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Ele foi vendedor de picolé, auxiliar de pedreiro e garçom: executivo conta como o mercado financeiro mudou sua vida

Gilvan Bueno só terminou o 2º grau aos 27 anos. Hoje, aos 42 anos, ele é sócio de uma corretora de investimentos

31 out 2023 - 05h00
(atualizado às 17h50)
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Gilvan Bueno nasceu em Salvador, mas morou parte da juventude e vida adulta no Espírito Santo e no Rio de Janeiro.
Gilvan Bueno nasceu em Salvador, mas morou parte da juventude e vida adulta no Espírito Santo e no Rio de Janeiro.
Foto: Divulgação

Sorridente, obstinado, falante e sonhador. Este é Gilvan Bueno, um baiano de 42 anos, ex-vendedor de picolé e lata velha, auxiliar de pedreiro, garçom de uma pizzaria e que hoje é sócio de uma corretora de investimentos. Em entrevista ao Terra, o executivo abriu o coração e contou sobre suas origens, trajetória e os principais desafios ao longo da vida.

“O mercado financeiro mudou a minha vida. Eu morava numa favela [Rocinha, no Rio de Janeiro], não tinha terminado o 2º grau, nunca tinha andado de avião, nunca tinha feito uma viagem internacional e não tinha capacidade de oferecer uma escola particular para as minhas duas filhas. E o mercado financeiro me deu a oportunidade de oferecer coisas muito boas para minha família”, conta o executivo que destaca o papel das mulheres (avó, mãe e mulher) em sua vida.

Embora não tenha conquistado nada do dia para noite, Bueno - que nasceu em Salvador, mas morou parte da juventude e vida adulta no Espírito Santo e no Rio de Janeiro -, revela que foi assistindo ao filme À Procura da Felicidade que viu no mercado financeiro uma possibilidade de mudar de vida. “Após ver o filme, falei: 'Eu quero ser igual a esse cara'” [Chris Gardner, personagem interpretado pelo ator Will Smith].

Mesmo sem romantizar sua carreira, Gilvan Bueno, que é um homem negro, afirma que um dos seus objetivos como executivo de corretora é democratizar o acesso ao mercado financeiro para outras camadas sociais. Bueno é gerente da área de educação na Órama Investimentos e é voluntário do Instituto Consuelo.

“Eu sempre evitei contar a trajetória no mercado financeiro, porque o mercado financeiro é muito focado em resultados. E, como um homem negro, você sabe que as pessoas acabam querendo criar uma narrativa de sua história, falando assim: 'O Giovan conseguiu, todos irão conseguir'. Eu tenho muito cuidado para não criar uma narrativa que venda isso”, diz.  

Cronologia 

Como relata o executivo, as coisas foram acontecendo na sua vida como um filme. Bueno saiu de casa de casa quando tinha 15 anos para buscar maiores oportunidades de desenvolvimento educacional e permitir que sua avó fizesse uma importante cirurgia. Ainda menor de idade, foi vender picolé e lata velha para ganhar um trocado no Espírito Santo. Sem emprego fixo e já morando no Rio, ele trabalhou em obras como auxiliar de pedreiro. Ainda jovem conheceu sua primeira mulher e foi pai pela primeira vez aos 19 anos.

Dos 20 aos 27 anos, ele foi garçom numa pizzaria no Rio de Janeiro. É neste emprego como atendente em uma pizzaria na Barra da Tijuca, na zona norte do Rio de Janeiro, que Bueno conheceu o homem que o levou ao mercado financeiro. “O cara que me colocou no mercado financeiro veio aqui, a gente almoçou e ele me indicou para uma entrevista de emprego em uma corretora”. 

“Os 27 são momentos meteóricos, onde eu entro na geração futura, termino meu segundo grau. Aos 28 entro na faculdade de Gestão Financeira após ganhar uma bolsa e fui avançando. Aos 30 anos entrei no BTG Pactual, que foi uma casa que me fez crescer muito. Lá eu entrei um profissional, e saí outro”, relata Bueno. 

Depois, no banco BTG Pactual, o executivo foi trabalhar como autônomo em um escritório da XP Investimentos. Nessa trajetória até virar sócio da Órama, Bueno conta que tem visto muitas transformações no mercado financeiro, que começa a enxergar a importância de ter mais homens e mulheres negras no mercado de trabalho.

“Eu fico muito feliz porque estou vendo um movimento de transformação. A gente está vendo sementes que estão brotando e que nos inspiram a sonhar. Eu, como sócio de uma corretora, estou tentando criar caminhos, novas alternativas para que mais pessoas negras possam participar do mercado financeiro”.

Fonte: Redação Terra
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