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Terra na Copa

Engraxates de Porto Alegre perdem clientes durante a Copa

Profissionais que atuam no aeroporto chegam a ficar um dia inteiro sem atender

21 jun 2014 - 17h27
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Engraxates sofrem para conseguir trabalho durante a Copa do Mundo
Engraxates sofrem para conseguir trabalho durante a Copa do Mundo
Foto: David Farias e Vinícius Bühler da Rosa / Unisinos

Nos últimos dias, a movimentação de passageiros no Aeroporto Internacional Salgado Filho é evidente. Entretanto, em uma das áreas de serviço, o prejuízo tem predominado nesta época. 

Desde que começaram os jogos, as engraxates Andreia dos Santos, 40 anos, e Shirley Munhoz Goulart, 61 anos, tiveram a renda semanal reduzida devido à falta de clientes. Antes do torneio, elas engraxavam em média 30 pares por semana, cada um a R$ 15. Durante a Copa, disputam os clientes, que praticamente sumiram.

"Nossos clientes são de São Paulo, Brasília, Curitiba e Santa Catarina, executivos e empresários que vêm a trabalho. Tínhamos expectativas de que o movimento melhoraria, mas é um evento esportivo e ninguém precisa do serviço", afirma Schirley.

Uma das explicações é que, com a chegada do mundial, empresários e executivos que circulavam pelo saguão do aeroporto pararam de viajar e, consequentemente, não utilizam o serviço. Por outro lado, os turistas que desembarcam na cidade usam tênis ou sapatos que não exigem o lustro. 

Com expressão exausta pela espera dos clientes ao longo do dia, Andreia é mãe de dois filhos, um menino e uma menina de 10 e 16 anos. Ela os deixa sozinhos em casa todos os dias para poder trabalhar. "Minha renda é apenas o que ganho aqui, cerca de R$ 1 mil a R$ 1,2 mil no mês. Dá para viver", afirma. 

A engraxate atua na profissão desde 1996, quando começou ainda no antigo aeroporto – que hoje é o Terminal 2. Nesses 18 anos de profissão, viu a procura diminuir drasticamente. "Às 5h o aeroporto começa a encher, mas o melhor horário é o inicio da tarde. No final da noite só tem um ou dois clientes. Agora o movimento diminuiu demais”, lamenta. 

Há apenas um ano e dois meses atuando na área, Shirley é aposentada da área de educação. Para chegar ao aeroporto pega duas conduções, mas considera que o trabalho compensa. "O que ganho aqui é satisfatório, mas os clientes não se renovam mais", lastima. Shirley, em um dia bom, engraxa até oito sapatos, mas nos dias do mundial nem chega a pegar nos apetrechos de engraxar. 

Um dos poucos empresários que mantiveram o hábito foi Nilton Farinati, 57 anos. Morador de Porto Alegre ele sempre utiliza o serviço, mas principalmente em outras cidades, onde encontra engraxates com mais facilidade do que no Sul. 

"Não tem muitos lugares pra engraxar aqui em Porto Alegre. Em outras cidades encontro com mais facilidade. Em São Paulo, por exemplo, tem muito mais", ressalta.

Supervisão: professora Anelise Zanoni

Unisinos Universidade do Vale do Rio dos Sinos
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