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#30anos1985 - a força de uma torcida do Alto da Glória

A conquista do inédito título do Campeonato Brasileiro parou Curitiba e também ao Rio de Janeiro

31 jul 2015 - 07h18
(atualizado às 07h29)
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"Lá no alto de tantas glórias. Brilhou, brilhou, um novo sol. Clareando com seus raios verde e branco. Encantando o país do futebol". O trecho de um dos hinos resume o que aconteceu naquele ano. Mas a essência de qualquer clube de futebol é o torcedor. Maior patrimônio de um time, a torcida incentiva os jogadores em qualquer situação e, no título brasileiro de 1985, a do Coritiba não fez diferente e esteve ao lado da equipe coxa-branca. Em qualquer lugar que fosse.

A média de público, no geral daquele Campeonato Brasileiro, foi de 11.625 pessoas por jogo. Não há registro exato do Coritiba na época, mas estima-se que a média naquele ano tenha sido de aproximadamente 19 mil por partida. Como comparação, a melhor foi em 1980, com a presença de 21.754 pagantes por duelo, em 11 jogos disputados.

Palco da final contra o Bangu, o Estádio Maracanã recebeu um público de 91.257 torcedores, em uma quarta-feira à noite. Mobilizada, a torcida alviverde foi de tudo quanto é jeito ao Rio de Janeiro para acompanhar a final de jogo único. Seja de avião, carro ou ônibus, os torcedores lotaram a parte destinada do anel superior e coloriram o maior estádio do mundo de verde e branco.

Escola de samba, foguete improvisado e conselhos da PM

Carlos Kusma, 62 anos, comerciante, viajou meia-noite e revezou o volante de seu automóvel até a chegada à capital carioca, por volta das 10h. Junto a mais quatro amigos, eles se hospedaram no apartamento de um amigo coxa-branca e tentaram esperar até a hora do jogo, com muita ansiedade.

"Ali por 17h ou 18h, não aguentamos e fomos pegar o trem rumo ao estádio. Esse amigo no Rio comprou os ingressos, então não enfrentamos fila e nem tumulto. E ele é coxa, foi junto com a gente", relembrou o dono de uma rede de supermercados em Curitiba.

Mancha Verde, na década de 80, era a principal organizada do Coritiba
Mancha Verde, na década de 80, era a principal organizada do Coritiba
Foto: Reprodução/Facebook

Um dos fundadores da Mancha Verde, maior organizada do clube na época, Luiz Henrique Jorge, 50 anos, foi o coordenador na viagem e também esteve em outros estádios durante a campanha. "Foi uma viagem complicada, pois a decisão de ser no Maracanã foi muito rápida e não tivemos tanto tempo de organizar. Era uma época difícil, pois não tinha internet, celular. Muita gente ligando lá em casa perguntando se tinha vaga e minha mãe ficou enlouquecida lá atentendo o telefone", contou o engenheiro, que recorda de ter ido em mais de 50 ônibus.

O gigante de concreto, como esperado, fervia de gente, e torcedores dos grande do RJ entraram no clima para apoiar o Bangu na finalíssima. Nada que impedisse o que o destino traçaria: empate por 1 a 1 no tempo normal, e, nas penalidades, vitória coxa-branca por 6 a 5, nas cobranças alternadas. Os quase 10 mil que pagaram essa mesma quantia em cruzeiros, na ocasião, explodiram de felicidade na comemoração do maior título da história do clube paranaense. 

"Foi uma festa maravilhosa, coisa mais linda. Não conhecia o estádio e estava fervendo. Comemoramos bastante depois da vitória", disse Kusma. "As grandes engrossaram a torcida deles e nos preocuparam um pouco. Como os surdos não entravam pelo corredor ser estreito, tiramos as peles de cada e metemos foguetes dentro (estavam proibidos), além das bandeiras tradicionais", contou o diretor da torcida.

Uma cena curiosa ainda chamou a atenção durante o duelo. A bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel, tradicional escola de samba carioca, fez uma barulheira no estádio. "Foi bem inusitado, pois escutamos um barulho alto. Pro nosso espanto, era a bateria da Mocidade. Até paramos a nossa para escutar a beleza que é uma escola de samba do Rio de Janeiro. Mas, no fim, a festa foi toda nossa", recordou Jorge, que ficou de costas nas cobranças e só viu quando chegou em Curitiba.

Bateria da Mocidade Independente embalou as arquibancadas do Maracanã em 1985
Bateria da Mocidade Independente embalou as arquibancadas do Maracanã em 1985
Foto: Reprodução/Facebook

A festa, logo depois do jogo, teve uma pausa. Com um enorme bandeirão levado da capital paranaense, os torcedores ouviram um policial militar aconselhar que era melhor esconder o material na saída. "Ele achou melhor guardar a bandeira para não dar confusão lá fora. Saímos 0h30, andamos a pé por uns 10km e chegamos em casa mansinho. Depois só alegria", contou o comerciante.

Já o conselho do policial com o integrante da Mancha Verde foi moeda de troca. Preocupado com a divisão das torcidas na arquibancada, o torcedor e o PM conversaram e chegaram a conclusão que o isolamento era melhor. Mas o pedido da organizada teve seu preço, já tradicional em viagens de torcida: uma camisa. "No final do jogo, ele estava me rodeando e não tive como 'fugir'. Tirei a minha camisa após o título e ficou tudo certo", declarou o engenheiro.

Se a exaltação foi "proibida" na saída do Maracanã, o dia seguinte teve que suportar a explosão de alegria. Pintado de verde e branco, o Rio de Janeiro viu a torcida do Coritiba comemorar na madrugada e pela manhã em vários lugares. "No outro dia, andamos pelo Rio com a bandeira e passamos em tudo que é lugar. Todo mundo que via buzinava, acenava. Entenderam e aplaudiram nossa conquista. Ainda fomos, na volta à Curitiba, acompanhando o ônibus dos jogadores até um certo ponto. Foi maravilhoso", falou com a alegria de viver aquele 31 de julho de 1985 novamente.

O contraste vem com a Série A de 2015. Vice-lanterna, com apenas 11 pontos, o clube paranaense está penando na competição. Kusma, ainda otimista, vai aos jogos com seus filhos e acredita na permanência alviverde. "Continuo indo ao estádio, nas cadeiras, junto a meus filhos. Se Deus quiser, a partir de domingo, começamos a dar a volta por cima", declarou com esperança.

Documentário da torcida no cinema

Há sete meses, um documentário está sendo produzido para comemorar os 30 anos da conquista histórica do Coritiba. O grupo Helênicos, de torcedores que pesquisam e contam a história coxa-branca, reúne depoimentos de personagens para enriquecer o conteúdo do "Heróis do Maracanã"

A ideia surgiu em um bate-papo informal entre torcedores e foi levado adiante. "Não é apenas um documentário. Ao longo da trama há uma história pra lá de misteriosa que carrega uma mensagem muito forte para o torcedor, para todos que vestem essa camisa independente de quaisquer diferenças”, revelou Fernando André, responsável pela direção cinematográfica.

Com duração de 85min, o documentário será estreado no dia 11 de agosto, em duas sessões, na Rede Cinemark. A pre-estreia acontece justamente nesta sexta-feira, apenas para convidados, na Cinemateca. "A satisfação é muito grande e nos sentimos privilegiados de poder gerar este documentário que é ao mesmo tempo informativo e sensível, como requer um título difícil e dessa magnitude", finalizou Guilherme Straube, produtor do filme e integrante do Helênicos.

Fonte: PGTM Comunicação - Especial para o Terra PGTM Comunicação - Especial para o Terra
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