Nos últimos anos, a NBA conviveu ao menos com uma dezena de novos
Jordans. A cada temporada, pelo menos um jogador era citado para o lugar do
rei. Era quase uma obsessão da imprensa norte-americana em apontar um
sucessor, e também da própria direção da liga, abalada com a saída de seu
maior garoto-propaganda.
Muitos surgiram como candidatos ao trono. O que mais se aproximou do
status de Jordan jamais foi comparado a ele: Shaquille O'Neal. Claro, um era
ala, o outro pivô. Diferentes em quase tudo, eram (e são) semelhantes em uma
coisa: o domínio do jogo.
Em sua época, Jordan foi absoluto. O jogo sempre esteve em suas mãos. O
mesmo ocorreu nos dois últimos anos, quando Shaq dominou a cena. Como ele
costuma dizer, o jogador mais dominante da NBA. Com ele, o Lakers faturou o
bicampeonato, e é também favorito ao tri.
Mas a comparação com Jordan exigiu outras referências. De preferência,
alas habilidosos, com potencial para arremessar, enterrar e servir de
estrela para atrair público e patrocinadores. O primeiro a ocupar esse lugar
foi Grant Hill, então no Detroit Pistons. O time nunca foi lá essas coisas,
não esteve entre os top, e Hill passou em branco.
Hoje, Grant tem a chance de recuperar seu prestígio, desta vez no
Orlando Magic. Devido a uma grave contusão, ele ficou de fora de quase toda
a última temporada. Agora, volta com um time bem estruturado e disposto a
voltar a figurar entre os candidatos ao título.
Depois de Hill, surgiu uma geração com enorme potencial. Kobe Bryant,
Vince Carter e Allen Iverson, para citar os mais indicados. Com dois títulos
aos 23 anos, Bryant é quem mais se aproxima da condição de super-astro.
Capacidade técnica ele tem para ser comparado a Jordan. O problema é que ele
vive na sombra de Shaquille O'Neal, situação que quase causou o rompimento
da dupla devido a uma série de brigas no início do campeonato passado.
Bryant e Shaq, oficialmente, estão em paz. Mas até quando? Por
enquanto, O'Neal segue sendo a principal referência do Lakers, o que deixa
Kobe em segundo plano.
Os outros dois concorrentes ao trono ainda têm muito o que provar.
Iverson, ao menos, já chegou a uma final da NBA. Contra ele, pesa o seu
estilo pessoal, um jogador polêmico, briguento e até mesmo preconceituoso.
Incomparável com Jordan.
Vince Carter é um showmen. Acrobático, versátil, mas ainda não foi
capaz de tornar o Toronto Raptors numa equipe temível. Fora das quadras,
Carter está bem próximo de Jordan, com seus contratos milionários de
publicidade.
Ou seja, muitos jogadores se aproximaram do mito. Nenhum conseguiu
igualá-lo, apesar de todo o esforço de Shaquille O'Neal. Mas que
oportunidade melhor do que ter o rei frente a frente? É isso que a jovem
guarda da NBA espera ansiosa. E aí, velhinho, vai encarar?