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Jogo na Argentina traz à tona aliados duvidosos de Blatter

4 jun 2014 - 14h04
(atualizado às 14h27)
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Julio Grondona aponta ao lado de Cristina Kirchner, presidente da Argentina
Julio Grondona aponta ao lado de Cristina Kirchner, presidente da Argentina
Foto: AP

Não se sabe se o economista Joseph Blatter realmente gosta de futebol. Mas quando a bola rolar para o amistoso entre Argentina e Trinidad e Tobago, nesta quarta-feira em Buenos Aires, o presidente da Fifa provavelmente irá sentir certa atração. Afinal, os dois países trazem boas memórias a Blatter, e ao menos um de dois dirigentes mais notórios se fará presente no Estádio Monumental de Nuñez.

Presidente da Associação de Futebol Argentino indicado pela ditadura em 1979, Julio Grondona também é vice-presidente e membro do Comitê Executivo da Fifa. Acumulou, ao longo de 35 anos à frente da AFA, controvérsias, acusações de corrupção e um marcante episódio de racismo. É quase certo que estará no amistoso desta quarta, só não se sabe se irá encontrar um antigo companheiro.

Trata-se de Jack Warner, um antigo professor que se transformou na maior força política do futebol da América do Norte e Central. Inicialmente na Federação de Futebol de Trinidad e Tobago, mas principalmente com a presidência da Concacaf por 21 anos e com uma cadeira do mesmo Comitê Executivo da Fifa como vice-presidente a partir de 1983. Há três anos, Warner se afastou dos cargos sob acusações de corrupção. Mas não deixou para trás suas controvérsias. 

Jack Warner foi afastado da Fifa e da Concacaf por corrupção
Jack Warner foi afastado da Fifa e da Concacaf por corrupção
Foto: AP
Dirigente de Trinidad recebeu para votar no Catar e já faturou com ingressos da Copa

Contra a parede por acusações de violação de ética e um largo histórico, Jack Warner renunciou à Fifa em 2011, passou por cargos políticos em seu país, mas ainda segue no noticiário. Em março, o jornal inglês Telegraph publicou e comprovou com documentos que o dirigente trinitário recebeu quase R$ 3 milhões em propinas para que votasse no Catar como país sede da Copa do Mundo 2022. 

Nessa mesma eleição em que a Rússia foi designada para 2018, Warner também foi acusado por dirigentes ingleses, que concorriam à indicação da Copa. O presidente da Associação de Futebol Inglesa, Lord Triesman, afirmou que o então vice-presidente da Fifa pediu a doação de algo em torno de R$ 9 milhões para a construção de um centro educacional em Trinidad. 

Quando estava no auge do poder na década passada, Warner pintou como um aliado perfeito para Blatter. Como presidente da numerosa Concacaf, que tem 41 federações e três cadeiras no Comitê Executivo da Fifa, Jack trabalhou pelos interesses da entidade. No livro Jogo Sujoo jornalista inglês Andrew Jennings relata dois episódios (eleição para o Comitê em 96 e para a Fifa em 98) em que Warner colocou outras pessoas na cadeira de Jean Marie Kyss, então presidente da Federação de Futebol do Haiti, para votar de modo conveniente. 

Na mesma publicação, documentos comprovam que o Mundial Sub-17 de 2001, realizado em Trinidad e Tobago, foram um grande negócio para a família Warner. Jack também teve lucros expressivos com a revenda de ingressos e pacotes para a Copa do Mundo de 2002 com bilhetes que recebeu gratuitamente ou que comprou da Fifa. Uma investigação feita pela própria entidade, via auditoria da Ernst & Young, mostrou lucro estimado superior a R$ 2 milhões no episódio. 

Grondona: racismo contra judeus, dinheiro do Catar e ameaça de morte

Anfitrião da partida desta quarta, Julio Grondona se mantém à frente da AFA com 83 anos e também é quem responde imediatamente a Blatter como vice-presidente da Fifa. De acordo com a revista France Football e o jornal americano Wall Street, Grondona está entre os dirigentes da entidade que receberam para votar no Catar para a Copa de 2022. 

Recentemente, o dirigente argentino chegou a declarar que deixará a AFA no próximo ano, mas pretende manter sua posição na Fifa. As últimas eleições na Argentina certamente desgastaram Grondona. Seu opositor, o empresário Carlos Ávila, é dono do segundo maior grupo de comunicação argentino. Ele acusou Grondona por administração fraudulenta e lavagem de dinheiro, mas complicou o adversário de maneira mais incisiva. 

Na véspera do pleito pela AFA em 2011, um vídeo gravado com câmera escondida mostrou uma conversa de Julio Grondona com ameaças de morte ao jornalista Alejandro Fantino e falou insistentemente a respeito de "dinheiro negro" na gravação divulgada pela C5N.  

Talvez a maior polêmica da longa era Grondona ocorreu em 2003 e as câmeras não estavam escondidas. Em um programa de televisão, o dirigente argentino disse que "os judeus não chegam a ser árbitros na Argentina porque o mundo do futebol é algo difícil, trabalhoso, e os judeus não gostam das coisas difíceis", falou à época antes de uma enorme repercussão internacional por seu deslize. 

Fonte: Terra
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