Após relatar o drama do início do novo século,
com equipes paulistas (Santo André e Jundiaí) sendo fechadas por
falta de patrocínio, essa coluna recebeu uma mensagem que mostra
bem o drama que afeta não os clubes, mas os jogadores, que são as
maiores vítimas dessa estrutura falida. A carta foi enviada pelo
ex-jogador Marcelo Chagas, o Mexicano. O relato abaixo é mais do
que um desabafo, mas uma prova viva da dura realidade do nosso basquete:
"(...) Já fui jogador profissional, se é que
aqui no Brasil podemos chamar os basqueteiros de profissionais,
com exceção de alguns. Mas conseguia viver do basquete. Infelizmente
rompi o tendão patelar a uma semana do início do Campeonato do México
e acabei abrindo um bar aqui na cidade de Jundiaí chamado "Café
Tequila".
"Tive técnicos como Dodi no Sírio, Edvar no
Monte Líbano, Lula no Palmeiras e Hebraica e o mestre Vlamir Marques.
Hoje, com 31 anos, continuo vendo as mesmas pessoas, os mesmos jogadores
e as mesmas trapalhadas das federações."
"O que mais me chamou a atenção da sua coluna
foi com relação à Karina, a qual é citada com sofrimento e como
uma pessoa que faz tudo pelo basquete. Com o pouco contato que tive
aqui com as jogadoras, posso assegurar que a única beneficiária
nesse vai e vem de patrocinadores é esta pivô que, para mim, pelo
fato de ser uma dirigente ao mesmo tempo, não está jogando nada
e, como administradora, diretora, técnica etc... do time de Jundiaí,
vale ressaltar que ela é péssima, péssima com as suas companheiras
também, que não podem nem abrir a boca, pois a patroa joga junto.
O Barbosa a mesma coisa, pois com a falta de times (daqui a pouco
só haverá a seleção) e de alguém que banque o seu salário, melhor
deixar o barco correr, só sei que para a cidade de Jundiaí o basquete
da Karina e seu time não trouxeram nenhum benefício."
"Quanto ao basquete masculino só posso dizer
que nem no Campeonato de Pré-Veteranos (se é que podemos chamar
de pré-veteranos jogadores de 25 anos) existe organização, espírito
esportivo e honestidade. Pois os times da capital (aqueles museus
que você chamou na sua coluna) insistem em tapetão e coisas do tipo
para prejudicar uma ou outra equipe. Cito isso porque na minha época
de juvenil, 12 anos atrás, existia e com certeza ainda existe aquela
condição de que filho de diretor, parente, conhecido etc... tem
preferência para estar na equipe. Com isso vários jogadores do interior
e mesmo da capital acabam desistindo deste esporte maravilhoso que
bem poderia estar mais dentro de cada brasileiro."
Esta aí um depoimento claro do momento crítico
de nosso basquete. Que mostra não apenas as dificuldades dos clubes,
mas, o que é muito mais importante, dos atletas. Afinal, sem eles,
o que seria de nosso esporte? Aproveito para deixar esse espaço
livre caso a jogadora Karina e o técnico Antonio Carlos Barbosa,
citados no texto, queiram dar a sua versão. Ou para alguém que tenha
alguma solução para o futuro do nosso pobre basquete.