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Juros caem com anúncio do governo sobre reforma administrativa e auxílio

9 set 2020 - 00h55
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Os juros futuros fecharam em queda firme, refletindo a melhora na percepção de risco fiscal e político, após a decisão do governo de encaminhar a reforma administrativa ao Congresso nesta semana e a oficialização da prorrogação do pagamento do auxílio emergencial com redução do valor para R$ 300 até dezembro. Além disso, o mercado gostou da participação do ministro Paulo Guedes em audiência pública no Congresso, na qual reforçou o discurso da austeridade fiscal e da necessidade da agenda de reformas e de que sente não estar "sozinho" dentro do governo.

As taxas longas tiveram queda ligeiramente mais acentuada do que as demais, configurando uma desinclinação modesta da curva. Com o alívio nos prêmios, houve redução das apostas de alta para a Selic nos próximos meses.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 2,79%, de 2,843% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 4,044% para 3,96%. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 5,77%, de 5,884% na segunda-feira, e o DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 6,74%, de 6,853%.

Apesar do anúncio do IBGE de um tombo de quase 10% no PIB do segundo trimestre logo cedo, as taxas oscilaram entre alta e estabilidade na primeira hora de negócios. O alívio veio a fim da reunião entre Bolsonaro, ministros e líderes do Centrão.

"Guedes amarra o auxílio e o Renda Brasil com a reforma administrativa, salva o teto de gasto e emplaca uma das mais importantes reformas do funcionalismo público", afirmou Jefferson Lima, gerente da Mesa de Reais da CM Capital Markets. A reforma estava "esquecida" e a expectativa era de que fosse encaminhada apenas no ano que vem. Porém é considerada uma das com maior potencial de economia para o Estado, dadas as enormes despesas com servidores públicos geradas pelo modelo atual.

Quanto ao auxílio, embora o mercado já esperasse a prorrogação e no valor de R$ 300, o anúncio oficial afastou qualquer hipótese de que ficasse nos atuais R$ 600, o que estouraria ainda mais as contas públicas. A decisão de anunciar uma hora depois do PIB ruim foi considerada importante, na medida em que se sabe que as medidas contra a pandemia é que estão evitando um estrago maior sobre a atividade.

As mínimas do dia foram atingidas no começo da tarde, em linha com a dinâmica do câmbio, em reação imediata à participação de Guedes em audiência pública na comissão mista que acompanha a execução das medidas de enfrentamento à pandemia, quando disse que não se sente isolado no governo e garantiu que tem a disposição e energia para continuar propondo reformas. "Sinto a responsabilidade do Congresso comigo e isso me dá força para ficar", afirmou.

Para o estrategista de Mercados da Harrison Investimentos, Renan Sujii, declarações deste tipo num contexto agora mais otimista para as reformas mostram que o ministro "continua lutando muito para manter agenda liberal", a despeito de toda a pressão desenvolvimentista dentro do governo. "Guedes tem defendido o teto de gastos e as reformas com unhas e dentes, continua sendo grande fiador da questão fiscal", disse.

Estadão
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