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Mesmo com leilão do BC, dólar sobe e fecha a R$ 4,15

Avanço da moeda desacelerou depois da oferta do BC, mas pesaram fatores externos, como a inversão na curva dos juros dos EUA e a preocupação com a instabilidade política no País

27 ago 2019 - 13h41
(atualizado às 18h03)
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Mesmo após três dias consecutivos de alta, o dólar chegou a ultrapassar R$ 4,19 nesta terça-feira, 27, e terminou a R$ 4,1575, com ganho de 0,43%. É a maior cotação da moeda americana em mais de onze meses - desde 14 de setembro de 2018. No mês de agosto, o dólar já acumula alta de 8,84%.

O avanço da divisa levou o Banco Central a promover um leilão de moeda no mercado à vista, com lote mínimo de US$ 1 milhão, o que provocou desaceleração instantaneamente.

 REUTERS/Mohamed Abd El Ghany.
REUTERS/Mohamed Abd El Ghany.
Foto: Reuters

O aumento da pressão compradora sobre o dólar havia ocorrido no mesmo momento de uma deterioração do quadro internacional, conforme a inversão da curva de rendimento dos Treasuries se acentuou, aumentando a aversão ao risco. As Bolsas de Nova York renovaram mínimas e o Ibovespa reduziu significativamente a alta. O principal índice da Bolsa brasileira terminou o dia aos 97.276,19 pontos, em alta de 0,88%.

O BC vendeu os dólares no leilão extraordinário, com taxa de corte de R$ 4,1250, sem informar o total ofertado. O dólar chegou a cair por alguns instantes mas, logo voltou a ser negociado em alta.

A cautela com as incertezas do cenário internacional faz o dólar avançar ante praticamente todas as moedas emergentes. Além das dúvidas quanto à guerra comercial entre Estados Unidos e China e a desaceleração da economia mundial, pesaram no ânimo do investidor as questões domésticas, em meio a uma percepção de desgaste político do governo.

No Brasil, o radar segue ocupado pelo desgaste do presidente Jair Bolsonaro após a questão da Amazônia, entre outras, e preocupações com a situação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), além do foco no andamento da reforma da Previdência. O relatório da proposta foi entregue ao Senado. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, a economia fiscal deve ser reduzida em relação ao esperado anteriormente.

Alívio pontual com o leilão

Ao avaliar o comportamento dos ativos domésticos após o leilão de dólares do BC, um profissional do mercado financeiro chamou atenção para a queda da Bolsa e alta dos juros futuros. "Mostra preocupação. O alívio foi pontual e só no dólar. A primeira leitura de quem está no mercado é a de que entramos em espiral de alta e o mercado vai 'chamar' o BC com frequência", disse, pontuando que o mercado de câmbio local tem trabalhado com uma volatilidade "bem maior em relação a outros emergentes".

O inesperado leilão foi uma estratégia correta, para atender uma demanda do mercado, avalia o responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem. "A alta do dólar estava muito agressiva, o BC tinha que entrar", diz ele, ressaltando que a instituição está retomando a postura do passado, se mostrando mais presente.

O economista Sidnei Nehme, sócio-diretor da corretora NGO, diz que o Banco Central deve ser mais incisivo em suas intervenções cambiais e não avisar previamente ao mercado sobre suas intenções de venda à vista, como fez nesta tarde. O especialista calcula que, para atender à demanda do mercado e ajudar a tirar a pressão do dólar, o BC precisaria vender a diferença entre a posição cambial vendida dos bancos menos o volume de linha com recompra emprestado ao mercado, num total estimado por ele de cerca de US$ 15 bilhões.

Diferentemente da oferta realizada pela manhã, que já era prevista e teve como objetivo a rolagem de contratos que estão por vencer, a operação da tarde não teve como objetivo rolar vencimentos. Em razão disso, o BC não divulgou o montante ofertado nem mesmo quanto foi vendido.

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Estadão
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