Gravidez impediu atriz de viver gêmeas em novela da Globo há 18 anos
Autor escreveu trama da Globo com gêmeas especialmente para atriz, mas gravidez impediu que a intérprete protagonizasse a história
Em 5 de março de 2007, há 18 anos, a Globo estreava Paraíso Tropical como sua nova novela das nove. Protagonizada por Alessandra Negrini, que vivia as gêmeas Paula e Taís, a ideia inicial era que os papéis fossem de Cláudia Abreu, com quem o autor Gilberto Braga já havia trabalhado em Celebridade. O plano para o elenco perfeito não foi concretizado porque a atriz ficou grávida, o que a impediu de viver as gêmeas.
Novela feita sob medida
Escrita por Gilberto Braga e Ricardo Linhares, a trama das nove trouxe a história de irmãs gêmeas com personalidades opostas, vividas por Alessandra Negrini. No entanto, como destaca o jornalista Nilson Xavier, do Teledramaturgia, o plano inicial dos autores era diferente, já que Cláudia Abreu deveria ser a grande estrela da produção.
A escolha de Cláudia não foi por acaso. Gilberto Braga, que já havia trabalhado com a atriz em Anos Rebeldes e Celebridade, queria que ela desse vida às protagonistas Paula e Taís. No livro Gilberto Braga, o Balzac da Globo, o autor relembrou o convite à atriz: "Eu já escrevi a boa para você, já escrevi a má, agora escrevi as duas", disse ele.
Gravidez surpresa
Como destaca Xavier, Cláudia Abreu tinha planos de engravidar, mas estava disposta a adiar a maternidade para protagonizar a novela. No entanto, o destino tomou a frente e, antes mesmo das gravações começarem, ela descobriu que esperava sua segunda filha.
A atriz tentou negociar com Gilberto e com a Globo a possibilidade de inverter a ordem das produções, permitindo que sua licença-maternidade fosse ajustada. Mas a emissora não aceitou a mudança. A recusa da Globo deixou Gilberto Braga sem sua protagonista ideal e ele se viu forçado a buscar uma substituta para um papel que havia sido pensado sob medida para Cláudia.
O afastamento da atriz abalou profundamente a relação entre os dois. Com o tempo, a amizade esfriou, e eles nunca mais voltaram a trabalhar juntos. "Foi uma pena, isso nos afastou. Ele ficou com uma certa mágoa", lamentou Cláudia anos depois, em uma entrevista resgatada pelo Teledramaturgia.
Nova protagonista
Com a saída de Cláudia Abreu, começou a busca por uma nova intérprete para as gêmeas de Paraíso Tropical. Letícia Sabatella chegou a ser cogitada, mas estava comprometida com Páginas da Vida, de Manoel Carlos. Foi então que o nome de Alessandra Negrini surgiu como a principal candidata ao papel.
A decisão, no entanto, não foi bem recebida por Gilberto Braga. Segundo o Teledramaturgia, embora reconhecesse o talento de Negrini, o autor nunca escondeu que preferia outra atriz para o papel. "É uma atriz extremamente competente, mas não é a minha praia, porque não é naturalista", confessou Braga no livro Autores, Histórias da Teledramaturgia.
Mesmo assim, Alessandra entregou uma boa performance, destacando-se mais como a vilã Taís do que como a mocinha Paula e, apesar dos desafios nos bastidores, Paraíso Tropical conquistou o público ao longo de sua exibição.
A trama envolvente e a alta qualidade da produção garantiram à novela um lugar entre os destaques do ano. A APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) elegeu a obra como a melhor novela de 2007, e o Troféu Imprensa reconheceu atores como Wagner Moura e Camila Pitanga, que viveram o icônico casal Olavo e Bebel, por suas atuações.
Confira foto de Cláudia Abreu com as duas filhas mais velhas:
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