Investimentos do banco dos Brics no Brasil chegam a R$ 37,8 bilhões, diz Dilma no Rio
Segundo ex-presidente, à frente do Novo Banco de Desenvolvimento desde 2023, investimentos chegam a R$ 216 bilhões no mundo; banco se expande com adesão de Colômbia e Uzbequistão e chega a 11 membros
RIO - A ex-presidente Dilma Rousseff, que preside o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês, também conhecido como o Banco dos Brics), declarou neste sábado, 5, que o banco tem 29 projetos aprovados no Brasil, totalizando US$ 7 bilhões (R$ 37,8 bi). Segundo ela, cerca de US$ 4 bilhões (R$ 21 bilhões) já foram investidos no País.
Dilma, que está no Rio de Janeiro para participar da cúpula dos Brics, também confirmou nesta quinta que o banco multilateral aprovou a adesão da Colômbia e do Uzbequistão. O número de países-membros subiu a 11.
De acordo com a ex-presidente, os investimentos do banco chegam a cerca de US$ 40 bilhões, distribuídos em 122 projetos. Ela destacou que os empréstimos são orientados pela "demanda dos países" e que a atuação do banco é baseada no respeito à soberania dos Estados e que nenhum integrante tem poder de veto. "Garantimos que nenhum país domine, que todas as vozes sejam ouvidas", disse ela durante uma coletiva de imprensa.
"Esse modelo melhora a parceria entre os países-membros, faz com que não possamos exercer condicionalidade. Nós não podemos condicionar nosso empréstimo a nenhuma ação de um país membro", continuou. "A gente pode gostar ou não dos projetos por questões técnicas, mas não podemos questioná-los por questões políticas."
À frente do NDB desde fevereiro de 2023, ela afirmou que o banco teve um "problema sério" de liquidez ao permanecer 15 meses sem fazer captações antes de sua chegada. "Isso comprometeu várias coisas, comprometeu nosso desempenho em relação aos nossos objetivos, nosso planejamento estratégico de 2022 a 2026, que agora nós estamos chegando a alcançar. Ainda não alcançamos totalmente, mas até 2026 nós acreditamos que cumpriremos", disse Dilma.
A ex-presidente disse que o NDB voltou ao mercado com uma captação de US$ 1,250 bilhão em março de 2023, e já ultrapassou a marca de US$ 16 bilhões em sua gestão. "Nessa metade do ano, nós já captamos em US$ 3,1 bilhões", acrescentou.
Uso de outras moedas e desdolarização
Para o futuro, Dilma defendeu a importância de que a instituição atue na captação em diferentes moedas - algo que tem sido feito por outras instituições financeiras e que é defendido pelo Brics para o multilateralismo econômico. Apesar disso, ela disse não ver sinais de uma desdolarização global, embora os países tenham usado moedas próprias nas trocas comerciais internacionais.
"Eu não vejo assim, claramente, nenhum sinal de desdolarização", afirmou Dilma. "Tem países fazendo negociação em moeda própria. Há muito tempo está havendo isso, pagamento de petróleo, por exemplo, com moeda própria. Isso não significa que a condição de ativo, de reserva de valor do dólar esteja comprometida."
Para ela, o que há é um movimento de diversificação de ativos, mas em busca de segurança. "Quem decide isso não é nenhum investidor externo, é o mercado. Quem está fazendo algumas movimentações é o mercado financeiro internacional. E, até onde eu saiba, o mercado financeiro internacional continua dolarizado", afirmou.
Segundo a ex-presidente, o NDB tem como prioridade possibilitar o financiamento em moedas locais e quer também avançar na expansão de países membros do banco multilateral. "Nós agora vamos explorar dois novos mercados. Vamos explorar o mercado de iene, o mercado de moeda japonesa, e vamos explorar também mais o Oriente Médio", contou ela, mencionando os Emirados Árabes Unidos.
