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Idosa que respira por aparelho quer R$ 30 mil por barraco

4 mai 2014 - 11h30
(atualizado às 11h30)
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<p>Dona Rosilda de Souza será uma das desapropriadas da Vila da Paz</p>
Dona Rosilda de Souza será uma das desapropriadas da Vila da Paz
Foto: Bruno Santos / Terra

Existe gente na favela da Vila da Paz que ficou feliz com a realização da abertura Copa do Mundo em Itaquera. Não com o torneio em si, mas sim pelo benefício particular que ganhará com o processo de desapropriação da região proposto há alguns anos pela prefeitura, que irá retirar do local 377 famílias. Dona Rosilda de Souza, 64 anos, que mora há cinco anos em um barraco na comunidade atingido por uma rede de esgoto que passa embaixo da residência, torce para sair logo dali e até colocou sua casa à venda por R$ 30 mil.

Na porta, uma placa de "vende-se" chamou a atenção. "Queria 30 mil nela", disse a aposentada, já visando o "boom" imobiliário do Mundial, sem saber se pode mesmo vender o barraco de forma judicialmente legal, já que o terreno pertence ao Estado. "Se eu sair daqui não sei se vou poder vender, mas vou deixar com a minha filha, que mora naquela casa ali", continuou, apontando para um casebre há poucos metros. "Eu vou, mas ela fica. Meu outro filho vai comigo".

A saúde da aposentada, já debilitada, piora ainda mais com o mau cheiro e as condições precárias de higiene locais. "Tenho problemas no pulmão e no coração, e esse esgoto aqui é muito ruim para a minha saúde", explicou Rosilda, que precisa de pesados galões de oxigênio para conseguir respirar bem e se manter firme. A idosa recebeu a reportagem de surpresa, em visita do Terra à Vila da Paz ocorrida durante o mês de fevereiro.

Comendo uma melancia e com claras dificuldades para ouvir e falar, a aposentada interrompeu a refeição da tarde para mostrar seus humildes aposentos, localizados no coração da favela mais próxima da Arena Corinthians, que briga há três anos com as autoridades para adiar os projetos de desapropriação propostos pelos governantes. O objetivo era a construção de obras de mobilidade urbana no local, que tiveram de ser adiadas.

"Não queria sair daqui, eu gosto daqui. Mas também quero muito sair. Quero muito ir embora por causa desse esgoto", contou a senhora, que mora no Setor 3, mas foi colocada por moradores como prioridade para sair da Vila da Paz e ser realocada ainda em 2014. O piso da residência, de fato, era atingido por poças de água suja que molhavam todo o chão e deixavam o ambiente com um cheiro quase insuportável.

Questionada pela reportagem se sabia para onde iria, a idosa disse desconhecer o local. Foi informada que é no conjunto habitacional São Sebastião, não muito distante dali. "Onde é isso? É longe? Tem certeza?", rebateu, para prontamente perguntar a Diana, líder local que acompanhou a visita à comunidade, sobre sua nova casa. "Tem mercado perto, é um apartamento bom, a senhora vai gostar", ouviu como resposta. Abriu um sorriso, antes de se despedir e terminar de comer sua melancia.

Fonte: Terra
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