Nova Nota Fiscal Eletrônica: sua empresa está preparada?
A Reforma Tributária do consumo já começou e um de seus primeiros efeitos práticos será a nova Nota Fiscal Eletrônica
A Reforma Tributária introduzirá a nova Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) em janeiro de 2026, exigindo que empresas se adaptem a um modelo fiscal modernizado e mais transparente, com transição paralela até pelo menos 2032.
A Reforma Tributária do consumo finalmente começa a sair do campo das ideias para impactar de maneira concreta o dia a dia das empresas brasileiras. Um de seus efeitos práticos mais imediatos será o novo modelo da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), previsto para começar a valer em janeiro de 2026, antecipando a transição para o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), representado no Brasil pelo IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e pela CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços). Esta mudança inaugura uma nova fase na apuração e controle dos tributos incidentes sobre bens e serviços, com profundas consequências operacionais no ambiente de negócios.
O cronograma já está em andamento: desde 1º de julho de 2025, grandes contribuintes, empresas fornecedoras de software e órgãos fiscais estão participando do ambiente de testes da nova NF-e, que segue até o fim do ano para ajustes dos sistemas e adaptação de processos. A obrigatoriedade de emissão pelo novo modelo será nacional para todos os emissores de NF-e e NFC-e a partir de 2026, mas o modelo vigente permanecerá válido até pelo menos 2032, com possibilidade de extensão até 2033.
Portanto, durante essa longa transição, as empresas terão que operar em paralelo dois regimes fiscais, multiplicando o grau de complexidade, exigência de controles e atenção para evitar autuações e prejuízos derivados de inconsistências.
A motivação para essa mudança remete ao objetivo central da Reforma Tributária: simplificar, padronizar e dar transparência ao sistema tributário nacional, minimizando as diferenças entre estados e municípios. Até então, cada ente federativo mantinha seu próprio sistema, regras e layout para emissão de notas, o que dificultava o dia a dia das empresas — principalmente aquelas que atuam em múltiplas localidades.
O novo modelo traz campos padronizados para os novos tributos (IBS, CBS e IS), exigindo reestruturação dos ERPs, atualizações nos cadastros de produtos, adaptação dos processos e capacitação interna das equipes, sobretudo nos departamentos fiscal, contábil e tecnológico.
A reforma exige das empresas uma atuação proativa. Quem não começar já a revisão de sistemas, validações e alinhamento com a contabilidade dificilmente estará preparado para a conformidade plena em 2026. O risco de inércia é significativo: atrasos na adaptação podem comprometer toda a cadeia de suprimentos e até a estabilidade de segmentos que dependem de compliance tributário rigoroso. Além disso, a convivência com a dupla obrigatoriedade de emissão fiscal (sistema novo e antigo rodando simultaneamente) amplia riscos operacionais, duplicidade de controles e necessidade de investimentos em tecnologia e treinamento.
Por outro lado, os benefícios são relevantes: maior transparência sobre a carga tributária paga em cada etapa da cadeia, mais facilidade para a apuração de créditos fiscais, combate à sonegação, redução da burocracia e, futuramente, até a viabilização de programas de cashback de impostos para consumidores. A interoperabilidade dos sistemas fiscais promete maior eficiência ao Fisco e mais agilidade para as empresas, eliminando redundâncias e reduzindo custos com papéis e retrabalho.
A nova Nota Fiscal Eletrônica é, portanto, muito mais que um documento digital: é o passaporte para uma nova era da tributação nacional. Para as empresas, é hora de colocar o tema na agenda prioritária, envolver a alta direção, mapear mudanças de fluxos internos e investir em tecnologia, processos e capacitação. Quem se adaptar com antecedência estará mais preparado para cumprir a lei com segurança, garantir competitividade e aproveitar todos os ganhos de um modelo fiscal mais moderno e transparente.
(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.
