Maradona é "granada sem pino" contra paz no reino de Messi
Quatro gols alemães, uma humilhação argentina. Com a seleção eliminada de forma vexatória na última Copa do Mundo, a Associação de Futebol Argentino colocou fim ao comando de Diego Maradona no comando técnico. Foi um período turbulento, em que as polêmicas rondaram o vestiário e coincidiram com o pior período de Lionel Messi. Nada que os argentinos desejem novamente, mas os últimos acontecimentos acenderam um alerta.
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Presente às tribunas do Mineirão para acompanhar Argentina x Irã, Diego Maradona foi estupidamente provocado por Julio Grondona, o presidente da AFA um dos que viraram desafetos de Diego após seu rompimento em 2010. Os outros supostos traidores escolhidos por ele foram Carlos Bilardo, diretor técnico, e Sergio Batista, antigo auxiliar e seu sucessor.
Reconhecidamente temperamental, Maradona é uma espécie de granada sem pino no ambiente da seleção argentina. Jamais será criticado por um jogador, mas pode explodir a qualquer momento se os nomes em pauta forem Grondona, Bilardo, Batista ou até Kun Agüero. Seu ex-genro, Agüero teve separação difícil com Gianinna, filha de Diego. É mais um que já foi descascado publicamente por Maradona.
Ao provocar seu desafeto no Mineirão, Julio Grondona jogou uma faísca sobre a granada. "o mufa (em tradução literal, algo como pé frio) foi embora e ganhamos", gritou o presidente da AFA após o gol de Messi nos acréscimos contra o Irã. Seu filho e treinador da Sub-20, Humberto Grondona, escreveu o mesmo no Twitter. Dalma Maradona, que é filha de Diego, também rebateu. Disse que seu pai apenas havia trocado de lugar no Mineirão.
Em seu programa diário De Zurda (de canhota), na venezuelana Telesur, Maradona não conseguiu se calar sobre a provocação de Grondona. Bicampeão do mundo e chamado de pé-frio, ele leu uma carta em própria defesa. "Morreria pela seleção" talvez tenha sido sua frase mais forte. A defesa dos jogadores argentinos, uma tônica de seu discurso desde que chegou ao Brasil, também foi repetida.
Mesmo assim, Angel Di María e Enzo Pérez foram questionados no último domingo porque Diego havia dito que a Argentina tinha mostrado futebol ruim até aqui. "Cada um tem sua opinião, como ele tem a dele", limitou-se Di María. "Cada um é livre para opinar o que quer. Melhor é pensar em nós e nada mais. Agarramos as opiniões positivas e deixamos as negativas de lado", disse Pérez de modo enfático.
Na seleção argentina, o ambiente que faz render Messi é o que passa distante do cenário caótico que normalmente significa ter o genial e genioso Maradona por perto. Depois dele e do sucessor Sergio Batista, a AFA chegou à conclusão que o melhor perfil era de um pacificador. A voz serena e a democracia e Alejandro Sabella são um bálsamo. A distância que se criou para Carlitos Tévez, também.
Na calmaria do atual reinado de Messi, a proximidade com Maradona não é uma boa influência.
Abaixo, leia a carta declamada por Diego Maradona:
"Tornozelos inchados, unhas encravadas, lágrimas de alegria e tristeza esportiva são os troféus que tenho em meus braços, porque o talento nunca se mancha. A magia de um tipo como Messi é indiscutível e tampouco é produto de azar. Não é produto da sorte porque sim falamos de sorte e eu sou um tipo afortunado. Sinto cada dia o carinho dos torcedores, essa gente que me quis bem como jogador e hoje segue me querendo bem.
"Os jogadores que vão ao campo representando a seleção argentina não são 11 desconhecidos, pelo contrário. São meus amigos, são meus irmãos e quem me conhece bem sabe disso. Por meus pais, por minha família, por meus amigos dou a vida e jamais desejaria uma desgraça. Há de ser muito perverso para afirmar isso"
"Eles não nos borram o sorriso do rosto, não nos tiram a alegria de celebrar um Mundial que está sendo bonito e que com boa sorte de nosso povo não é fruto de azar. A bola não se mancha, ainda que alguns a queiram comer. Os argentinos sabem quem é quem e não há que se esclarecer nada mais"