Após longa trajetória de queda, número de sindicalizados volta a crescer no Brasil
Índice de sindicalizados vinha caindo ano após ano desde 2012, quando começou a série histórica da Pnad Contínua
O percentual de trabalhadores sindicalizados no Brasil cresceu de 8,4% em 2023 para 8,9% em 2024, interrompendo uma tendência de queda desde 2012, com destaque para as regiões Sul e Sudeste.
O percentual de trabalhadores sindicalizados aumentou 0,5 ponto percentual entre 2023 e 2024, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgados nesta quarta-feira, 19, pelo IBGE. Apesar de pequeno, o aumento pode representar uma mudança de tendência na sindicalização do Brasil: é a primeira vez que a taxa sobe desde o início da série histórica, em 2012.
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O número de sindicalizados vinha caindo ano após ano, com destaque para a queda registrada entre 2017 e 2018, quando saiu de 14,2% dos trabalhadores para 12,4%. Em 2023, o percentual chegou ao seu nível mais baixo, com 8,4% dos trabalhadores sindicalizados. Agora, a taxa tomou um pequeno fôlego e subiu para 8,9%.
"O que nós identificamos foi uma queda que vem acontecendo há muitos anos principalmente depois de 2017, e naturalmente chegou a um valor muito baixo. Talvez as pessoas estejam verificando novamente a necessidade de se organizar e isso se dá muito através de sindicato", avalia William Kratochwill, analista da Pnad Contínua.
Em 2017, especificamente, ocorreu a aprovação da Reforma Trabalhista, que pôs fim à contribuição sindical obrigatória. A mudança na legislação pode ser uma das explicações para a queda acentuada no número de sindicalizados após aquele ano.
Agora, a retomada da sindicalização foi puxada pelas regiões Sul e Sudeste, as únicas com crescimentos expressivos do percentual de associados a sindicatos. Na primeira, o percentual saiu de 9,3% em 2023 para 9,8% em 2024; já na segunda, houve um salto de 7,9% para 9,2%.
A região Norte também registrou aumento no número de sindicalizados, mas em proporção muito menor: saiu de 6,9% em 2023 para 7%. As outras duas regiões --Centro-Oeste e Nordeste-- registraram queda.
Evolução da Sindicalização no Brasil
Comparativo regional: 2012, 2023 e 2024
| Região | 2012 | 2023 | 2024 | Variação (23-24) |
|---|---|---|---|---|
| Brasil (Total) | 16,1% | 8,4% | 8,9% | +0,5% |
| Norte | 14,8% | 6,9% | 7,0% | +0,1% |
| Nordeste | 16,6% | 9,5% | 9,3% | -0,2% |
| Sudeste | 14,9% | 7,9% | 9,2% | +1,3% |
| Sul | 20,3% | 9,3% | 9,8% | +0,5% |
| Centro-Oeste | 14,0% | 7,2% | 6,9% | -0,3% |
Fonte: Pnad Contínua
Na comparação com 2012, todos os 10 grupamentos de atividade registraram queda no número de sindicalizados. Mas, entre 2023 e 2024, oito tiveram aumento, com destaque para Administração Pública, Defesa, Seguridade Social, Educação, Saúde Humana e Serviços Sociais, que assumiu a liderança com o maior percentual de sindicalizados (24,5%).
Em seguida vem a Agricultura, Pecuária, Produção Florestal, Pesca e Aquicultura, com 22,9% de sindicalizados; e a Indústria Geral, com 21,3% de sindicalizados.
Perfil dos sindicalizados:
- A maioria dos sindicalizados (62,4%) tem 40 anos ou mais;
- A taxa de sindicalização é maior entre os que têm ensino superior completo, atingindo 14,2% dessa fatia dos trabalhadores;
- O menor percentual está entre os que têm ensino médio incompleto, com somente 5,7% dos trabalhadores dessa faixa sindicalizados;
- Os empregados do setor público são os que mais se sindicalizam, com 18,9% deles associados a sindicatos;
- Em seguida, os com carteira assinada, com 11,2% deles associados a sindicatos.