PUBLICIDADE

Ativista diz que “racismo recreativo” também é crime

Coordenador do Observatório da Discriminação Racial no Futebol lamenta declarações de Luxemburgo ao Estadão

5 jun 2020 - 11h17
(atualizado às 11h51)
Compartilhar
Exibir comentários

Em entrevista publicada na edição de quinta (4) do jornal O Estado de S. Paulo, o técnico do Palmeiras, Vanderlei Luxemburgo, disse desconsiderar como atos de racismo as brincadeiras (racistas) no futebol. “Nada mais é do que uma bobagem ... no futebol, o cara brincar com o outro, gozar o outro para desestabilizar o camarada, dizer que aquilo é ato de racismo, não sei ...” Suas declarações foram rechaçadas pelo coordenador do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, Marcelo Carvalho.

Luxemburgo envolveu-se em nova polêmica, ao falar sobre racismo no futebol (Foto: Divulgação/Cesar Greco)
Luxemburgo envolveu-se em nova polêmica, ao falar sobre racismo no futebol (Foto: Divulgação/Cesar Greco)
Foto: Gazeta Esportiva

Para o ativista, que mantém a entidade desde 2014, Luxemburgo manifestou um pensamento ainda vigente na sociedade, e principalmente no futebol brasileiro, de “racismo recreativo”, onde piadas e insultos por causa da cor da pele, como rotular uma pessoa negra de macaco, têm muito espaço.

“Será que o Luxemburgo não sabe que chamar uma pessoa negra de macaco remete ao tempo de escravidão? Será que ele não sabe que para se escravizar os negros foram usados diversos argumentos, entre os quais a animalização daquelas pessoas, comparando-as com macacos? Será que ele não leu sobre isso?”

Marcelo Carvalho acredita que a discussão sobre o tema ainda carece do interesse de uma parcela importante do futebol do País.

“A gente tem que combater a ideia de que no futebol tudo pode, de que no futebol não é racismo de fato, é brincadeira. Luxemburgo foi extremamente infeliz nas declarações. Brincadeiras racistas não são brincadeiras, são crimes”, afirmou Carvalho, em entrevista ao Terra.

Ele acrescentou que o futebol tem muito a ensinar à sociedade, com a prática da tolerância e do intercâmbio entre povos e culturas diferentes, e que o esporte mais popular do planeta não pode se resumir ao jogo de bola dentro das quatro linhas.

“O que queremos é que o futebol nos ensine, nos proporcione e nos dê a possibilidade de uma vida melhor, de uma sociedade mais plural e mais harmoniosa. Que não seja foco de discriminações, de violências.”

Fonte: Silvio Alves Barsetti
Compartilhar
Publicidade
Publicidade