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Preocupação de investidores com meio ambiente afeta economia

Para presidente do BC e secretário do Tesouro, País tem de mostrar que 'se importa' com questão ambiental

2 fev 2020 - 05h11
(atualizado às 12h20)
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Antes tratada como preocupação isolada de setores como o agrícola, energético e ambiental, o debate sobre a proteção do meio ambiente no governo Jair Bolsonaro desembarcou de vez na equipe econômica.

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, concede entrevista coletiva na sede da instituição em Brasília
09/01/2020
REUTERS/Adriano Machado
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, concede entrevista coletiva na sede da instituição em Brasília 09/01/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

O temor de que os fluxos de dólares sejam afetados pela imagem do País em relação à área ambiental provocou uma situação praticamente inédita na Esplanada dos Ministérios. Em reunião do Conselho de Governo, no dia 21 de janeiro, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou os presentes para os riscos de o debate ambiental afetar os fluxos financeiros globais para o Brasil.

No dia seguinte, foi a vez de o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, fazer o mesmo alerta. Durante entrevista sobre dados da dívida pública, Mansueto disse que os gestores dos fundos de investimento estrangeiros que procuram o governo enfatizam a questão ambiental. "Esse é um movimento global. Fundos da Europa e do Canadá enfatizam muito essa questão, assim como empresas. A questão é de esclarecimento. Precisamos mostrar que o País se importa com isso", disse.

Não é à toa que Campos Neto e Mansueto foram os porta-vozes do problema. Eles comandam as áreas que mais têm relação com os fluxos de recursos para o País. Os investidores estrangeiros são "clientes" do Tesouro na compra de títulos da dívida pública no Brasil e no exterior. E Campos Neto comanda a gestão cambial, afetada pela entrada e saída de dólares.

Foi na reunião do Conselho de Governo que Bolsonaro anunciou a criação do Conselho da Amazônia e da Força Nacional Ambiental, que atuarão na "proteção do meio ambiente da Amazônia". O vice-presidente Hamilton Mourão vai coordenar os trabalhos.

As medidas foram acertadas com o ministro da Economia, Paulo Guedes. O próprio Bolsonaro informou, após a reunião ministerial, que Paulo Guedes, "deu sinal verde" para criação da Força Nacional Ambiental.

Davos

Guedes sentiu na pele o estrago que o debate ambiental pode fazer. Sua fala no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, foi bastante criticada. Durante painel que reuniu líderes mundiais, o ministro disse que o grande inimigo do meio ambiente é a pobreza. "Destroem porque estão com fome", justificou Guedes.

A declaração repercutiu mal. Dentro da equipe, a avaliação é que o ministro se sentiu pressionado a se posicionar sobre o tema que era central na edição de 2020 do Fórum e acabou se expressando de forma equivocada ao tentar dar uma alfinetada em países ricos - muitos dos quais desenvolveram suas economias sem priorizar políticas ambientais.

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