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Tecnologia entra em campo pela produtividade do agronegócio

Para se consolidar como o "celeiro do mundo" nas próximas décadas, país precisa investir em apoio tecnológico aos produtores.

28 fev 2022 - 01h00
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Foto: Med Ahabchane / Pixabay

Em apenas quatro décadas, o Brasil se transformou em uma das maiores potências agrícolas do mundo. Em 2020, o país produziu 257 milhões de toneladas de grãos, quase 5 vezes mais do que em 1980, quando foram produzidas 52 milhões de toneladas. 

Estimativas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) indicam que o Brasil desempenhará um papel de destaque no atendimento à crescente demanda global por alimentos e produtos agrícolas, que deverá aumentar em 50% até 2050, com processos mais sustentáveis. Mas, para atingir esse nível de produção, novas tecnologias precisarão ser adotadas. 

A conclusão é de uma pesquisa realizada pela CropLife Brasil – associação que reúne empresas de produtos biológicos, biotecnologia, defensivos e sementes - em parceria com a consultoria EY. Foram ouvidos 384 agricultores das culturas de soja, cana-de-açúcar, milho, café, arroz, laranja, algodão, fumo, feijão, tomate, trigo, batata, maçã, uva e cebola, que representam 85% da área cultivada no Brasil. 

A presença do celular foi absoluta entre os entrevistados: 99% declararam possuir esse recurso, dos quais 94% têm acesso à internet no cotidiano, utilizando o WhatsApp como ferramenta para fazer negócios, gerir as propriedades e trocar informações. 

A familiaridade com tecnologias, porém, fica mais evidente entre os mais jovens, enquanto para as faixas mais elevadas de idade observa-se uma maior participação da utilização do celular apenas para ligações. 

O levantamento constatou que novas tecnologias têm sido adotadas para a proteção das lavouras. Dados da FAO apontam que o mundo perde de 20% a 40% de todo o alimento que produz por conta do ataque de pragas e doenças. Para seguir levando alimento à mesa de milhões de pessoas com sustentabilidade, os defensivos agrícolas são essenciais. 

Registros de produtos destinados ao controle de pragas e doenças mostram um crescimento nas opções disponíveis aos produtores. Essa expansão é mais acentuada na categoria de produtos biológicos. Números do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) mostram que, entre 2019 e 2020, o registro de defensivos químicos recuou 8%, enquanto o de defensivos biológicos avançou 135%. 

A atividade de aplicação de defensivos conta com profissionais relativamente experientes. Mais da metade (57%) dos agricultores tem mais de 10 anos de trabalho na área e apenas um em cada quatro tem menos de 5 anos de atuação. 

Estima-se que cerca de 1,7 milhão de agricultores utiliza defensivos no Brasil, de acordo com o Censo Agropecuário 2017. As formas de aplicação podem variar, envolvendo desde equipamentos muito simples com operação manual, até́ drones e aviões. 

Entre os entrevistados no estudo da CropLife, 19% utilizam equipamento costal manual ou motorizado e, no outro extremo, 6% utilizam avião ou drone. O trator com barras é usado por 27% dos entrevistados, o autopropelido por 17% e o turbo pulverizador, por 11%. 

A utilização de drones tem potencial de substituir com vantagens a aplicação costal, por sua maior possibilidade de uso em áreas de difícil acesso. Essa mudança vai exigir recursos técnicos mais complexos do aplicador e envolve investimentos em equipamentos, sinalizando uma mudança na qualificação desses profissionais. 

De olho no meio ambiente

Quase totalidade (99%) dos entrevistados declarou que a preservação do meio ambiente é importante para o agronegócio. Questionados sobre a atividade de controle de pragas e doenças, os entrevistados deram destaque ao uso mais racional de defensivos, ao descarte apropriado de embalagens e ao uso de defensivos biológicos. 

A maioria dos entrevistados possui ensino médio, mas há trabalhadores de todos os níveis de escolaridade. Embora na maioria das culturas os profissionais apresentem o ensino médio completo, no cultivo do tabaco, por exemplo, metade dos entrevistados possui apenas o ensino fundamental. 

Entre os profissionais dedicados às culturas de arroz, cebola, maçã e trigo, esse nível de instrução foi observado entre 30% e 36% das entrevistas. As culturas com maior presença de agricultores com formação educacional superior são a da cana-de-açúcar (35%), laranja (28%) e maçã (20%), refletindo as condições de desenvolvimento dos estados onde estão concentradas e a complexidade das operações que envolvem essas culturas, especialmente nos casos da cana-de-açúcar e laranja. 

Ainda de acordo com o levantamento, 36% dos entrevistados revelaram que o conhecimento utilizado na atividade foi obtido, exclusivamente, da prática ou a partir de orientação familiar. Esse é um número elevado para uma atividade de tal complexidade e risco. 

O aprendizado exclusivamente formal foi registrado em apenas 25% das entrevistas. Os demais entrevistados (39%) declararam ter obtido uma combinação do aprendizado formal e informal para realizar suas atividades. 

Aulas práticas se destacam como tipo preferido de treinamento, muito acima de aulas presenciais teóricas, vídeos, tutoriais e aulas gravadas ou ao vivo pela internet. 

Entre os tipos de treinamentos preferidos pelos profissionais do campo, as aulas práticas se destacaram. Elas foram mencionadas em 88% das respostas, muito acima de aulas presenciais teóricas, vídeos, tutoriais e aulas gravadas ou ao vivo pela internet. A preferência por aulas de campo é ainda mais expressiva nas faixas etárias mais avançadas, o que pode ser explicado pela menor familiaridade dos mais idosos com as interações virtuais. 

Para que o EAD (Ensino a Distância) explore seu potencial, o acesso à internet é fundamental. O estudo mostra que 94% dos entrevistados estão conectados, sendo que a maioria (55%) o faz exclusivamente via celular e 39% utilizam tanto o computador como o celular. Apenas 2% utilizam apenas o computador para o acesso à internet. 

Os aplicativos utilizados para videoconferência, por outro lado, nunca foram usados pela maioria dos pesquisados (64%). Nos formatos de treinamento que tendem a crescer em importância, em especial os desenvolvidos a distância, esses meios de interação deverão ser mais explorados e ganhar espaço em todas as faixas etárias.

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