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Equipe de colaboradores ajuda os autores a escrever novelas

20 jan 2011 - 07h33
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Mariana Trigo

Há tempos grande parte dos autores não escreve sozinho suas tramas. O aumento do tamanho dos capítulos das novelas e o crescente número de personagens faz com que, cada vez mais, esses profissionais recorram a uma equipe de colaboradores. Enquanto atualmente uma trama conta com 55 minutos no ar, décadas atrás elas tinham apenas 20 minutos por dia. Por isso, os colaboradores entram em cena para ajudar a criar cerca de 40 laudas de diálogos diários na confecção de cada capítulo.

Braço direito e uma espécie de anjo da guarda dos autores, o colaborador também costuma fazer o "trabalho braçal" das histórias, como escrever as escaletas, que são uma espécie de roteiro das cenas de cada capítulo, explicando detalhadamente o que acontece e quais as situações de cada uma. "Nós fazemos as histórias em grupo. Fui o primeiro autor a trabalhar com colaboradores. Eles mantêm a unidade do trabalho", destaca Gilberto Braga, autor de Insensato Coração, trama da Globo, que estreou na última segunda-feira (17).

Os autores escrevem toda a sinopse das histórias, dão a largada nas tramas, o tom dos núcleos, as características de cada personagem e deixam tudo encaminhado com os diretores. Nesse estágio, os colaboradores começam a escrever sobre determinados núcleos. Alguns ficam com os mesmos personagens até o fim de uma história, tudo depende da forma de cada autor de delegar tarefas aos seus colaboradores.

Aguinaldo Silva, por exemplo, que assina Fina Estampa, trama que entra no lugar de Insensato Coração, costuma surpreender seus colaboradores periodicamente. Quando eles passam mais de duas semanas escrevendo para determinados personagens, Aguinaldo faz um revezamento. Muda os personagens de cada colaborador. "De repente, troco tudo. Dou aqueles personagens para outros colaboradores, misturo. Eles ficam surpresos, mas esta é uma forma de saber se todos estão alertas a tudo o que acontece na novela", explica o autor.

Muitos autores, no entanto, dividem os personagens para os colaboradores de acordo com a afinidade que cada um tem com o tema a ser abordado. Em Três Irmãs, por exemplo, o autor Antônio Calmon deixou o núcleo dos surfistas a cargo da colaboradora Adriana Chevalier. Afinal, ela foi casada com um surfista e é mãe de um. Já os personagens infantis costumam ficar com colaboradores que têm filhos pequenos e conhecem melhor esse universo, como gírias e comportamentos.

No entanto, depois de todas as cenas escritas em cada núcleo, os colaboradores enviam todo o material de volta para os autores. São eles que revisam tudo, fazem modificações e autorizam cada capítulo, além de escrever todos os diálogos dos personagens principais da história, como protagonistas e vilões, além de alguns papéis de maior destaque. "Normalmente nos encontramos uma vez por semana para discutir a trama. Falo tudo com eles, sem pudores", ressalta Calmon.

Mas há também os autores que preferem que ninguém dê opinião em seus trabalhos. Glória Perez, por exemplo, é uma das raras autoras que opta pela difícil façanha de escrever sem colaboradores. Mas conta com a ajuda de pesquisadoras que auxiliam a autora na busca de assuntos específicos em suas tramas. "Prefiro escrever sozinha porque o trabalho fica com mais unidade. A novela fica com a cara do autor", avalia.

Benedito Ruy Barbosa pensa da mesma forma. O autor, que em seus últimas tramas na TV - Cabocla, Sinhá Moça e Paraíso - teve suas histórias adaptadas por suas filhas Edmara e Edilene Barbosa, nunca escreveu com colaboradores. O autor afirma que não acredita em cinco, seis pessoas escrevendo a mesma história pensando da mesma forma. Já Manoel Carlos prefere escrever sozinho os primeiros 20 capítulos e os últimos dez de suas histórias para dar o seu tom aos momentos cruciais das produções. "Os colaboradores me dão ideias para personagens, mas sou eu que insiro o universo de cada um e faço o desfecho deles do meu jeito", destaca Maneco.

Disposição coletiva

Para Tiago Santiago, que permaneceu por dois anos com a trama Os Mutantes no ar, na Record, esse extenso trabalho não poderia ter sido realizado se ele não contasse com a ajuda de seus colaboradores. "Os colaboradores são nossa primeira audiência", analisa.

Para discutir o rumo de suas tramas, Tiago, que está no SBT e em breve estreia a trama Amor e Revolução, costuma ter reuniões de criação com seus braços direitos, onde discute cada detalhe da história. "Eles se manifestam livremente comigo. Eu não tenho vontade de trabalhar sozinho", afirma o autor.

Instantâneas

Em Paraíso Tropical, Ricardo Linhares, que assinava a novela com Gilberto Braga, não delegava as escaletas para os colaboradores. Ele passava oito horas por dia escrevendo sozinho as escaletas, ou seja, o roteiro de cada cena de cada capítulo da história.

Em Vale Tudo, quem escrevia as escaletas da história de Gilberto Braga também era um co-autor. Nesse caso, Aguinaldo Silva.

Mesmo escrevendo sozinha, Glória Perez costuma sempre manter uma média de 22 capítulos sempre prontos. Ou seja, quase um mês de frente.

Silvio de Abreu não recorre aos seus colaboradores até o capítulo 30 de suas tramas. Só depois de ter 30 capítulos prontos, o autor começa a receber o auxílio de sua equipe.

O aumento do tamanho dos capítulos das novelas faz com que os escritores recorram a uma equipe de colaboradores
O aumento do tamanho dos capítulos das novelas faz com que os escritores recorram a uma equipe de colaboradores
Foto: Divulgação
Fonte: TV Press
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