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Queira ser eficiente, pense dentro da caixa

Queira entregar valor. Queira fazer algo que importe a alguém. Se a ideia for disruptiva, bacana. Se não for, tudo bem

10 jun 2024 - 06h20
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Resumo
Este conteúdo aborda a diferença entre pensar dentro ou fora da caixa, e discute a importância de imaginação e criatividade para o desenvolvimento de ideias inovadoras, apesar dos recursos limitados.
Foto: Freepik

Estamos em uma caixa, eles nos disseram. Mas pior do que uma caixa literal, cujas paredes podemos enxergar, sentir e até cheirar, essa, meus amigos,  era uma caixa figurativa; era apenas a representação metafórica dos limites que nos autoimpusemos em nossa falta de criatividade, motivação e, por que não, impulso de vida. Uma acomodação imposta pelas malévolas lideranças do mercado corporativo, que nos mantinham sob júdice de uma falsa segurança fiada por bônus, décimo terceiro e vale-refeição. Como ratos em gaiolas, nos contentamos com pequenos e insossos pedaços de queijo, enquanto eles, ah, eles seguiam nas torres de seus castelos. Crápulas. 

Por sorte, os heróis e heroínas vieram nos salvar.  Eles eram despertos, como os moradores da caverna de Platão que conseguiram se livrar das correntes, escapar daquela falsa sensação de vida e atingiram o Mundo das Ideias. Em vez de usarem capas ou serem detentores de superpoderes, eles tinham CNPJ, usavam chinelo com meia e traziam a maravilhosa palavra da startup. Eles, sim, pensavam fora da caixa - e se a gente quisesse a libertação, teríamos que pensar fora dela, também.

"Nenhuma ideia é uma má ideia", eles bradavam.

"Basta querer."

"Seja disruptivo."

O grande problema aqui é que a solução para escapar de uma caixa metafórica mora, também, no campo da imaginação. E a imaginação, caros e caras, é terra sem lei. 

E foi aí que um grupo de pessoas muito motivadas por aquele polêmico coach que não vou citar o nome (sou empreendedora do universo real, então meus recursos para pagar advogados são limitados) teve de ser resgatado no alto de uma montanha. Foi aí que nasceram ideias como GameCrush, que conectava gamers online e permitia dar notas a seus parceiros baseados em habilidades de jogo, de flerte ou - como traduzir 'hotness'? - nível de gostosura. Ou como o Withings, uma balança conectada à internet que comunica o seu peso com dispositivos próximos e podia até mesmo tuitar (antes de o verbo atualizado ser xuitar) essa informação em sua conta no (X)(T)witter para que todos acompanhem o seu progresso - ou regresso.

Sim, tem muita ideia que é má ideia. Uma péssima ideia. Uma tenebrosa ideia. 

Não, não basta querer. Você precisa planejar, testar, mudar o planejamento, testar de novo, pode ser que você perca dinheiro, pode ser que você não conheça as pessoas certas, pode ser que você não tenha se preparado o suficiente, pode ser que você não tenha acesso a inúmeros recursos por "n" motivos. Pode ser que você ame sua proposta, mas o mercado não. Pode ser que você se ache melhor e mais ousado do que realmente é. Acontece com todos nós. 

Não queira ser disruptivo. Queira ser eficiente. Queira entregar valor. Queira fazer algo que importe a alguém. Se a ideia for disruptiva, bacana. Se não for, tudo bem. Se você identificou que a demanda reprimida é pão quentinho, não abra uma padaria onde o cliente tenha que sovar a massa. Não precisa fazer pão com farinha de coco. Água, farinha, sal e fermento na quantidade certa, com o tempo de fermentação adequado, viram uma iguaria irresistível.

Faça o básico bem feito. Pense dentro da caixa. Quando você tiver entendido a caixa, aprendido a fazer as coisas com o mínimo de qualidade, vai poder dar o próximo salto. E talvez você veja que tudo bem ficar lá dentro. E pelamordedeus, se for subir uma montanha, leve para a aventura mais do que automotivação. Diferentemente do empreendedorismo, você pode ter uma chance só. 

(*) Adriele Marchesini é jornalista especializada em TI, negócios e Saúde e cofundadora da agência essense, que já apoiou mais de 100 empresas na construção de conteúdo narrativo e multiplataforma para negócios. Junto de Silvia Noara Paladino, criou o podcast Vale do Suplício, que traz histórias de empreendedores que falam pouco, mas fazem muito. 

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