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Leona Cavalli ganha destaque em 'Amor à Vida' com papel de médica vilã

29 jun 2013 - 12h25
(atualizado às 12h35)
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O imponderável instiga Leona Cavalli. Principalmente, no que diz respeito aos papéis que interpreta na tevê. No ar como a Glauce de Amor à Vida, a atriz viu sua personagem, antes restrita ao amor platônico que nutria por Bruno, de Malvino Salvador, tornar-se peça-chave para a resolução da principal trama do folhetim de Walcyr Carrasco: a causa do sumiço da filha da protagonista. "Novela é assim. De repente chega um bloco de capítulos e tudo mudou", constata. Transformar personagens secundários em figuras centrais dentro de uma trama, aliás, tem sido uma constante na carreira de Leona. Foi assim quando viveu a Dália de Duas Caras, em 2007. E, mais recentemente, a Zarolha de Gabriela, em 2012, que, na versão original de 1975, sumia no 12º capítulo. Mas, no remake, se tornou a antagonista da personagem-título. "Adorei esse encontro com o Walcyr. A Zarolha foi uma personagem maravilhosa. E agora ele me chamou para fazer a Glauce", comemora.

Antes de estrear na tevê, em 2001, quando fez uma participação em As Filhas da Mãe, Leona investiu pesado no teatro e, em seguida, no cinema. Por ter tido contato com textos de William Shakespeare e Nelson Rodrigues, entre outros dramaturgos, além de diferentes diretores, a atriz acumulou uma vivência interessante para seu amadurecimento cênico. "Ter me aprofundado no processo criativo e ter tido um tempo de estudo foi e é muito importante", avalia. Foi atuando na peça Toda Nudez Será Castigada que Leona cavou sua primeira personagem de mais relevância na tevê. Isso porque Silvio de Abreu a viu no espetáculo e prometeu que escreveria uma personagem para ela em uma novela sua. "Achei incrível, mas nem acreditei que ele fosse realmente fazer isso. E fez", recorda ela, que viveu a Valdete de Belíssima, em 2005.

Em Amor à Vida, Glauce registrou uma criança como filha legítima de Bruno (Malvino Salvador) por amor a ele, mesmo correndo o risco de perder o diploma de médica. Como está sendo a repercussão do público em relação a esse conflito da personagem?

As pessoas têm falado bastante desse conflito, da decisão que a Glauce teve de tomar logo, é uma situação limite. O fato de, em uma situação tensa de dramaticidade geral da novela, depois que a mulher do Bruno morreu no parto feito pela minha personagem, a Glauce precisar decidir se registraria a criança ou não, é muito tocante. É uma situação que tem tido muita repercussão e é muito delicado para a personagem porque ela fez por amor, mas, ao mesmo tempo, existe um conflito ético.

Mesmo assim, Glauce não conquistou o amor de Bruno. Essa rejeição que a personagem sofreu pode fazer com que ela venha a flertar com a vilania?

Não a vejo exatamente como uma vilã. Acho que ela fez realmente por amor e também por acreditar que era o melhor para a criança. Eu não sei se, sabendo que o Bruno não ficaria com ela, se a Glauce faria. Isso ainda vai ter um desenvolvimento grande.

Você já interpretou uma médica pediatra em A Vida da Gente, a Celina. Apesar de serem contextos diferentes, aproveitou alguma referência daquele trabalho para a médica que vive agora em Amor À Vida?

Em A Vida da Gente, eu fui ao Copa D´Or, onde fiquei o dia inteiro visitando e fui ao consultório de uma pediatra. Então, claro que a gente aproveita de alguma maneira. Além disso, eu tenho uma irmã médica e, há alguns anos, faço visitas a hospitais vestida de palhaço, o que acaba trazendo também alguma referência desse dia a dia do hospital. Mas, de qualquer forma, a preparação para a Glauce foi bem diferente da preparação para a Celina. A Celina era uma pediatra, nas alas do hospital que visitei eu vi outra coisa.

Como assim?

Dessa vez, eu acompanhei uma cirurgia, foi outra história. Fiquei com mais admiração por essa profissão, que acho realmente sagrada. A vida inteira se dedicando à cura, sai de um atendimento e vai para outro. Tem de ter uma paixão muito grande, é quase um sacerdócio. Eu acho assim, não sei se sou um pouco romântica (risos).

Até Gabriela, você ainda não havia trabalhado com Walcyr Carrasco. E engatou um trabalho seguido com o autor em Amor à Vida. Como surgiu o convite?  

Adorei esse encontro com o Walcyr, a Zarolha foi uma personagem maravilhosa, que eu adorei fazer. E agora a Glauce foi um convite dele e do Maurinho (Mendonça, diretor-geral). E, para mim, é muito importante realmente esse convite pela relação que a gente teve. No caso do Walcyr, desde Gabriela. No do Maurinho, por ele ter me dirigido também em Negócio da China. Além disso, o Wolf (Maia, diretor de núcleo) foi o diretor de uma das minhas primeiras novelas, Duas Caras. Estou muito feliz por esse reencontro com os três, que são grandes mestres e pessoas muito importantes na minha carreira.

Você atuou em sua primeira peça de teatro aos 6 anos de idade, mas só começou a trabalhar na tevê no início dos anos 2000. A que atribui sua entrada relativamente tardia na televisão?

Acho que foi circunstancial. Eu tinha feito algumas coisas. Fiz Os Normais e A Grande Família, que são programas maravilhosos. Também fiz uma participação em Começar de Novo, que na verdade foi minha primeira novela, mas era para ser um dia e acabou aumentando. Eu fazia a Eva Wilma quando jovem. Eu só não tinha me dedicado à televisão, estava mais dedicada ao teatro e ao cinema. E agora eu tenho me dedicado mais à televisão. Mas foi só uma questão de foco.

Mas, assim como alguns atores de teatro, você chegou a nutrir algum tipo de preconceito pela tevê?

Nunca tive. Mas já ouvi de pessoas, quando eu não fazia televisão, que eu deveria fazer tevê, que uma atriz só se completaria se fizesse, que eu não era conhecida e precisava da televisão. Então, tinham esse preconceito porque eu só fazia teatro. Quando comecei a fazer cinema, tinham preconceito em relação ao cinema brasileiro. E eu fiz filmes maravilhosos, no momento de renascimento do cinema e fiz alguns filmes que eram os primeiros filmes de alguns diretores e eram meus primeiros filmes também. Atualmente, ainda tem, muito pouco, um preconceito de pessoas que não acham que a televisão seja um veiculo tão grandioso como o teatro e o cinema. Acho isso um absurdo completo.

Por quê?

Primeiro porque, na era em que a gente vive, um ator tem de fazer de tudo mesmo, o que importa é o público. E ter preconceito dessa maneira chega a ser um preconceito com o próprio público, consigo mesmo. Eu sou uma pessoa, como a maioria dos brasileiros, que viu muita televisão. Vi tevê quando criança. Eu quis ser atriz também por causa da televisão, não só por causa, mas também. Eu nasci em uma cidade pequena, no interior do Rio Grande do Sul, que não tinha teatro e cinema com constância. A minha referência inicial era a televisão. Esse é um dos maiores absurdos que podem existir. Eu nunca tive isso, graças a Deus, mas já ouvi falar.

Apesar de seu primeiro trabalho na tevê ter sido uma participação em As Filhas da Mãe, de 2011, foi a partir de Duas Caras, de 2007, que você ficou em mais evidência nas novelas. Houve algum momento em sua trajetória que percebeu ser mais reconhecida pelo público?

Para mim, isso foi acontecendo gradativamente, o que eu acho muito bom. Na minha carreira, eu fiz faculdade de Artes Cênicas, depois fiz teatro, grandes textos, trabalhei com grandes diretores de teatro. Depois, fiz cinema e, em seguida, comecei a fazer televisão. Então, o meu contato com o público foi se ampliando a partir da minha trajetória, do meu trabalho. Eu não estourei de repente. É uma coisa que vem acontecendo aos poucos. O que eu acho muito bom porque tive um tempo para me aprofundar em cada veículo. Agora, tenho me dedicado mais à televisão, mas continuo fazendo cinema e teatro. As coisas vêm acontecendo para mim pela trajetória, como resultado do trabalho mesmo.

Ao longo de sua trajetória televisiva, você interpretou personagens diferentes entre si, como a Zarolha de Gabriela e a Glauce de Amor à Vida. Essa diversidade é algo que você busca ou acontece por acaso?

Sempre aconteceu comigo, engraçado. Acho que eu tenho uma facilidade grande para mudar porque sempre, na minha trajetória, fiz personagens marcantes, fortes e diferentes um do outro tanto no teatro, como no cinema e na televisão. Eu gosto. E gosto de trabalhar com pessoas diferentes, fazer papéis diferentes.

Ideia fixa

Leona Cavalli é intensa. Não é à toa que a paixão que nutre pela interpretação a acompanha desde os 6 anos de idade, quando atuou em uma peça pela primeira vez e teve a certeza do que queria fazer dali em diante. Hoje, aos 43, ainda lembra com clareza daquela época. "Ser atriz, para mim, nunca foi exatamente uma opção. Porque quando me identifiquei como pessoa, me identifiquei também com o desejo de ser alguma coisa, de ser atriz", afirma, com convicção. 

Filha de um advogado e também político, Leona precisou contornar a resistência que o pai tinha em relação à vontade dela de estudar teatro. "Ele queria que eu fosse advogada. Achava um absurdo e que era uma bobagem de criança", lembra ela, que chegou a cursar dois anos de Direito paralelamente à faculdade de Artes Cênicas.

Por todos os lados

Mesmo bastante envolvida com a tevê, Leona continua investindo no cinema. Tanto que, entre os trabalhos de Gabriela e Amor à Vida, participou dos filmes Casa da Mãe Joana 2, de Hugo Carvana, e Anna K, de José Roberto Aguilar. Além disso, vai dirigir o curta-metragem O Arlequim da Rua 18. "Acho que deve ficar para o ano que vem", avisa ela, que faz questão de transitar por todos os veículos. "Mas a matéria-prima do trabalho do ator é o ser humano. A essência é a mesma", filosofa.  

Fonte: TV Press
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