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CBF alegou negociar com Casa Civil para continuar clássico

Informação consta de relatório divulgado pela Anvisa; CBF nega e Ciro Nogueira não comentou o assunto

8 set 2021 - 22h39
(atualizado em 9/9/2021 às 07h34)
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O presidente em exercício da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, alegou ter negociado com o ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ao pedir que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permitisse a continuidade de um jogo da Seleção Brasileira com a Argentina, no domingo.

Lionel Messi e Neymar durante interrupção de jogo entre Brasil e Argentina em São Paulo
05/09/2021 REUTERS/Amanda Perobelli
Lionel Messi e Neymar durante interrupção de jogo entre Brasil e Argentina em São Paulo 05/09/2021 REUTERS/Amanda Perobelli
Foto: Reuters

A informação consta em um relatório elaborado por um servidor da Anvisa, Yunes Baptista, e divulgado pela agência. No texto, o servidor narra que foi ao estádio do Corinthians, hoje chamado Neo Química Arena, para autuar os quatro jogadores argentinos que teriam prestado informações falsas às autoridades brasileiras para poder participar do jogo.

A partida é válida pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo do Catar, no ano que vem. Mas aos 4 minutos de jogo, o evento foi interrompido pela Anvisa. A razão é que quatro jogadores argentinos vindos do Reino Unido não cumpriram a quarentena obrigatória no Brasil para passageiros vindos daquele país. Nesta quarta-feira, um integrante da delegação argentina — o chefe de cozinha do grupo — testou positivo para Covid-19. Ele está em isolamento.

No documento publicado pela Anvisa, Yunes relata que foi abordado pelo presidente interino da CBF. Este teria dito que estava em tratativas com Ciro Nogueira. Ele também pediu que o servidor público falasse com o ministro, mas ele se recusou a fazê-lo. No relatório, o servidor reafirma que sua ação era legal.

"(Por volta de 16h45) Fui abordado pelo Sr. Ednaldo Rodrigues - Presidente da CBF informando que estava em contato com a Casa Civil e se eu poderia falar com o Sr. Ministro Ciro Nogueira, neguei o contato e informei que se dirigisse a` diretoria da ANVISA a qual me encontrava subordinado visto que se tratava de ac¸a~o sanita´ria e legal", escreveu Yunes no relatório.

"Va´rios outros que se identificaram como dirigentes de alguma instituic¸a~o perguntaram se seria possi´vel negociac¸a~o bem como outros tentaram conversas mais discretas como Sr. Sergio Ribas (Vice-presidente da Comissa~o de Governanc¸a e Transfere^ncia da CONMEBOL) que solicitou se poderia fornecer o telefone para contato de algum diretor da ANVISA ao qual estaria subordinado", descreve o servidor.

"Durante todo este tempo fiquei em pe´ no corredor de acesso ao vestia´rio da Argentina e cercado por seguranc¸as, dirigentes e comissa~o te´cnica, sendo minha protec¸a~o os policiais da PF e dois policiais militares do Estado de SP", declarou ele, no texto.

A reportagem do Estadão procurou Ciro Nogueira diretamente, por meio de mensagem de texto, e por intermédio da assessoria de imprensa do ministro, mas ele não se manifestou. O presidente interino da CBF, Ednaldo Rodrigues, negou a versão apresentada por Yunes, e disse que nem sequer possui o contato de Ciro Nogueira.

"O presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ednaldo Rodrigues, nega com veemência que tenha feito qualquer contato com servidores da Anvisa nos termos relatados pelo Relatório Complementar de Evento sobre o jogo entre Brasil e Argentina. Tampouco autorizou qualquer pessoa a falar em seu nome. O presidente da CBF não falou sobre esse ou qualquer outro assunto com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, sequer tem seu contato telefônico. A versão é fantasiosa", disse o dirigente, em nota.

Estadão
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