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Mansueto: sem crédito suplementar, Plano Safra será adiado

3 jun 2019 - 11h13
(atualizado às 11h54)
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São Paulo, 3 - O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou nesta segunda-feira, 3, em entrevista à Rádio CBN, que o Congresso Nacional precisa autorizar um crédito suplementar de R$ 248 bilhões para o governo poder pagar despesas correntes sem descumprir a regra de ouro até meados de junho. Caso contrário, o Executivo terá que adiar o Plano Safra de 2019/2020 e terá problemas para pagar o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

"Não podemos começar Plano Safra em julho se não tiver dinheiro para pagar despesas deste ano. O dinheiro existe, está na conta única do Tesouro, mas precisamos de autorização do Congresso para poder pagar essas despesas", explicou.

Mansueto Almeida, em evento em São Paulo
Mansueto Almeida, em evento em São Paulo
Foto: Stefani Inouye / Reuters

Na última quarta-feira, dia 29 de maio, Mansueto havia dito que o governo tinha 15 dias para garantir a aprovação da autorização especial necessária para bancar, com recursos de empréstimos, despesas correntes como benefícios e subsídios sem prejuízos a qualquer programa. Na ocasião, o secretário afirmou que se o crédito não fosse aprovado até 14, 15 ou 16 de junho, ficaria difícil remanejar despesas.

Em entrevista nesta segunda, Mansueto explicou que o Congresso terá que aprovar o crédito de R$ 248 bilhões, porque esse valor está previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e na Lei Anual do Orçamento (LOA). Mas que o governo só vai emitir dívida para pagar despesas correntes no valor de R$ 146 bilhões.

Por isso, se o Congresso aprovar apenas R$ 146 bilhões, o governo ainda não terá liberdade para mexer no dinheiro - terá antes que modificar essas duas leis. O secretário ainda disse que há um debate técnico "intenso" entre os parlamentares e que acredita que o crédito será aprovado, mas admitiu que o governo poderia ter conversado melhor com a Comissão Mista de Orçamento.

Sobre a situação fiscal, Mansueto diz que é muito grave, ainda mais porque a despesa não obrigatória voltou ao valor real de 2009. Segundo o secretário, com o teto de gastos, o País deve ter uma queda da despesa primária em dois pontos porcentuais do PIB no governo de Jair Bolsonaro. "Isso não aconteceu no Brasil desde a Constituição de 1988. É um ajuste fiscal duro."

"O que cresce no Brasil é a despesa com Previdência e com pessoal. A situação é muito grave, temos um ajuste fiscal a ser feito. O Brasil não tem caminho alternativo. Temos de encarar o desafio da reforma da Previdência", disse.

Em relação ao Plano de Equilíbrio Fiscal, o secretário disse que o mesmo está na Casa Civil pronto para ser enviado ao Congresso, o que talvez ocorra até o fim da próxima semana. Mas Mansueto ponderou que o plano "não vai salvar nenhum Estado" e que é apenas "um incentivo para agilizar o ajuste fiscal."

O secretário explicou que o governador dos Estados que têm nota C terão que provar que farão ajuste fiscal em quatro anos e se o Tesouro comprovar que o plano é possível, pode liberar empréstimos, que normalmente só são concedidos para os Estados que têm nota A ou B.

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