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Brasil pode ser potência se aliar economia e meio ambiente

Especialistas afirmam que o Brasil pode ser um grande protagonista global em 2030, caso comece a levar sustentabilidade mais a sério

15 jun 2021 - 17h10
(atualizado em 16/6/2021 às 17h47)
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O Brasil tem chances de se tornar uma grande potência até o final de 2030, ainda mais com o crescimento das práticas sociais, ambientais e de governança (ESG) na agenda global. Porém, para isso, precisará saber como promover um progresso socioeconômico aliado com a sustentabilidade. Essa é a opinião de especialistas nesta terça-feira, 15, do Summit ESG, evento online promovido pelo Estadão.

Para Mariano Cenamo, fundador do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) e CEO da Amaz Aceleradora de Impacto, o país não conseguirá fazer mais frente à China, por exemplo, como um grande polo industrial, assim como não será um grande celeiro de recursos humanos, como a Índia é no momento.

Plantação do Café Agroflorestal Apuí, na Amazônia.
Plantação do Café Agroflorestal Apuí, na Amazônia.
Foto: Idesam/Divulgação / Estadão

"Com a conservação da Amazônia e com a geração de riqueza, a partir da floresta amazônica, o Brasil tem todo o potencial de ser uma grande potência mundial", diz Cenamo.

Mas, para isso, é necessário que as empresas participem mais do processo de criar melhores práticas socioambientais no país e sejam protagonistas, de acordo com o especialista. "Em um passado recente, quando o desmatamento estava em níveis baixos, perdemos uma chance muito grande de envolver mais a iniciativa privada nesse processo", afirma.

A Vale é uma das companhias que buscam mudar esse cenário. Recentemente, a empresa anunciou que vai recuperar 500 mil hectares de florestas até 2030. Do total, 400 mil hectares fazem parte de florestas já existentes e outros 100 mil são de áreas degradadas, que estão passando por uma transformação com o apoio do Fundo Vale e uma rede de parceiros. No total, a empresa desembolsará R$ 100 milhões.

"Não queremos apenas entregar hectares plantados, mas construir um ambiente para que a bioeconomia floresça e criar o que chamamos de carbono de impacto", diz Patrícia Daros, diretora de operações do Fundo Vale.

Ou seja, a Vale quer estruturar um modelo socioambiental que seja perene no longo prazo. Um exemplo dado pela executiva é o Café Apuí, na Amazônia. O projeto, feita em parceria com o Idesam, foi criado em 2012 e incentivou a plantação de café no município de Apuí (AM), em uma região que não é das mais recomendas para o plantio do grão dada a umidade do solo.

Porém, pesquisadores do Idesam apontaram que seria possível o cultivo em partes com mais sombras dentro da floresta, o que também ajudaria na recuperação da degradação do local. Deu certo e ainda com um café de qualidade superior à vista na maioria do país. Desde o início do projeto, com mudanças na produção, a colheita do Café Apuí saltou de 8 para 17 sacas por hectare.

Mais do que o café em si, mais de 40 famílias foram envolvidas em todo esse processo. A meta do Fundo Vale junto com o Idesam é envolver até 300 famílias nos próximos anos com o aumento da produtividade.

Painel online do Summit ESG discutiu a bioeconomia na Amazônia e soluções para gerar renda e proteger a floresta.
Painel online do Summit ESG discutiu a bioeconomia na Amazônia e soluções para gerar renda e proteger a floresta.
Foto: Reprodução / Estadão

"É super importante que se possa financiar iniciativas que estruturem cadeias de produção de maneira sustentável. É um exercício que estamos fazendo para alinhar uma série de componentes relacionados às pesquisas e identificar todos os desafios e potenciais", diz Patrícia.

Não por acaso, Cenamo quer auxiliar empresas que pensem em criar negócios sustentáveis e conectar com investidores que estão cada vez mais de olho nesse filão. Em cinco anos, a aceleradora Amaz prevê investir em 30 startups, com cerca de R$ 50 milhões de investimentos diretos na Amazônia, o que deve ajudar a preservar 5 milhões de hectares da floresta, assim como impactar diretamente 10 mil famílias que terão uma nova forma de renda.

"Já existem fundos de venture capital querendo investir nessa área, mas não existe um pipeline organizado de startups. Por isso, estamos a procura de empresas com potencial de crescimento e escala e que tenha no modelo de negócio o valor de gerar um impacto positivo."

Estadão
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