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Tragédia no Ninho: o novo erro dos dirigentes do Flamengo

3 fev 2020 - 15h45
(atualizado às 18h55)
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O apego a números e a ‘precedentes’ que ajudaram a guiar a estratégia do Flamengo para lidar com o pedido de indenizações pela morte de dez meninos no Ninho do Urubu, em 8 de fevereiro de 2019, deixa claro como os dirigentes do clube continuam sem saber lidar com o caso. Isso ficou evidente no sábado (1º de fevereiro), quando da divulgação de entrevista gravada com o presidente Rodolfo Landim, o vice geral e jurídico Rodrigo Dunshee, e o CEO do clube, Reinaldo Belotti, para a Fla TV, canal oficial do Rubro-Negro.

Responderam a perguntas entregues por alguns veículos de comunicação e outras formuladas internamente. Mas, em vez de explicar e elucidar a opinião pública (e principalmente os parentes das vítimas) sobre os desdobramentos da tragédia, eles acabaram malsucedidos e passaram a impressão de que preferem se manter absortos numa bolha.

Dirigentes do Flamengo durante entrevista gravada pela TV do clube.
Dirigentes do Flamengo durante entrevista gravada pela TV do clube.
Foto: Fla TV / Reprodução

Ao evitar o embate com os jornalistas, com a possibilidade de questionamentos presenciais, réplicas e tréplicas, os três agarraram-se à letra morta de suas respostas. Mais do que isso, perderam nova oportunidade de uma solução que amenizasse um pouco a dor de pais e mães marcados para sempre pela perda de seus filhos então entregues à guarda do clube.

O Flamengo, e seu gigantismo por tudo que representa no esporte do Brasil, por toda sua importância para a vida de milhões de pessoas, merecia uma conduta diferente de seus dirigentes. Mais nobre e humana. Nada de tentar buscar eventos similares para moldar as ações do clube diante de tanto sofrimento alheio. Até porque não há nenhum outro registro no Brasil de morte de jovens atletas nas dependências do clube para o qual serviam em situações e circunstâncias minimamente semelhantes.

Em dado momento da entrevista oficial, Rodrigo Dunshee diz que “no quesito acordo... o Flamengo chegou a um valor que entendemos muito alto e muito acima dos precedentes da justiça brasileira.”

O mesmo Rodrigo Dunshee afirma em seguida que esse quesito não levou em consideração a estatística de que aqueles meninos dificilmente, em termos percentuais, chegariam a ser titulares do Flamengo – deve ter se referido ao time profissional.

Pode ser verdade o que ele disse, e não haveria aqui motivo para duvidar de sua palavra, assim como pode também ser verdadeiro que esse dado passou a servir como argumento público de defesa do Flamengo a partir de sua mais recente manifestação sobre a tragédia, ou seja, da ‘entrevista’ à Fla TV.

Há de se considerar, sim, que os containers para abrigar aqueles jovens tinham sido instalados pela administração anterior e que Landim e seu grupo só estavam havia poucos dias no comando do clube. Mas isso não justifica que o tratamento da tragédia seja reduzido a técnicas e filigranas jurídicas e ao medo de entrevistas não-oficiais.

Os pais de Christian, Bernardo, Arthur, Pablo, Jorge e Samuel e a mãe de Rykelmo ainda acreditam que a diretoria rubro-negra possa voltar atrás e aceitar uma negociação a contento. Os responsáveis por Vítor, Athila e Gedson e o pai de Rykelmo chegaram a um acordo. Os dez meninos das categorias de base do Flamengo, entre 14 e 16 anos, morreram em decorrência do incêndio num alojamento do clube, no Ninho do Urubu, zona oeste do Rio. No próximo sábado (8), a tragédia completará um ano.

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Fonte: Silvio Alves Barsetti
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