Porto Alegre - O preconceito impediu que o Inter tivesse dois jogadores convocados por Émerson Leão para o jogo contra a Colômbia. Além de Lúcio, o clube poderia se orgulhar de ter cedido o volante Mineiro para a seleção brasileira.

Em 1992, aos 17 anos, Mineiro foi mandado embora do Beira-Rio por ser baixinho. "Disseram que eu não tinha o físico ideal para disputar jogos do Gauchão", disse, por telefone, o volante, confessando que o Inter era a grande paixão de sua vida.

Mineiro ainda tentou a sorte num peneirão realizado pelo Grêmio no ano seguinte. Vítima de outra forma de preconceito, acabou dispensado justamente por ter vestido antes a camisa do maior rival.

Mineiro ainda tem o mesmo 1m69 da época de sua dispensa pelo Inter. Nos últimos sete anos, no entanto, para compensar a baixa estatura, aprimorou a técnica e ganhou massa muscular. Foi esta virtude, aliada a uma intensa movimentação, que o transformou numa das peças importantes do esquema da Ponte Preta, a ponto de ser incluído na lista de Leão.

"Não tenho nada contra Inter ou Grêmio", diz Carlos Luciano da Silva, o Mineiro, apelido herdado de um irmão que jogou em Belo Horizonte. "Se um dia receber uma proposta satisfatória, aceitarei com o máximo prazer."

Depois da frustrante experiência na dupla Gre-Nal, o jogador passou cinco meses trabalhando na Escolinha Dom Bosco, em Porto Alegre, para manter a forma física. Foi convidado para jogar no time do Palmeiras, de Cachoeirinha, onde disputou o campeonato da cidade, no qual conquistou o vice-campeonato juvenil em 1995. O time era formado basicamente por jogadores dispensados do Inter.

Levado pelo empresário Jorge Machado para o Rio Branco, de Americana, passou ainda pelo Guarani, antes de se firmar na Ponte Preta.

Em Campinas, chegou a ser usado como meio-campo ofensivo e até atacante. Mas foi como marcador implacável à frente da área que alcançou destaque e agora é festejado pela fanática torcida da Ponte.

Surpreso com a convocação, Mineiro só lamenta não poder dividir a alegria com o pai, morto este ano, em decorrência de problemas cardíacos.

Zero Hora