O chamado Projeto Atenas-2004 da seleção masculina de basquete vive o
seu momento mais crítico. Está na hora de a comissão técnica tomar uma
decisão: ou aposta na nova geração, cheia de promessas, ou joga mais uma
vez suas fichas no grupo que acumulou fracassos desde a Olimpíada de
Atlanta.
A convocação do ala Rogério, recém operado, revela que o técnico
Hélio Rubens ainda não decifrou esse dilema. Ele dá mostras de investir no
processo de renovação, mas acaba insistindo com os jogadores teoricamente
mais experientes, mas derrotados nas últimas competições. Talvez falte ao
treinador a coragem necessária de dar oportunidades reais aos jovens, e
deixar de lado, de uma vez por todas, a primeira safra da era pós-Oscar.
E ninguém mais representa tão bem esse período como Rogério. Ele
chegou a ser apontado como o sucessor de Oscar. Mas ficou muito de longe de
tamanha honraria. Sem dúvida, Rogério é um jogador acima da média, o que no
momento do basquete brasileiro não significa muita coisa. Ele já teve
oportunidades para provar sua capacidade, mas nunca esteve à altura de fama
internacional.
Muito menos agora, quando é chamado após deixar a mesa de cirurgia,
para cuidar de uma lesão no joelho direito. O próprio Rogério reconhece que
está em forma física bastante limitada: "Minha recuperação está sendo boa.
Fiz bastante fisioterapia e não sinto mais dor alguma. Já estou correndo e
fazendo musculação. Talvez eu não esteja na minha melhor forma física para
disputar a Copa América (de 16 a 26 de agosto, na Argentina), mas espero
estar em condições para ajudar a seleção", declarou o jogador ao diário
LANCE!.
Com Rogério, as oportunidades aos novos jogadores serão ainda menores.
Além dele, a seleção conta com "veteranos" como Helinho, Demétrius e
Vanderlei, que tendem a ter maior tempo em quadra. Assim, novatos como
Marcelinho, Guilherme e Márcio, todos de enorme potencial, correm o risco
de mofar cada vez mais no banco de reservas.
A questão que se coloca não leva em conta o aproveitamento da seleção
apenas para a Copa América, que é classificatória para o Mundial de 2002
nos EUA. A classificação é importante para dar maior confiança ao plano de
recolocar a seleção masculina na Olimpíada, esse sim o grande objetivo.
Então, eis a situação em que se coloca a atual comissão técnica. Ao
apostar nos chamados veteranos da era pós-Oscar, a seleção estará dando uma
cartada decisiva e arriscada. Um novo fracasso não será surpresa alguma,
enquanto o sucesso é como jogar na Mega Sena. E, desta vez, não se poderá
depositar a responsabilidade nos jogadores, mas em quem os escolheu.
Já a aposta na nova geração não significa risco algum. Afinal, os
novos jogadores estão em melhor forma física e técnica, representam a
escolha natural. E mesmo que não consigam a classificação, terão ganho na
Copa América enorme experiência para a disputa do próximo Pré-Olímpico.
Então, Hélio Rubens, é hora de jogar a sua cartada decisiva.