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Oscilantes, Racing Point e Renault abrem espaço para McLaren se firmar no top-3 da F1

A Racing Point despontou no começo do ano como a nova força da Fórmula 1. Mas a equipe rosa oscila num momento melhor da Renault, mas esta sofre com problemas de superaquecimento. O cenário, no fim das contas, favorece à equipe de Carlos Sainz e Lando Norris

22 set 2020 - 04h01
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Stroll tem 20 pontos e ocupa o oitavo lugar no Mundial
Stroll tem 20 pontos e ocupa o oitavo lugar no Mundial
Foto: Racing Point / Grande Prêmio

Em um mundo que parece tão distante antes da pandemia, pelos idos de fevereiro, os testes de pré-temporada da Fórmula 1 sugeriram que a Racing Point, com a 'Mercedes rosa', poderia despontar como terceira e, talvez, até segunda força do grid, só atrás da versão original do carro outrora prateado. Mas com a primeira metade do campeonato deste incomum ano de 2020 já percorrida, a equipe de Silverstone, futura Aston Martin a partir de 2021, é apenas a quarta melhor colocada do Mundial de Construtores. E só não está em posição ainda pior muito em razão de problemas crônicos de superaquecimento da Renault, que alcançou franca evolução nas últimas corridas e flertou com o pódio.

Antes de tudo, é preciso lembrar que a Racing Point teve a perda de 15 pontos no Mundial de Construtores em razão da sanção imposta pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo) sobre o processo que resultou na cópia dos dutos de freio traseiros tendo como base o Mercedes W10. Neste cenário, sem a punição, a situação seria um tanto mais confortável, com a equipe ocupando até a terceira colocação, 1 ponto à frente da McLaren.

Mas a escuderia de Woking, em que pese os problemas em pit-stops, principalmente com Carlos Sainz, e os altos e baixos aqui e ali, mostra ter uma performance como um todo mais consistente e, não à toa, já alcançou duas vezes o pódio, uma com Lando Norris e outra com o espanhol.

As expectativas sobre uma Racing Point que parecia até poder brigar por vitórias tinham razão de ser, mas o desenrolar da temporada mostrou que elas eram altas demais para o padrão de uma equipe ainda de porte médio e que aspira um lugar dentre as maiores do grid. Sergio Pérez, bem antes de ouvir por acidente a voz alta de Lawrence Stroll em Monza e saber, desta forma, da sua saída ao fim do ano, teve até chance de triunfar se não fosse por erros estratégicos da equipe durante o GP da Áustria, o primeiro do campeonato. Mas, de restante até agora, os melhores resultados como um todo da escuderia britânica foram logrados por Lance Stroll.

Em ano de altos e baixos, rivais Racing Point e Renault lutam pelo quarto lugar no Mundial (Foto: Racing Point)

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Ainda que seja um tanto desvalorizado pelo fato de ser bilionário e filho do dono da equipe, o canadense de 21 anos faz um campeonato bastante honesto: largou em terceiro lugar no GP da Hungria e beliscou duas quartas posições, em Hungaroring e na Espanha.

No insano GP da Itália, Lance desperdiçou o que foi até agora a grande chance de vitória da Racing Point no ano: ao vacilar na relargada em Monza, permitiu a ultrapassagem de Pierre Gasly, que partiu rumo a uma conquista emblemática e marcante. Stroll foi ao pódio, algo que não acontecia desde o longínquo GP do Azerbaijão de 2017, mas apenas na terceira posição.

A boa temporada de Stroll contrasta com um Pérez cada vez mais opaco. O mexicano, é verdade, já sabia que teria poucas chances de seguir na Racing Point/Aston Martin para 2021, mas 'Checo' mostra que perdeu o gás de vez nas últimas corridas: depois de ter ficado em quinto lugar no GP da Espanha — após ausências nos GPs da Inglaterra e dos 70 Anos da Fórmula 1, os dois em Silverstone, por ter sido infectado pelo coronavírus —, fechou apenas em décimo na Bélgica e na Itália. E só concluiu em quinto na Toscana, na pista de Mugello, depois dos revezes de vários pilotos como Max Verstappen, o próprio Stroll — que bateu quando era o quarto — e Esteban Ocon, que sequer largou.

Se já era difícil para a Racing Point se sustentar bem no campeonato com seus dois pilotos, agora, com um Pérez que se mostra desmotivado com a perda do cockpit para Sebastian Vettel no ano que vem, fica ainda mais difícil se segurar na quarta posição do Mundial.

A equipe liderada na pista por Otmar Szafnauer vem tentando se manter competitiva enquanto sonha com o próximo passo, já como Aston Martin e tendo a presença do tetracampeão nos boxes. O curioso é que a Racing Point, considerada culpada pela FIA pela forma como procedeu ao copiar os dutos de freios traseiros da Mercedes, se inspirou, de forma legal, diga-se, no assoalho do carro da Williams, o FW43.

A versão atualizada do RP20 rodou no GP da Toscana com Stroll. Mas o forte acidente do jovem durante a corrida em Mugello ameaça os planos do time em ter as atualizações disponíveis para seus dois pilotos neste fim de semana de GP da Rússia, em Sóchi.

A McLaren desponta como terceira melhor força do grid, enquanto Racing Point e Renault tentam correr atrás (Foto: McLaren)

Com a Mercedes em liga própria, a Red Bull como segunda força e a McLaren um pouco à frente como a terceira melhor equipe do grid atual, a Racing Point mira na sua adversária britânica de Woking, mas também tem de ficar atenta com uma Renault que mostra crescimento a cada corrida e tem Daniel Ricciardo na sua melhor forma.

Entretanto, se a equipe aurinegra vive momento ascendente, este poderia ser até melhor se não fossem problemas repetidos e corriqueiros.

Além do superaquecimento que resultou nos abandonos de Esteban Ocon no GP da Áustria e de Ricciardo no GP da Estíria, os dois sendo disputados no Red Bull Ring, falha semelhante nos freios do carro do piloto francês, que sequer conseguiu relargar no último e confuso GP da Toscana.

A Renault também oscilou muito em termos de performance mesmo em circuitos idênticos: por exemplo, foi muito bem com Ricciardo em quarto e Ocon em sexto no GP da Inglaterra, mas foi mal na corrida seguinte em Silverstone. Mas depois do único fim de semana sem pontos no campeonato, no GP da Espanha, a escuderia anglo-francesa reagiu com duas boas jornadas, em Spa-Francorchamps e em Monza. E só não foi melhor ainda em Mugello em razão do abandono precoce de Ocon.

Nesta altura do campeonato, a McLaren aparece como maior candidata ao posto de terceira colocada no Mundial de Construtores — algo que não acontece desde 2012 —, com Racing Point e Renault, com 92 e 83 pontos, respectivamente, correndo por fora. Já que a Ferrari, em sexto, tem de se preocupar agora muito mais com a aproximação da AlphaTauri, quem diria.

Contar com um piloto feliz e garantido enquanto quiser, mas outro bastante descontente pela forma como foi dispensado, tende a influenciar de forma contrária o jogo para a Racing Point diante de uma Renault em franca evolução, mas que precisa evitar a repetição de problemas para dar um passo além.

Sendo assim, a oscilação de uma e a evolução tardia de outra tende, no fim das contas, a beneficiar e dar tranquilidade à McLaren para as próximas oito corridas do Mundial.

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