Entenda o que é o G20 e a pauta da reunião no Canadá
O G20, composto pelos governantes da principais economias do mundo se reúnem neste final de semana na cidade de Toronto, no Canadá. Na pauta do encontro estarão a recuperação da economia global ante a crise que começou em 2008 e as medidas que devem ser tomadas para acelerar a retomada do crescimento e evitar novas turbulências no futuro.
Confira o que significa o G20, quais as propostas do grupo e medidas tomadas pelos países reunidos neste fórum.
O que é o G20?
O G20 é o grupo dos 19 países mais ricos do mundo, além da União Europeia, que juntos representam cerca de 85% da economia global. Ele inclui tanto os países industrializados, como os Estados Unidos e a Alemanha, como economias emergentes, como o Brasil e China.
Como o G20 foi criado?
O grupo surgiu logo após a crise asiática, em 1999, como um fórum de discussões sobre cooperação internacional entre ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais. A última crise econômica internacional, no entanto, deu um novo ímpeto ao grupo, que se reúne anualmente. Em 2008, o Brasil foi sede do encontro.
Quais países compõe o grupo?
Os membros plenos do G20 são África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Turquia e a União Europeia.
Qual a pauta para o encontro no Canadá?
O grupo das 20 principais economias do mundo alertará contra a complacência no combate à crise econômica global e dirá que as contas públicas em mau estado podem afetar o crescimento de longo prazo. Para os membros do grupo, a recuperação da economia é desigual e frágil, com desemprego em níveis inaceitáveis.
As reformas bancárias ao redor do mundo, assim como maneiras de assegurar a recuperação da economia global, têm prioridade no programa da cúpula. Alemanha, França e Grã-Bretanha são os Estados que mais insistem em um imposto para cobrir custos da crise e já anunciaram planos de introduzir esta taxa.
O G20 deve também insistir em um acordo comercial há muito adiado, nas linhas da Rodada Doha, e promete estender o compromisso de não criar barreiras ao investimento ou ao comércio pelos próximos três anos, até 2013.
Como funciona o encontro?
Semanas antes do encontro, os ministros das finanças e presidentes de banco centrais dos membros do grupo se reúnem para definir a pauta do que será debatido por seus chefes de Estado e alinhar a maioria das propostas que serão fechadas. Este ano, no começo de junho, na Coreia do Sul, os ministros e presidentes de bancos centrais comemoraram os sinais de uma reativação econômica "mais rápida do que o previsto", ao mesmo tempo em que subsistiam as divisões sobre a criação de um imposto bancário mundial.
Sobre a reforma do sistema financeiro, o encontro na Coreia se comprometeu a "chegar rapidamente a um acordo para reforçar as exigências em matéria de capital e liquidez" das instituições financeiras.
Os ministros e presidentes de BCs confirmaram a vontade de que seja definido, antes de novembro próximo, um novo marco regulatório para o setor bancário e que seja aplicado antes de 2012.
Os ministros das Finanças e líderes dos bancos centrais do G20 não se pronunciaram, no entanto, sobre a possibilidade de introduzir um imposto mundial aos bancos, cujo produto serviria para financiar futuros planos de resgate em caso de crise financeira. Este projeto é defendido pelos Estados Unidos, Alemanha, França e Grã-Bretanha, mas rejeitado por países como Brasil, Canadá, Índia e Austrália.
O papel do Brasil no encontro no Canadá
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que o papel do Brasil no grupo é distribuir a carga do ajuste pós-turbulência entre os países e garantir maior voz aos emergentes. "O Brasil tem, no G20, o objetivo de promover a cooperação internacional e garantir a distribuição do esforço de ajuste das economias", disse.
Outro objetivo brasileiro é realinhar a representatividade dos organismos internacionais para que o Brasil e outros países em desenvolvimento participem deles de forma mais ativa, acrescentou o presidente do BC.
Quais foram as últimas decisões do G20?
No ano passado, a reunião do G20 foi cercada de expectativa, já que o mundo ainda passava pelo período mais grave da crise financeira. Mais do que decisões pontuais, o grupo anunciou um conjunto de intenções para salvar a economia da atual tormenta e evitar outras crises.
Reunidos em Londres, os mandatários do grupo concordaram em uma série de medidas, que somadas chegavam a US$ 5 trilhões, até o final de 2010. De acordo com o comunicado oficial, esse esforço deveria resultar em um aumento de 4% do PIB mundial.
Entre as medidas do texto de 2009 estava uma força-tarefa contra os paraísos fiscais e o anúncio de mais verba para o financiamento do comércio mundial.
O comunicado de Londres também menciona a "economia verde". Ou seja, os países deveriam acelerar a transição para uma economia de baixo carbono.
Entre as principais medidas concretas estava a "ressurreição" do Fundo Monetário Internacional (FMI). O Fundo foi eleito como principal canal de transferência de recursos aos países. Para isso, os membros do G20 concordaram em expandir os recurso do fundo em US$ 750 bilhões.
Outras intenções, que ainda não foram plenamente alcançadas e voltam à pauta do encontro em 2010, foram maior regulação do sistema financeiro e a conclusão da Rodada Doha de comércio exterior, que prevê a eliminação de medidas burocráticas para aumentar o comércio internacional.