espanhol, a família cogita voltar depois de 20 anos. O pai, Alex Yamamoto, aposta que os novos torneios, o entusiasmo por causa da Copa das mulheres e esse "movimento de igualdade entre masculino e feminino" podem dar o empurrão para a modalidade no País.

Uma das tentativas de Gisele para conseguir um clube é a peneira da Federação Paulista de Futebol para meninas entre 14 e 17 anos, realizada na semana passada na USP. Ao todo, foram 424 inscritas, número que surpreendeu os organizadores.

Muitos pais pensam como Alex. "Vou apoiar o sonho dela", diz o gestor de frota Gilmar Alves Ferreira que levou a filha Ana Flavia Tomás Ferreira para a peneira. "A participação dos pais tem de ser total. A gente patrocina tudo, desde a chuteira até a ida ao evento. É um 'paitrocínio'", sorri Gilmar, que aproveitou as férias do trabalho para acompanhar a filha e a mulher ao teste.

A peneira foi mais descontraída do que as tradicionais. Antes do jogo, música eletrônica para aquecer. Monitores perguntavam a toda hora se estava "tudo bem" para as candidatas. Patrocinadores distribuíram iogurtes de graça até para os pais, com selfies à frente do banner do evento inédito em São Paulo.

As meninas jogaram em uma metade do campo, com nove atletas para cada lado. No fim, elas saíram sem saber se serão chamadas pelos olheiros - foram 14 ao todo, inclusive dos quatro grandes de São Paulo. A intenção dos organizadores foi estimular a participação não só nesta peneira, mas em outras.

"Mesmo sabendo que é difícil, cada esforço pode valer a pena. Eu vim para tentar", diz Maria Morena Grou, que saiu de Amparo (SP) para participar do teste. A menina de 17 anos acha que essa luta individual faz parte de algo maior. "As meninas da seleção brasileira não ficaram paradas esperando. Elas correram atrás. O futebol feminino depende disso, depende de todo mundo, não só das mulheres."

Sofia Ramos era uma das duas poucas goleiras na tarde ensolarada de terça-feira. "É uma carreira difícil. Quando você joga em times menores, é difícil conseguir o prestígio que um homem tem. Gosto muito de fazer. Se eu passar vai ser legal", diz a garota de 16 anos do Esporte Clube Pinheiros.

O evento também procurou ajudar os clubes a descobrir talentos para o Campeonato Paulista Sub-17, que vai começar no dia 18 de agosto. Rogério Francisco Marques, presidente do Estrela de Guarulhos, afirma que selecionou 15 meninas que podem ser chamadas para um período de testes no clube. É a segunda vez que o time da grande São Paulo vai disputar o torneio paulista.

Felipe Bonholi, analista de desempenho e observador da Ferroviária, pioneiro no futebol feminino com as Guerreiras Grenás, avalia que conseguiu pinçar meninas para um segundo olhar. "É difícil fazer a avaliação em um dia. Algumas têm potencial, mas ficam nervosas", justifica.

Olheiros apontam que a falta de um trabalho de base consolidado é um dos entraves para o desenvolvimento do futebol feminino no País. Hoje, existem apenas dois: o Paulistão Sub-17 e o Brasileirão Sub-18, que estreia neste ano.

Estadão
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