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De escolha do coração a ídolo e artilheiro; relembre Zico no Flamengo

Terra faz uma série de cinco reportagens em homenagem aos 60 anos de Zico. Saiba tudo sobre o craque, desde a infância, passando pelas glórias no Flamengo, até o caminho trilhado após encerrar a carreira

2 mar 2013 - 10h54
(atualizado às 10h55)
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<p>Brasileiro de 1983 foi um dos títulos que o Flamengo conquistou sob a liderança de Zico</p>
Brasileiro de 1983 foi um dos títulos que o Flamengo conquistou sob a liderança de Zico
Foto: Gazeta Press

Com tanto talento demonstrado com tão pouca idade, ir para um clube de futebol era questão de tempo para o jovem Zico. Flamenguista de coração, o Galinho de Quintino já tinha tudo traçado para começar a carreira nas divisões de base do América, clube no qual seu irmão, Edu, era um dos destaques. Zico chegou, inclusive, a fazer um treino no antigo campo da Rua Barão de São Francisco, no Andaraí, que deu lugar a um shopping.

Até que o radialista Celso Garcia, amigo da família Antunes, resolveu acompanhar a performance de Zico em um campeonato de futsal no River Atlético Clube, situado na Abolição, também na zona norte. Naquele dia, jogando por um time batizado de Santos, Zico fez 11 gols na vitória de 15 a 1 de sua equipe. Irmão de Zico, Fernando Antunes, o Nando, lembra que o radialista ficou maravilhado com a atuação do franzino jovem.

Zico explica como era o clima do time vitorioso do Flamengo:

"Ele só tinha oportunidade de ver o Zico jogando na rua. Um dia, ele disse que precisava vê-lo jogar. O Zico estava jogando um torneio interno no River, e ele foi comigo. Cada gol que o Zico fazia, ele morria de rir, inclusive pela beleza dos gols", afirma Nando.

Garcia saiu dali com a ideia fixa de levar o pequeno craque para o Flamengo, seu clube do coração. No dia seguinte, reuniu-se com George Helal, dirigente do rubro-negro na época. Eles foram até Quintino e se reuniram com a família Antunes. A proposta era clara: queriam que Zico começasse a treinar no Flamengo. Diante de uma família flamenguista, receber um sim era o mais provável.

"O Celso Garcia gostou da minha atuação, foi na minha casa, e pediu ao meu pai para me encaminhar para o Flamengo. Preferi o Flamengo, meu clube do coração", relembra o próprio Zico. Depois de ser aprovado no teste, Zico foi mandado, no fim de semana seguinte, a campo. Na Gávea, entrou logo como titular, e na vitória por 4 a 3, fez dois gols. Dali em diante, não parou mais e, anos mais tarde, se transformou no maior ídolo da história do clube.

Maior artilheiro e líder da era de ouro do Fla

Zico escolhe quais títulos foram mais importantes na carreira:

A idolatria de Zico no Flamengo é simples de se explicar. Basta apenas recorrer aos números. Pelo rubro-negro carioca, o eterno Galinho de Quintino fez 731 jogos, nos quais balançou as redes 508 vezes. Com isso, é o maior artilheiro da história do clube. Mas Zico não foi apenas um grande jogador com a camisa do Flamengo. Ele liderou a geração mais vencedora da história do clube, e que também marcou época como um dos grandes times de todos os tempos.

Ao lado de jogadores como Junior, Leandro, Adílio, Andrade e Nunes, Zico levou o Flamengo ao topo do futebol mundial em 1981, ao conquistar o Mundial Interclubes, ao vencer de forma contundente, o Liverpool por 3 a 0, em Tóquio, no Japão. Aquele Flamengo foi o primeiro clube brasileiro a ganhar o torneio, depois do bicampeonato do Santos de Pelé, em 62/63.

Antes, para chegar à decisão, tinha obtido o título da Taça Libertadores em uma final dramática diante do Cobreloa (CHI), que teve que ser decidida em uma partida extra, em campo neutro, em Montevideo (URU). Zico marcou os dois gols da vitória rubro-negra e garantiu aquela que considera a mais expressiva conquista de sua carreira. Para o eterno camisa 10 da Gávea, a Libertadores foi mais difícil que o Mundial, e aquela conquista representou a vitória do futebol arte sobre a violência.

Zico cita quais foram os times adversário mais perigosos:

"Foi um título marcante, especialmente pela questão da violência que a gente sofreu, das dificuldades das viagens, contra tudo e contra todos, e a gente foi superando todo mundo. Acho que aquela foi a vitória da arte contra a violência", afirma Zico.

A conquista da Libertadores e do Mundial foi o ápice daquela geração, que não parou por ali. Se em 81 tinham apenas o Brasileiro de 80, nos anos seguintes, até a ida de Zico para jogar na Udinese, o time do Flamengo conquistou mais duas taças do campeonato nacional, em 82 e 83. A ida de Zico para a Itália iniciou o processo de desmantelamento daquele time vitorioso.

Zico voltou ao Flamengo em 85, mas teve problemas de contusão, agravados pela operação no joelho após entrada violenta do zagueiro Márcio  Nunes, do Bangu. O craque rubro-negro passou, nos anos seguintes, mais tempo se recuperando do que dentro de campo, passando por um grande calvário.

Zico fala da contusão que quase o tirou dos gramados:

Mas a grande redenção veio em 1987. Zico teve participação decisiva na conquista do quarto título nacional do Flamengo, a polêmica Copa União. Zico era o cérebro de um time recheado de craques, como Jorginho, Leonardo, Renato Gaúcho, Bebeto e Zinho, além dos remanescentes Andrade e Leandro, sendo que este deixou a lateral-direita e jogou na zaga.

"No título de 87, a gente enfrentou uma série de dificuldades. Muitos criticavam, diziam que a base já estava envelhecida, que não ia dar mais caldo", observa Zico. Foi o último título de Zico no Flamengo. Depois, com muitas dificuldades por causa das seguidas lesões, teve participações irregulares nas temporadas de 88 e 89, e, aos 37 anos, abandonou os gramados no dia 2 de dezembro de 89, na goleada de 5 a 0 que o Flamengo aplicou no Fluminense, em Juiz de Fora.

Para Zico, se não fossem os problemas musculares decorrentes da grave contusão no joelho, ele teria jogado, pelo menos, até os 40 anos de idade. "Minha musculatura ficou um pouco desequilibrada. Passei a ter problema de panturrilha, que não tinha. Também adutor, posterior de coxa. Isso tudo foi afetado. Foi quando resolvi parar. Sempre gostei muito de treinar, ir a campo, mas jogava três jogos e machucava. Já estava de saco cheio daquilo", justificou.

Fonte: Terra
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