Repórter africana que criticou a Globo para Lula ressalta um problema do canal
Hariana Verás reclamou de imagens antigas de Angola exibidas no ‘Mais Você’ durante participação da ex-BBB Tina
Em coletiva no jardim da Casa Branca, Lula foi surpreendido por um questionamento feito pela correspondente da TPA (Televisão Pública de Angola), Hariana Verás.
“Quando o presidente Lula pensa visitar Angola para que possa levar uma imagem mais recente de Angola para os brasileiros?”
A jornalista prosseguiu. “Por que recentemente a Globo passou imagens muito antigas de Angola, de mais de vinte anos, que não correspondem a atual realidade do País.”
Lula respondeu que pretende visitar em breve África do Sul, Angola e Moçambique –– estes dois últimos Países têm o português como um dos idiomas mais falados.
A reclamação de Hariana Véras se referia a uma seleção de imagens de arquivo de Angola, inclusive com cenas da guerra civil finalizada em 2002, exibida no ‘Mais Você’.
Na ocasião, Ana Maria Braga recebeu a analista de marketing e modelo Tina Calamba, terceira eliminada do ‘BBB23’. Ela é natural de Benguela, no litoral angolano, e mora há 8 anos no Brasil.
A maneira estereotipada de mostrar o País africano rendeu críticas ao programa matinal da Globo. No dia seguinte, a apresentadora fez um esclarecimento no ar para contextualizar as imagens, argumentando que havia relação com a infância difícil de Tina.
Em Washington, a popular correspondente da TPA se encontrou com colegas brasileiros. Os correspondentes da Globo Sandra Coutinho e Ismar Madeira fizeram questão de postar fotos no Instagram ao lado de Hariana Verás.
Em suas redes sociais, a jornalista africana reproduziu postagens no Brasil a respeito de sua contestação da Globo. “Quando o assunto é defender Angola estaremos sempre na linha da frente”, escreveu. “Não devemos permitir que ninguém denigra a imagem do nosso país por mais problemas que tenhamos.”
Necessário esclarecer que o ‘Mais Você’ não teve a intenção de desprezar Angola e seus cidadãos. As cenas mostradas são reais, fazem parte da história do País. O erro foi não informar que, hoje, a realidade é diferente.
O jornalismo da Globo não dá espaço relevante ao dia a dia da África. O que se vê são séries sobre meio ambiente regional compradas de emissoras europeias para o ‘Fantástico’ ou eventuais reportagens, também sobre a natureza, da repórter Sônia Bridi para a atração dominical.
Raramente os telejornais da emissora líder de audiência destacam notícias do grande continente, ainda que parcela numerosa da população brasileira tenha ascendência africana e alguns Países de lá ocupem cada vez mais espaço no cenário internacional. Os correspondentes da principal rede de TV brasileira estão concentrados nos EUA e na Europa.
Na GloboNews, a situação é um pouco melhor. Quando surge um fato de maior repercussão, o canal costuma acionar o jornalista Vinícius Assis. Ele morava em Joanesburgo, na África do Sul. Agora, vive em Adis Abeba, na Etiópia. O repórter não é exclusivo da emissora. Trabalha para outros veículos.
A falha na cobertura da África não é exclusividade da Globo. A imprensa brasileira minimiza a importância do terceiro continente mais extenso e segundo mais populoso do planeta.