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Gestão de conflitos: dez lições que aprendi nos quadrinhos

11 jan 2022 - 05h00
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Foto: Foto: Open Clipart Vectors / Pixabay

Comecei na área da engenharia em 1987, como desenhista copista e, depois de 13 anos, já era projetista sênior com uma equipe sob meu comando, enquanto que acima de mim havia engenheiros e diretores na hierarquia. Enquanto o trabalho com números apresenta resultados exatos, a relação com as pessoas não funciona assim. Foi quando coube entrar na gestão dos conflitos e, sem ter experiência prévia em treinamento, os quadrinhos me salvaram.

Na época, o máximo que consegui com a chefe do RH foi uma cópia sobre as 10 ações que faziam um bom gestor, e em cada uma delas busquei as respectivas referências dentro de um mundo que conhecia muito bem fora do trabalho: os quadrinhos.

1 – Analise o cenário

Antes de tomar qualquer iniciativa entenda o cenário que está acontecendo, como e por quê. Em “V de Vingança” escrito por Alan Moore, o personagem principal analisa toda a situação, destaca as principais pessoas envolvidas no conflito e somente depois começa a traçar sua linha de ação.

2 – Saber ouvir

Aquilo que é importante para um, pode não ser para outro. Todos nós trazemos culturas, experiências e valores diferentes, portanto antes de falar ouça tudo o que as pessoas têm a dizer, como fazia o Professor Xavier nas sagas dos “X-Men”, ao tratar com o público sobre o medo das pessoas diante dos mutantes.

3 – Ter controle emocional

Muitas vezes o nosso dia pode não estar bom, e um conflito interno coloca em risco o andamento do trabalho e o cumprimento dos prazos, quando nosso emocional deve estar em equilíbrio para conseguir uma resposta racional. Osamu Tezuka retratou essa qualidade com maestria no mangá “Buda”.

4 – Ser cuidadoso com as críticas

Quando dizemos que alguém pode estar equivocado em suas ações, essa colocações podem causar muitos ressentimentos. Para evitar que isso aconteça é importante agir de forma cuidadosa e educada, evitando o constrangimento diante de outras pessoas. Nas HQs do “Quarteto Fantástico” Reed Richards encontrou erros nos cálculos de Victor Von Doom. E por falta de tato ao dizer que o colega estava equivocado, Victor tomou a crítica como insulto, não revisou seus cálculos, e provocou um terrível acidente onde Doom culpa Richards pelo próprio erro dentro da trama. 

5 – Estimular o diálogo na equipe

Podemos afirmar que a maioria dos conflitos se deve à falta de diálogo entre as partes, seja um e-mail não lido ou não enviado, um ruído na comunicação, um tom de voz errado entre outras interferências. Trabalhar a clareza da informação entre as pessoas é ter certeza de que foi entendida uma única mensagem entre as pessoas envolvidas, e resolve grande parte dos problemas nas relações humanas. Nas HQs dos “Vingadores” onde a equipe era composta por espiãs, bruxas, semideuses, soldados, cientistas e até alienígenas, ocorriam mais discussões entre eles do que ações contra os vilões, sendo sempre necessária a intermediação de um terceiro para mostrar que todo desentendimento se devia a uma má comunicação.

6 – Mantenha uma postura equilibrada

Mantenha o equilíbrio emocional e não se abale quando estiver diante de um conflito. Mantenha-se sereno no caos para não ser tragado por ele. Agir com o ímpeto em gritar, esbravejar não é demonstração de respeito. Por outro lado, a calma que você carrega transmite confiança para sua equipe. Em “Moonshadow” o personagem principal consegue se manter equilibrado diante das piores situações, e assim conseguir executar sua jornada.

7 – Empatia, sempre!

Os problemas externos podem interferir no trabalho, seja uma conta atrasada, um familiar doente, ou uma discussão no trânsito. Assim, antes de julgar, se colocar no lugar de cada um, entender o sentimento envolvido, ter a sensibilidade em compreender a dor alheia pode ser uma solução para a maioria dos conflitos. Norrin Radd o “Surfista Prateado”, um ser de grande poder passou anos exilado na Terra, onde o exercício da empatia o ajudou a entender a complexidade da natureza humana.

8 – Usar argumentos consistentes

Os argumentos consistentes possuem a lógica como base. Geralmente os envolvidos em um conflito tem uma visão reduzida do todo, o que significa que todos podem ter visões para acrescentar, nunca de forma impositivas mas agregadora, quando todas as compreensões juntas chegam a uma solução, por serem colaborativas. Nas tirinhas do “Snoopy” o personagem Llinus se vale dessa tática em seus conflitos com Lucy, sua irmã mais velha.

9 – Tenha habilidade social

Completando o item 2 dessa minha lista, para conseguir a harmonia entre pessoas de idades, credos, formações sociais e/ou experiências de vida diferentes, deve-se haver de sua parte um entendimento do ponto de vista de cada um para conseguir construir uma conversa conciliadora. Na série em quadrinhos “ZDM” o repórter Matty Roth se vê, de repente, isolado em uma Mahattan semidevastada pela nova guerra civil americana, vivida pelos envolvidos em que ele jamais teria se imaginado dentro dela, e tendo de se adaptar a essa nova realidade.

10 – Mantenha as portas abertas

Mesmo depois de um conflito resolvido, pode acontecer que algum dos envolvidos tenham a necessidade de uma conversa, seja para entender melhor a solução escolhida, seja para colocar suas próprias percepções, ou mesmo falar de alguma questão que não foi abordada. Com isso, é essencial manter as portas abertas para uma conversa franca e livre, que é de um valor muito importante no ambiente corporativo para os funcionários. Em “Promethea” a heroína conta com os conselhos e orientações recebidas em suas encarnações anteriores, acessadas através do mundo da Immateria.

Os quadrinhos são publicações bem interessantes que, dentro de uma trama, trazem lições bem colocadas e envolvem as relações humanas, de trabalho e um conjunto de conflitos e soluções que nos representa bem com uma excelente associação com a vida cotidiana.

(*) Nikki Nixon é especialista em Processos Criativos, palestrante e fundador da Deuses e Monstros – Escola de Artes.

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