O basquete brasileiro dá sinais de renascimento. Três fatos marcantes
neste início de ano colaboram para que seja possível acreditar em dias
promissores pela frente: 1) a renovação no basquete paulista, principalmente
com a equipe de Araraquara; 2) o contrato assinado entre a CBB e a TV
Bandeirantes para a transmissão de jogos do Nacional; e 3) a contratação de
Ânderson Varejão pelo Barcelona.
Esses três fatores significam um salto gigantesco para o basquete
nacional. Há sinal de progresso nos trabalhos de base. Os dirigentes abriram
os olhos para a TV aberta. E, finalmente, o mundo exterior descobriu que
ainda existem jogadores de talento por aqui.
Ânderson, que agora vai jogar pelo poderoso Barcelona espanhol, coloca
fim num longo período de estagnação na importação de jogadores brasileiros.
Alguns podem sair em defesa do material humano nacional, que ainda é cedo
para o garoto ir para a Europa. Pelo contrário: Ânderson só tem a ganhar no
basquete da Espanha, que pode se transformar num trampolim para a NBA.
Lá fora, Ânderson irá desenvolver seu estilo valente no garrafão. O
Brasil precisa de pivôs ágeis e fortes, e há muito não havia alguém como
ele. E há mais neste caminho: Nenê, do Vasco, é outro forte candidato a
conseguir uma chance no exterior.
Tão importante quanto a transferência de Ânderson (ou, quem sabe, de
Nenê), é o indispensável trabalho de renovação, que resiste heroicamente no
interior paulista. Mantendo, inclusive, o rótulo histórico de celeiro de
craques. A prova está com a juventude do time de Araraquara, com sua
brilhante campanha no Campeonato Paulista. É a certeza que temos, ao menos,
sementes para plantar.
E o momento de deslumbramento atinge até mesmo os dirigentes. O
contrato com a Bandeirantes é fundamental. O basquete está escondido nas TVs
por assinatura, com seu público fiel, mas restrito. Agora, o basquete tem
novamente a chance de se popularizar, e deixar de ser exclusividade de uma
elite.
Mas é preciso ter consciência que ainda há muito o que fazer. Os
clubes ainda vivem em situação econômica precária. O basquete feminino ainda
está seriamente afetado pelos baixos investimentos. E o surgimento de
talentos com nível internacional, como é o caso de Ânderson, é ainda algo
raro. Mas, ao menos, há a perspectiva de tempos melhores.