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UnitedHealth negocia a venda do controle da Amil dez anos após aquisição

Gigante americana já passou adiante a carteira de planos individuais e agora negocia saída do comando do negócio, que tem 5,7 milhões de usuários; Rede D'Or e família dos fundadores da operadora estão na disputa

13 jan 2022 - 15h48
(atualizado às 17h03)
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Depois de ter repassado a carteira de planos individuais da Amil para a APS, a americana UnitedHealth Group (UHG) dá mais um passo para reduzir suas operações no Brasil e negocia a venda do controle da operadora de saúde, dez anos após ter adquirido a companhia, em uma transação de R$ 10 bilhões.

Os grandes grupos de saúde do País já foram sondados, como Sul América e Bradesco Seguros, mas a disputa, nesse momento, estaria mais acirrada entre a gigante Rede D'Or, dona dos hospitais São Luís, e a família Bueno, dos fundadores da Amil e que também controla a Dasa.

A estratégia de saída vem depois de uma série de tentativas de revitalização do negócio. A americana UHG não conseguiu reverter a situação da Amil desde sua aquisição, em 2012. Primeiro, tentou fazer um processo de reestruturação na companhia, com corte de pessoal e a troca de executivos.

Depois, tentou implementar no Brasil a Optum, empresa de tecnologia especializada em saúde que é sucesso nos EUA, mas que por aqui não decolou. No mercado americano, a UHG é uma gigante do setor de saúde. Apenas no terceiro trimestre do ano passado lucrou US$ 4 bilhões. Na bolsa americana, é avaliada em US$ 445 bilhões.

Pagando para 'vender'

A carteira de planos individuais da Amil, setor que há anos vem sendo deixado de lado pelas operadoras, que preferem os planos corporativos, há anos roda no prejuízo. Em dezembro, os mais de 370 mil clientes foram transferidos para uma empresa chamada APS Assistência Personalizada à Saúde, numa operação que deixou muitas dúvidas entre os usuários, levando até mesmo a um pedido de esclarecimento por parte do Procon.

Em resposta, a UHG disse que nada mudaria para os beneficiários, que continuariam sendo atendidos pela mesma rede credenciada, "amparados pelas mesmas condições das prestações de serviços contratadas, com os mesmos valores de mensalidades e sob as mesmas regras da agência reguladora".

Como os planos eram deficitários, a UHG pagou R$ 3 bilhões para a empresa de investimentos Fiord, uma empresa de investimento - o nome por trás da APS. Antes, chegou a sondar outras empresas, que pediram valor até maior para assumir a carteira. O negócio envolveu, ainda, quatro hospitais da Amil situados em São Paulo e Curitiba, que são os mais utilizados por esses beneficiários.

De saída

Agora, após esse ajuste, a UHG tenta procurar o interessado pelo controle da Amil. A companhia tem planos de manter fatia minoritária no ativo, conforme fontes. O BTG Pactual foi o banco contratado pela UHG.

A Amil, de acordo com dados disponíveis em seu site, possui uma rede de 5,7 milhões de beneficiários, 7,4 mil laboratórios, 19,5 mil colaboradores e 19,7 mil médicos conveniados. A empresa conta ainda com 15 unidades hospitalares e 1,2 mil hospitais credenciados à sua rede.

Na mira do Cade

O maior interesse do lado da Rede D'Or, empresa muito capitalizada e bastante agressiva em aquisições, seria nos hospitais. No entanto, conforme fontes, a transação poderia ser barrada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), por conta da potencial concentração de mercado. Por isso, uma das estratégias na mesa seria uma divisão dos ativos. A Rede D´Or possui hoje cerca de 60 hospitais, além de ser uma acionista relevante na operadora de planos de saúde Qualicorp.

Se a Rede D'Or ficar com parte da Amil, se tratará de um desfecho curioso para uma briga antiga entre as empresas. A Amil chegou a anunciar o descredenciamento da Rede D´Or, culpando a companhia pelo aumento da inflação médica.

Procurados, UnitedHealth, Rede d'Or, Bradesco Seguros, Dasa, SulAmérica informaram que não comentam rumores de mercado.

Estadão
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