F1 2025: Racing Bulls, uma equipe em busca de uma alma
Dividida em ser uma equipe satélite da Red Bull e trilhar um caminho próprio, Racing Bulls tenta achar uma via, em meio a mudanças
Carro: VCARB 02
Motor: Honda RBPTH002
Chefe de Equipe: Laurent Mekies
Diretor Técnico: Jody Egginton
Pilotos: Isack Hadjar (França - #6) / Yuki Tsunoda (Japão - #22)
Talvez uma parte de uma letra de música possa definir a Racing Bulls. “Toda essa intensidade / Buscamos identidade / Mas não sabemos explicar”. O grupo candango Capital Inicial escreveu essas frases em 1987 e se aplica aqui.
Desde quando a Red Bull comprou a Minardi em 2005, este time vem buscando uma identidade. Podemos dizer sim que ela tem o papel principal de ser a “incubadora de talentos” para a equipe principal. Porém, ao longo do tempo, a trajetória foi errática: ela começou dividindo tudo com a Red Bull, depois começou a tentar ter uma luz própria, foi “mula” para a Honda quando os japoneses foram chutados da McLaren e mais recentemente veio numa mistura de integração com a “nave mãe” e uma cara única.
Quem muito quer, nada tem. Desde 2024, o time deixou o nome da marca de roupas do grupo e assumiu o nome dos patrocinadores, virando um verdadeiro trava-língua: o nome oficial é Visa Cash App Racing Bulls. Tudo para ajudar a faturar uma nota.
Esta mudança veio na esteira de uma tentativa de venda para a Honda e de incerteza diante da morte de Dietrich Mateschitz. Porém, após um desajuste inicial, um novo comando veio (Peter Bayer, ex-FIA, e Laurent Mekies, ex-Ferrari) e foi decidida uma maior integração com a Red Bull.
A Racing Bulls já usava muitas soluções vindas da nave mãe, porém dividia seus trabalhos entre Faenza (Itália) e Bicester (Inglaterra). Desde o ano passado, começou a se montar uma estrutura para o time na nova sede em Milton Keynes e o VCARB 02, carro deste ano, usa toda a parte traseira do RB20. A parte italiana parece ficar para trás...
Porém, mesmo usando o modelo de “aproveitar o máximo de dentro de casa”, o time busca soluções próprias até para poder garantir o cumprimento do regulamento em relação a ser considerado um construtor, até se “inspirando” na nave mãe. Prova disso é o modelo deste ano.
Na tentativa de chamar a atenção, a Racing Bulls adotou uma pintura que emulou a Honda da década de 60 e a pintura especial usada pela Red Bull no GP da Turquia de 2021. Talvez um caminho para escapar da mesmice. Acabou por dividir opiniões...
No comando, Yuki Tsunoda vai para a sua quarta temporada com o time. O japonês quer mostrar que merece uma chance mais firme na F1 sem depender da sua madrinha Honda. Ano passado, chegou a testar a Red Bull e muitos pensaram que até poderia ser considerado para o lugar de Perez. O japonês cresceu sim nos últimos tempos, mas ainda precisa se provar.
Para o segundo posto, chega o francês Isack Hadjar. Domo de uma carreira interessante nas categorias de base, o piloto disputou até o final o título da F2 ano passado, mostrando muita impetuosidade e um repertório de palavrões no rádio. Chega como uma aposta direta de Helmut Marko, que vê um futuro promissor.
Nos testes de pré-temporada, o VCARB 02, embora bem convencional, não mostrou um bom desempenho: Instável em freadas e com mau desempenho em curvas. Seu Diretor Técnico, Jody Egginton, foi “promovido” dias atrás para a Red Bull Technologies (empresa que formalmente é a responsável pelo desenvolvimento e fabricação dos carros e outras atividades, como o aeroscreen da IndyCar). Junte isso ao processo de transferência de parte do time para a Inglaterra...a Racing Bulls não terá como reclamar de tédio em 2025.
O objetivo do time é ir além dos 46 pontos de 2024. Repetir Itália 2020? Talvez em um golpe de sorte. Pode ser mais fácil ir em busca de identidade e de uma verdadeira alma.