Ator de Roque Santeiro amputou pernas e morreu aos 66 anos após complicações da diabetes
No ar no canal Viva com a reprise de Roque Santeiro, ator sofreu consequências severas da diabetes e morreu após perder as duas pernas pela doença
O ator Maurício do Valle, que está no ar na reprise de Roque Santeiro (1985) no canal Viva como Delegado Feijó, peão que conquistou o cargo de homem da lei, morreu aos 66 anos após complicações da diabetes. O artista sofreu consequências severas da doença e chegou a amputar as duas pernas: a primeira três meses antes, e a segunda, na madrugada do mesmo dia em que faleceu.
Trajetória variada
Nascido no Rio de Janeiro, Maurício do Valle entrou no cinema nos anos 50 quase por acaso, após responder a um anúncio de jornal para figurar em Tudo Azul, de Moacyr Fenelon (1903-1953). A partir daí, construiu uma carreira marcada por personagens intensos e carregados de dramaticidade.
No cinema, sua fama se consolidou com a parceria com Glauber Rocha (1939-1981), onde viveu Antônio das Mortes, caçador de cangaceiros em Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) e O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro (1969).
Com sua voz grave, porte imponente e gestos expressivos, Maurício encarnava vilões e tipos rústicos com maestria. Mas sua versatilidade também o levou a comédias, como nos filmes dos Trapalhões, onde viveu antagonistas memoráveis. Segundo o próprio ator em entrevistas passadas, por trás do personagem duro havia um homem "grande romântico".
Sucesso na televisão
Na televisão, Maurício brilhou em novelas e minisséries de peso. Depois de um início ao lado de Fernanda Montenegro (95) em teleteatros da década de 1950, foi em Meu Pedacinho de Chão (1971), de Benedito Ruy Barbosa (94), que começou sua série de colaborações marcantes com o autor. Voltaria a trabalhar com ele em Cabocla (1979) e Pé de Vento (1980), consolidando-se como um rosto familiar ao público brasileiro.
Mas foi em Roque Santeiro (1985) que interpretou talvez seu personagem mais lembrado: o Delegado Feijó, figura da lei que começou como peão na fazenda de Saturnino Malta, pai de Sinhozinho (Lima Duarte), e sonhava em ser ator. Com o sucesso da novela de Dias Gomes, Maurício se tornou parte da história da televisão nacional.
Atuou ainda em Sítio do Picapau Amarelo, Pantanal, Kananga do Japão e A História de Ana Raio e Zé Trovão, consolidando sua presença também nas novelas da TV Manchete.
Despedida
Apesar da doença já avançada, Maurício seguiu trabalhando nos anos 1990. Seu último papel fixo foi como Cabeção, em A História de Ana Raio e Zé Trovão, reapresentada em 2010 pelo SBT. Fez participações especiais em Deus nos Acuda, no Chico Anysio Show e no Você Decide. Aos poucos, o ator foi se afastando da cena pública, até que a diabetes e problemas cardíacos se agravaram.
O desfecho de sua vida foi marcado pela dor de perder a capacidade de andar, já que o artista precisou amputar as penas devido a complicações vasculares. A primeira amputação aconteceu três meses antes da morte, mas foi a segunda, feita na madrugada de 7 de outubro de 1994, que selou a despedida de Maurício.