A virada do século não deve ser motivo de
comemoração para o basquete brasileiro, nem tão pouco de lamentações.
É o momento de refletir o que melhor aconteceu nos últimos anos,
e as lições que deveriam, mas não foram aprendidas.
Os mais exaltados estão vibrando com a classificação
do Brasil em quarto lugar no ranking da Fiba, em razão das 13 medalhas
(3 de ouro) em Olimpíadas e Campeonatos Mundiais.
Méritos para gente como Kanela, Wlamir, Oscar,
Paula, Hortência, Janeth... Poderiam ser muito mais, claro. Mas
o que mais chama a atenção é como o basquete brasileiro não soube,
nesses anos todos, transformar suas glórias numa estrutura capaz
de perpetuá-las e criar verdadeiras gerações de campeões.
Afinal, chegamos ao final do século como
se estivéssemos engatinhando no basquete, e não, como deveríamos
ser, uma potência internacional. Ou alguém acha que essa classificação
no ranking é capaz de assustar em competições internacionais?
Hoje, apenas a seleção feminina pode causar
medo em torneios lá fora, já que o time masculino, há algum tempo,
está longe do primeiro escalão. Também não é o caso de jogar tudo
no lixo e partir do zero.
Nada disso. O momento é de elevar o modelo
do nosso basquete, que não pode mais ser encarado como um esporte
amador. É preciso um plano de profissionalização e não apenas de
captação de patrocinadores, algo que, mais claro do que nunca, não
é a melhor saída.
O patrocínio precisa ser um complemento de
uma estrutura moderna para o século 21. Viver às custas das empresas
é um alto risco, que hoje está sendo vivido na pele principalmente
pelos clubes paulistas.
No Rio, com fartura de investimento, há maior
fôlego. Mas até quando? Mais do que um projeto para o ano 2001,
o basquete necessita, com urgência, de um plano se salvação para
o próximo século.
Do contrário, vamos continuar vivendo, e
torcendo, pelo surgimento de novas pedras preciosas. Sem elas, corremos
o risco de não ter nada para comemorar na virada de 2100.
Aproveito essa oportunidade para desejar
a todos os internautas que acompanham essa coluna muito mais do
que um feliz ano novo: feliz século novo a todos! Afinal, como diria
o amigo e colunista de Fórmula 1 Flávio Gomes, "não é todo dia que
se pode desejar um século de felicidades".